Papa nomeia chinês de Taiwan para academia de ciências

Segundo o ACI (02/08/2021), o médico Chien-Jen Chen, ex-vice-presidente de Taiwan, último reduto chinês não controlado pelos comunistas de Pequim, foi nomeado membro titular da Pontifícia Academia para as Ciências da Santa Sé pelo papa Francisco. Chen é epidemiologista e liderou a resposta do governo à epidemia de SARs em 2003 e à pandemia de covid-19 em 2020.

Depois de ter assinado um acordo favorável ao governo comunista chinês, o papa dá um cargo a um político de Taiwan, cuja independência de fato é a principal questão territorial não resolvida da China comunista. A Santa Sé assinou em 2018 um acordo secreto com o governo comunista da China para a nomeação de bispos. A UCA News, uma agência católica com sede em Hong Kong especializada em temas da Igreja na Ásia, diz que o acordo permite ao governo comunista chinês indicar membros da Associação Patriótica Chinesa (APC), a igreja paralela controlada pelo governo de Pequim, para o papa Francisco nomear como bispos. O acordo, provisório, foi renovado em 2020 por mais dois anos. Segundo o cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, com o acordo, “o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China”. O britânico Benedict Rogers, fundador da organização Hong Kong Watch que monitora violações de direitos humanos e perseguição religiosa na China, diz que o acordo foi um “fracasso”, já que a perseguição à Igreja na China não cessou, principal justificativa apresentada pela Santa Sé.

A ilha de Taiwan abrigou os nacionalistas derrubados pelos comunistas de Mao Zedong em 1949, que fugiram e declararam que ali era a China. Até a década de 1970, os EUA, a ONU e a maior parte da comunidade internacional consideravam Taiwan como a verdadeira China. Pequim considera Taiwan uma província rebelde. Os EUA dão apoio militar a Taiwan, para evitar uma invasão pela China continental.

A Santa Sé não tem relações diplomáticas com a China, rompidas pelo governo comunista de Mao Zedong em 1951, mas mantém uma nunciatura apostólica em Taiwan e há uma embaixada de Taiwan junto à Santa Sé no Vaticano.

Chen é membro do Partido Progressista Democrático de Taiwan que considera Taiwan um país independente e, ao contrário do Partido Nacionalista, não tem a visão de que a China continental e Taiwan devam voltar a integrar um único país. O partido de centro-esquerda tem na defesa dos direitos humanos, entre os quais vê a união homossexual, uma de suas marcas distintivas. O PPD controla hoje o Executivo e tem a maioria do Parlamento de Taiwan.

Nascido em 5 de junho de 1951, Chen é católico, nomeado por Bento XVI como membro da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, ensina epidemiologia na Academia Sínica de Taipei e na Universidade Católica Fu Jen, ambas em Taiwan. Estudou na Universidade Nacional Taiwan e fez doutorado em Genética Humana e Epidemilogia na Johns Hopkins University, nos Estados Unidos. Antes de ser vice-presidente, Chen foi ministro da Saúde de Taiwan entre 2003 e 2005.

Também foram nomeadas para a Pontifícia Academia para as Ciências as professoras Donna Theo Strickland, que ensina ótica no departamento de física e astronomia da universidade de Waterloo no Canadá e Susan Solomon, docente de química no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Cambridge, EUA.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/papa-nomeia-chines-de-taiwan-para-academia-de-ciencias-29701

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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