Era 6 de julho de 1902. A jovenzinha Maria Goretti se negou a ter relação sexual com um rapaz apaixonado. Por isso recebeu catorze facadas. Levada para o hospital, pulmões, intestinos, tudo cortado e retalhado pelo assassino. Após receber os sacramentos, o padre pediu que ela proclamasse publicamente seu perdão:
– Minha filha, você perdoa Alexandre?
– Sim, padre. E quero que ele vá também para o céu.
Alexandre cumpriu a pena de reclusão, que foi de vinte e oito anos. Saiu do cárcere convertido e regenerado.
Véspera de Natal de 1930. Pleno inverno na Itália, cobrindo de neve os campos e as cidades. As ruas da cidadezinha de Corinaldo estavam desertas. Apenas um homem caminhava solitário, à procura de uma casa. Parece ter encontrado. Bateu timidamente à porta. Dona Assunta foi abrir. Não pôde reprimir um leve estremecimento ao ver-se diante do assassino de sua saudosa filha, a Mariazinha.
– Dona Assunta, a senhora se lembra de mim?
– Alexandre!
– Eu vim pedir perdão. A senhora me perdoa?
– Deus perdoou, Mariazinha perdoou. Como não havia eu de perdoar também?
No dia seguinte, festa de Natal, ambos estavam comungando lado a lado, na igrejinha de Corinaldo.
É o milagre do perdão. Algum tempo depois, debaixo de lágrimas, Alexandre assistiu a canonização da mártir Maria Goretti que ele tinha assassinado.
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Perdoar uma injúria é elevar-se ao mais alto grau de virtude, é ultrapassar os limites da natureza, é divino, pois é fazer o que pertence a Deus. O perdão é a mais divina vitória. É uma das coisas que nos torna mais semelhantes a Deus. Especialmente no casamento.
Sem a disposição de perdoar constantemente, nenhum casal poderá se construir mutuamente. É preciso repetir que perdoar não é um ato de fraqueza ou de resignação doentia; ao contrário, é um gesto de grandeza de alma, de mansidão e fortaleza. Só os fortes sabem perdoar. Os fracos exigem vingança, represália, revanche.
Se não soubermos perdoar as pequenas falhas do outro, no casamento, nunca chegaremos a desfrutar de suas grandes virtudes.
Às vezes, não vemos a grandeza de uma pessoa porque nos deixamos cegar pelos seus pequenos erros. Certamente nos elevamos acima daqueles que nos ofendem, quando somos capazes de perdoá-los.
É fácil perdoar o outro quando a gente se lembra que também é pecador e necessitado de perdão. Normalmente não se ofende de novo a uma pessoa que nos soube perdoar.
Perdoar não quer dizer, porém, ser conivente com o erro e o mau comportamento do outro. Junto com o perdão deve ser feita a ação corretiva, de maneira amorosa. Depois de perdoar a pecadora, Jesus disse a ela: “não peques mais”. Aos fariseus que discordavam de sua atitude de misericórdia para com ela, ele disse: “Ao que pouco se perdoa, pouco ama” (Lc 7,47). Precisamos aprender com Jesus que o perdão dado ao que errou, abre no coração deste um espaço para a graça de Deus entrar e agir.
Prof. Felipe Aquino