Virgem Maria: Patrística (Parte 2)

Santo Efrém
(306-373) – doutor da Igreja:

“Virgem
gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como a sarça que ardia ao fogo sem se
consumir”.

Santo
Epifânio (?403):

“Voltando-se
o Senhor, viu o discípulo a quem amava”, e lhe disse, a  respeito de Maria: “Eis aí tua Mãe”; e então
à Mãe: “Eis aí teu filho” (Jo 19,26).

 Ora, se Maria tivesse filhos, ou se
seu esposo ainda estivesse vivo, por que o Senhor a confiaria a João, ou João a
ela? Mas, e por que não a confiou a Pedro, a André, a Mateus, a Bartolomeu?
Fê-lo a João por causa da sua virgindade. A ele foi que disse: “Eis aí a tua
mãe”.

Não sendo
mãe corporal de João, o Senhor queria significar ser ela a mãe ou o princípio
da virgindade: dela procedeu a Vida. Nesse intuito dirigiu-se a João, que era
estranho, que não era parente, a fim de indicar que sua Mãe devia ser honrada.
Dela, na verdade, o Senhor nascera, quanto ao corpo; sua encarnação não fora
aparente, mas real. E se ela não fosse verdadeiramente sua Mãe, aquela de quem
recebera a carne, e que o dera à luz, não se preocuparia tanto em recomendá-la
como a sempre Virgem. Sendo sua Mãe, não admitia mancha alguma na sua honra e
no admirável vaso do seu corpo.

Mas
prossegue o Evangelho: “e a partir daquele momento, o discípulo a levou
consigo”.

Ora, se ela
tivesse esposo, casa e filhos, iria para o que era seu, não para o alheio.”(PG,
42, 714s)        

S. João
Crisóstomo (349-407):”Virgem que
permaneceu virgem, sendo verdadeiramente mãe.”

S. Gregório
Magno (540-604) – Papa e doutor da Igreja:

“Virgem que
deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava a virgindade” .

S.Cirilo de
Jerusalém (370-444) – doutor da Igreja – sobre a Imaculada:

“Que
arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria que seu inimigo a
possuísse inteiramente e habitasse?”

São João
Damasceno (675-749) – da homilia sobre a dormição da Mãe Santíssima de Deus na
festa da Assunção:

“Quem ama
ardentemente alguma coisa costuma trazer seu nome nos lábios e nela pensar
noite e dia. Não se me censure, pois, se pronuncio este terceiro
panegírico  da Mãe de meu Deus, como
oferenda em honra de sua partida. Isto não será favor para ela mas servirá a
mim mesmo e a vós, aqui presentes… Não é Maria que precisa de elogios, nós é
que precisamos de sua glória. Um ser glorificado, que glória pode receber
ainda? a fonte da luz, como será iluminada ainda? Ela [Maria] cativou o meu
espírito, ela reina sobre a minha palavra, dia e noite sua imagem me é
presente. Mãe do Verbo, dá-me de que falar!… Eis aquela cuja festa celebramos
hoje em sua santa e divina Assunção.

Aquele
que (…), desceu ao seio virgíneo para ser concebido e se encarnar, sem deixar o
seio do Pai; Aquele que através da Paixão marchou voluntariamente para a morte,
conquistando pela morte a imortalidade e voltando ao Pai; como não pôde ele
atrair ao Pai sua Mãe segundo a carne? como não elevaria da terra ao céu aquela
que fora um verdadeiro céu sobre a terra?

Hoje, da
Jerusalém terrestre, a Cidade viva de Deus foi conduzida à Jerusalém do alto;
aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o Primogêntio de toda a
criatura e o Unigênito do Pai, vem habitar na Igreja das primícias; a arca do
Senhor, viva e racional, é transportada ao repouso de seu Filho.

As portas
do paraíso se abrem para acolher a terra portadora de Deus, onde germinou a
árvore da vida eterna, redentora da desobediência de Eva e da morte infligida a
Adão.

Aquela que
foi o leito nupcial onde se deu a divina encarnação do Verbo, veio repousar em
túmulo glorioso, como em tálamo nupcial, para de lá se elevar até a câmara das
núpcias celestes, onde reina em plena luz com seu Filho, e seu Deus,
deixando-nos também como lugar de núpcias seu túmulo sobre a terra (…).

Mas então?
morreu a fonte da vida, a Mãe de meu Senhor? Sim, era preciso que o ser formado
da terra à terra voltasse, para dalí subir ao céu, recebendo o dom da vida
perfeita e pura a partir da terra, após ter-lhe entregue o seu corpo. Era
preciso que, como o ouro no crisol, a carne rejeitasse o peso da imortalidade e
se tornasse, pela morte, incorruptível, pura, e assim ressuscitasse do
túmulo (…).

Eguei
vossos olhos, Povo de Deus, alçai vosso olhar! Eis em Siào a Arca do Senhor
Deus dos exércitos, à qual vieram pessoalmente prestar assistência os
Apóstolos, tributando seu derradeiro culto ao corpo que foi princípio de vida e
receptáculo de Deus.

Eis a
Virgem, filha de Adão e Mãe de Deus: por causa de Adão entrega o seu corpo à
terra, mas por causa de seu Filho eleva a alma aos tabernáculos celestes!

Que toda a
criação celebre a subida da Mãe de Deus: os grupos de jovens em sua alegria, a
boca dos oradores em seus panegíricos, o coração dos sábios em suas
dissertações sobre essa maravilha, os velhos de veneráveis cãs em suas
contemplações. Que todas as criaturas se associem nesta homenagem, que ainda
assim, não seria suficiente. Todos, pois, deixemos em espírito este mundo com
aquela que dele parte. Cantemos hinos sacros e nossas melodias se inspirem nas
palavras: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo!” (PG. 96, 753-761)

Santo
Ildefonso de Toledo (617-667) – sobre a virgindade perpétua de Maria:

” Tua
pureza fica salva no anúncio angélico sobre tua prole; tua virgindade encontra
segurança no nome de teu Filho, e assim permaneces honesta e íntegra depois do
parto.

Não quero
ver-te [Joviano] questionar sobre o pudor de nossa Virgem no parto, não quero
ver-te corromper a sua integridade na geração; não quero saber violada sua
virgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues a maternidade porque foi
virgem; não a prives da plena glória da virgindade, porque foi mãe. Se uma
dessas coisas tu confundes, em tudo erraste.

Desconhecer
a harmonia que as une é ignorar por completa a verdade que encerram. Se não
pensas assim estas errado, pecas contra a justiça. Se negas à Virgem sua
maternidade ou sua virgindade, injurias grandemente a Deus. Negas que ele possa
fazer a sua vontade, que ele possa manter virgem a que encontrou virgem. Mas
então a divindade do Onipotente antes trouxe detrimento do que benefício a
Maria; enfeiou-a Aquele que enchera de beleza, ao criá-la. Cesse o pensamento
que assim julga, cale-se a boca que assim fala, não ressoe tal voz. Porque
Maria é Virgem por graça de Deus, virgem de homem, virgem por testemunho do
anjo, virgem por declaração do esposo, virgem sem sombra de dúvida, virgem
antes da vinda do seu filho, virgem depois de concebê-lo, virgem no parto,
virgem depois do parto. Fecundada pelo Verbo e de repleta, dignamente deu-o à
luz, em nascimento humano, sim, conforme à condição e à verdade das coisas
humanas, mas de modo intacto, incorrupto e totalmente íntegro. Isso ela deve a
um dom divino, a uma divina graça, a uma divina concessão, mediante uma obra
totalmente nova, de eficácia nova, de realização inédita, mantendo-se virgem
pela concepção e depois da concepção, pelo parto, com o parto e depois  do parto, virgem com o que havia de nascer,
com o que nascia, virgem depois do seu nascimento. Dita, pois, esposa e virgem,
escolhida para esposa e virgem, criada como esposa e virgem. Sempre virgem,
apesar do filho e do esposo, alheia a toda união e comércio conjugal.
Verdadeiramente virgem e santa, virgem gloriosa, virgem honrada.  E após o nascimento do Verbo encarnado, após
a natividade do homem assumido em Deus, do homem unido a Deus, mais santa
virgem ainda, santíssima, mais bem-aventurada, mais gloriosa, mais nobre, mais
honrada, e mais augusta. “(Patrologia Latina 96,58)

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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