Revista: “PERGUNTE E
RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 300 – Ano 1987 – p.
193
Aos 25/03/87 foi divulgada a
nova Encíclica de João Paulo II, referente à SS. Virgem: “Redemptoris Mater. –
A Mãe do Redentor”. Era natural que o S. Padre se voltasse para Maria após ter estudado
em três Encíclicas
anteriores as Pessoas da SS. Trindade e seu papel na salvação do homem. Com
efeito; Maria sempre esteve muito presente à piedade cristã tanto no Ocidente
como no Oriente. Aliás, a devoção a Maria decorre do Cristocentrismo mesmo que
São Paulo propõe aos fiéis: fomos predestinados a ser conformes à imagem do Filho
Primogênito Jesus Cristo (cf. Rm 8,20); em consequência, pode-se dizer que todo
cristão vem a ser “um outro Cristo”. Disto se segue que todo cristão deve
alimentar em si dois olhares permanentes: um olhar para o Pai, à semelhança de
Jesus, que vivia totalmente para o Pai (cf. Lc 2,49), a Quem Ele se referia
frequentemente (cf. Jo 5,20s. 23. 26. 36s. 43s); e outro olhar para Maria – a
sua natureza humana; o cristão deve, pois, tender a ser para Maria um outro
Jesus ou um filho muito dedicado. Assim a piedade mariana não desvia de Cristo,
mas, ao contrário, decorre logicamente da identificação do cristão com Cristo
ou do “sentir o que o Cristo Jesus sentia”, tão recomendado por São Paulo (cf.
Fl 2,5).
Mais: nos últimos tempos os
Pontífices têm posto em relevo a figura da SS. Virgem, ciente de que qualquer
afirmação mariológica é sempre uma
afirmação compendiosa do plano de Deus. Sim; em Maria manifestam-se as três
Pessoas da SS. Trindade (cf. Lc 1,26-38) assim como o amor gratuito de Deus,
sua ação redentora através do Natal e da Páscoa, a Igreja como Corpo prolongado
de Cristo e a glorificação final da humanidade. Daí dizer-se desde remotas épocas:
Cunctas haereses sola interemisti in universo mundo; Maria, no decorrer da história,
destruiu todas as heresias. – Visto que este limiar do terceiro milênio se apresenta denso de
nuvens, João Paulo II, à semelhança do que fizeram Pio IX em 1854, Pio XII em
1950, volta-se para Maria, não para
definir algum dogma mariano, mas para reafirmar tudo o que a fé diz a respeito de Maria, pois isto eqüivale, na
linguagem clássica do Cristianismo, a
reafirmar tudo o que Deus nos disse de bom e belo ou tudo o que o
Evangelho tem a anunciar a este mundo
conturbado.
Possa realmente a fé dos
cristãos redescobrir, sintetizados em Maria, o sorriso e a misericórdia de Deus
destinados a todos os homens!