Muitos gastam tempo tentando justificar o motivo pelo qual deixam de se confessar e não se dão conta de que estão desprezando um grande presente de Deus… É tempo de misericórdia!
Os que não compreendem a fé católica afirmam com certa frequência: “Eu nunca poderei acreditar na confissão. Se erro, direi a Deus na intimidade da minha alma que sinto muito, e Deus me perdoará. Não tenho por que dizer os meus pecados a um simples homem para que Deus me perdoe”. Parece uma afirmação razoável, não é verdade? E, no entanto, está tão cheia de falácias como uma rede de pescador de buracos.
Em primeiro lugar, a questão não é saber se eu gosto da confissão ou se prefiro que se perdoem os pecados. Se Jesus Cristo, verdadeiro Deus, ao instituir o sacramento da Penitência como meio necessário para o perdão dos pecados cometidos depois do batismo, fez da confissão dos pecados ao sacerdote parte essencial do sacramento, então esse é o modo de fazê-lo. Nós não temos a liberdade de escolher e de recusar, quando Deus já se pronunciou. Não podemos dizer: “Eu gostaria mais que fosse de outra maneira”.
Jesus quis que a acusação dos pecados fosse parte essencial do sacramento da Penitência. Ao conferir aos seus sacerdotes no Domingo da Ressurreição o poder de perdoar os pecados, ele disse: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos” (Jo 20, 23). E, com infinita sabedoria de Deus, Jesus não disse essas palavras levianamente; e essas palavras não têm sentido a não ser que pressuponham a acusação dos pecados. Como é que os Apóstolos e os sacerdotes que os sucederiam poderiam saber que pecados perdoar e que pecados não perdoar se não soubessem que pecados eram esses? E como é que poderiam conhecer esses pecados se não fosse o próprio pecador a manifestá-los?
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A história da Igreja confirma o significado patente dessas palavras do Senhor. Os escritos primitivos dizem-nos que, já desde o começo da Igreja, só se concedia o perdão aos penitentes depois de confessarem os seus pecados. A principal diferença entre os primeiros séculos e os nossos dias é que, quando a Igreja estava na sua infância, o perdão dos pecados não era concedido sem mais nem menos. Se o pecado era do conhecimento público – como a idolatria, o adultério ou assassinato -, o pecador devia submeter-se a uma penitência que durava toda a vida, e só lhe era concedido o sacramento da Penitência no leito de morte.
O que os críticos da confissão (e de outras doutrinas da Igreja) esquecem é que nem todas as palavras de Jesus estão registradas no Evangelho. Quando consideramos que Jesus pregou e ensinou durante um período de quase três anos, percebemos como é pouco o que as poucas páginas dos quatro evangelistas registram em comparação com tudo o que Jesus deve ter ensinado. Podemos estar certos, por exemplo, de que, na noite do Domingo da Ressurreição, os Apóstolos aproveitaram a fundo a ocasião para perguntar a Jesus qual o significado exato das suas palavras: “Àqueles a quem perdoardes os pecados…” e sobre as condições que teriam que exigir para esse perdão.
A história mostra-nos que a manifestação dos pecados para obter o período é tão antiga como a Igreja Católica. Em consequência, o sectário que afirma que “a confissão é uma invenção dos padres para ter as pessoas na mão” está exibindo a sua ignorância religiosa tanto quanto os seus preconceitos. A réplica evidente a esse crítico é perguntar-lhe: “Bem, se os padres inventaram a confissão, então porque não se eximiram eles próprios da obrigação de confessar-se?” O Papa tem que confessar-se, os bispos têm que confessar-se, os padres têm que confessar-se, tal como todos os demais católicos.
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“No decorrer dos séculos, a forma concreta segundo a qual a Igreja exerceu este poder recebido do Senhor variou muito. Durante os primeiros séculos, a reconciliação dos cristãos que tinham cometido pecados particularmente graves depois do Batismo (por exemplo: a idolatria, o homicídio ou o adultério), estava ligada a uma disciplina muito rigorosa, segundo a qual as penitencias tinham de fazer penitência pública e prolongada de obras de penitência, antes de receber a reconciliação com a Igreja. O sacramento processa-se, a partir de então, dum modo mais secreto, entre o penitente e o sacerdote. Esta nova prática previa a possibilidade da repetição, e abria assim o caminho a uma frequência da repetição do sacramento. Permitia integrar, numa só celebração sacramental, o perdão dos pecados graves e dos pecados veniais. Nas suas grandes linhas, é esta forma de penitência que a Igreja tem praticado até aos nossos dias” (n. 1447).
Todas essas objeções à confissão que ouvimos de vez em quando baseiam-se na suposição de que o sacramento da Penitência é um horrível suplico que devemos temer e evitar tanto quanto possível. Nós, os católicos praticantes, sabemos que não é assim, que essa suposição é uma grande mentira. Sabemos que o sacramento da Penitência é um dos maiores presentes que Deus nos fez, um presente sem o qual não poderíamos passar e que sempre teremos de agradecer.
Retirado do livro: “A Fé Explicada”. Leo J. Trese. Ed. Quadrante.