Vaticano propõe à China uma Igreja plenamente católica e autenticamente chinesa

Segundo o ACI Digital (27/03/2018), a Santa Sé propõe uma Igreja “plenamente católica e autenticamente chinesa” para a normalização da presença católica na China.

Assim explicou Dom Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados, durante a sessão de inauguração da Conferência Internacional “Cristianismo na China. Impacto, interação e inculturação”, que aconteceu na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, nos dias 22 e 23 de março.

Em seu discurso, Dom Gallagher explicou que “a missão da Igreja na China de hoje é ser ‘plenamente católica e autenticamente chinesa’, colocando o Evangelho de Jesus à disposição de todos e colocando-o a serviço do bem comum”.

Recordou que, “ao longo do tempo, as relações entre a China e a Igreja Católica passaram por diferentes fases, passando por momentos de cooperação frutuosa a outros momentos de grande incompreensão e hostilidade, levando às vezes, a situações nas quais a comunidade de fiéis vivia grandes sofrimentos”.

Entretanto, “observando cuidadosamente as questões, o método que no passado tornou possível um encontro frutífero entre o ‘mundo cristão’ e o ‘mundo chinês’ foi o encontro da inculturação da fé mediante a experiência concreta de conhecimento, cultura artística e amizade com o povo chinês”.

“Ao considerar a missão e a reflexão teológica, é necessário destacar duas expressões ou, mais exatamente, dois princípios que deveriam interagir entre si: a ‘chinização’ e ‘inculturação’”.

Explicou que, “a partir destas duas visões, deveria ser possível estabelecer as coordenadas de uma autêntica presença cristã na China, que poderia apresentar a natureza especial e a novidade do Evangelho em um contexto profundamente enraizado na identidade específica da milenar cultura chinesa”.

Dom Gallagher quis “recordar com profunda admiração a contribuição extraordinária que muitos jesuítas deram ao longo dos séculos para a redescoberta da cultura chinesa, permitindo-nos passar do impacto inicial com um mundo tão distante ao encontro com o patrimônio científico, técnico, filosófico e moral do Ocidente”.

Nesse sentido, destacou dois perigos a serem evitados no trabalho da Igreja na China: “proselitismo” e “proclamação abstrata da fé”. Porque “também na China, Deus já está presente e ativo na cultura e na vida do povo chinês”.

A semente do Evangelho “produz seus frutos, dando sustento e assumindo as características próprias da cultura local na qual é semeada”, concluiu.

Posição central da China no mundo

Em nível internacional, Dom Gallagher recordou que “hoje, mais do que nunca, a China continental está no centro do interesse político, econômico e cultural”.

Na política externa, a China “está claramente adotando uma nova abordagem à cooperação internacional existente e consolidando sua presença nos países em desenvolvimento”.

Na política interna, “a China está promovendo programas de longo prazo que dão, a um considerável número de cidadãos, a possibilidade de sair da pobreza. Ao mesmo tempo, o sistema cultural chinês impulsiona com decisão as áreas de pesquisa científica e tecnológica”.

Definitivamente, este é um momento geoestratégico caracterizado pela crescente influência da China em nível internacional, que “quer recuperar uma posição central no mundo”.

Fonte: http://www.acidigital.com/noticias/vaticano-propoe-a-china-uma-igreja-plenamente-catolica-e-autenticamente-chinesa-87957/

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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