Um Rei diferente…

Jesus é “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19,16). “Eu Sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor, Aquele que é, que era e que vem, o Dominador” (Ap 1,8). Mas Seu Reino é muito diferente de tudo que conhecemos na terra.

Ele veio até nós para aqui implantar o Reino que o Pai lhe deu, mas não veio como os outros dominadores, com soldados e batalhas; veio como o bom Pastor, na mansidão e na bondade, buscando “as ovelhas perdidas da casa de Israel”. Viveu entre nós não como um rei que é servido, mas como um Rei que serve e que dá a vida pelos seus súditos. Reinar com este Rei é servir.

O mundo combate contra Ele, mas Ele vencerá: “Combaterão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, porque é Senhor dos senhores e Rei dos reis” (Ap 17, 14).

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Jesus, Rei dos Reis

Enquanto os reis deste mundo nascem nos palácios, Ele nasceu num estábulo de animais, deitado na manjedoura onde eles comem. Os reis deste mundo se vestem de roupas ricas e cavalgam em cavalos ofegantes; Ele preferiu uma túnica simples e um jumentinho humilde. Os reis do mundo navegam em iates e grandes navios, Ele preferiu a barca simples de Pedro. Os reis querem conquistar tesouros, Ele quis salvar almas.

Os reis deste mundo tem exércitos e soldados, Ele teve apenas Dove discípulos desarmados. Os reis deste mundo se sentam em tronos de ouro, Ele preferiu o trono da Cruz. Deste seu Trono, Ele disse que quando fosse nele levantado, atrairia todos a si. De fato, levantado na Cruz do Calvário, Ele atraiu o bom ladrão: “Senhor, lembra-te de mim quando chegares a teu Reino!” (Lc 23,42). Enquanto alguns zombavam Dele na Cruz, a seus pés o centurião romano que o crucificou, voltou-se para Ele: “Este é verdadeiramente o Filho de Deus!”. E o soldado que perfurou seu coração se tornou um santo: São Longuinho. “Quando Eu for levantado no meu Trono, atrairei todos a mim”. A Cruz continua atraindo há dois mil anos.

Diante de Pilatos, que lhe perguntou se Ele era o Rei dos judeus, Ele afirmou: “Tu o dizes!”. “Sim Eu Sou Rei e vim ao mundo para dar testemunho da Verdade!” (Jo 18,37). Mas Ele deixou claro a Pilatos que “Meu Reino não é deste mundo, se meu Reino fosse deste mundo os meus súditos pegariam em armas” (v.36). Ninguém lutou para que Ele não fosse crucificado; apenas as mulheres o seguiram até o fim… Ele é um Rei diferente.

Daniel Rops, o grande historiador da Igreja, disse que esta frase mudou a história do mundo: “O meu Reino não é deste mundo!”. Foi por acreditar nisso que milhares de cristãos enfrentaram a morte diante do Império Romano, milhares de monges, eremitas e anacoretas foram para os desertos do Egito nos primeiros séculos; milhares de homens e mulheres aceitaram trocar uma vida conjugal pela total dedicação ao Reino que não é deste mundo. E os mártires continuam morrendo por crer neste Reino que não é deste mundo.

Jesus não é um Rei que veio para conquistar reinos e povos, mas para conquistar corações; ele não fez soldados, fez discípulos, para serem pescadores de homens. Seu Reino não é temporal e político; mas é um Reino espiritual. Sua vitória não foi contra reis deste mundo, mas contra a morte, o pecado e o demônio que domina este mundo. Quando Ele ressuscitou tornou-se o verdadeiro Rei do Universo.

“O seu Reino não terá fim”. O profeta Daniel o viu sobre as nuvens do céu: “A Ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído” (Dan 7,14). O Arcanjo Gabriel disse a Maria: “O Seu Reino não terá fím” (Lc 1,33). Já são mais de dois mil anos que este Reino cresce e se expande até o Dia em que Ele voltar para reinar definitivamente.

Este Reino Ele entregou a seus discípulos, a Sua Igreja:

“Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado do Pai, dar-vos o Reino” (Lc 12, 32). “Eu, pois, disponho o Reino a vosso favor, assim como o meu Pai o dispôs a meu favor” (Lc 22,29).

Sem a Igreja não há Reino de Deus, pois o Concílio Vaticano II disse que ela é o “germe do Reino de Deus”. “Ela é o Sacramento universal da Salvação” (LG 5). O Rei é a Cabeça da Igreja e Seu Santo Espírito é a Sua Alma.

Para entrar neste Reino é preciso ser criança, ser humilde. Seu Reino não é um reino de ostentação, luxo, arrogância, prepotência, orgulho, vaidade e exibicionismo. É um Reino escondido em nosso coração. “Bem aventurados os humildes porque deles é o Reino de Deus” (Mt 5,3). Pertencem a este Reino quem tem um coração puro, os mansos, os misericordiosos, os que choram, os que tem fome e sede de justiça e os que são perseguidos por causa do Rei e de Sua doutrina.

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Ele é um Rei diferente porque Seu Reino não é deste mundo; mas do outro!

Também, vale a pena lembrar que a Festa de Cristo Rei foi instituída pelo Papa Pio XI com o intuito de ressaltar a pertença deste mundo ao Único Rei que é Cristo, frente ao processo de secularização que a sociedade estava sofrendo na época, com as correntes de ateísmo e comunismo que cresciam na Europa.

Hoje, mais do que nunca, é preciso gritar para o mundo inteiro ouvir e entender, quem é o Nosso Rei, quem é o Nosso Senhor. São tantas coisas que tentam tirá-lo do trono do nosso coração… Tantas distrações, ideologias, apegos…

Se faz necessário renovar hoje mesmo a pertença do nosso coração, da nossa vida a Jesus, nosso Verdadeiro Rei, e sempre, sem desanimar, caminhar com determinação e galhardia em busca desse Reino!

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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