Ser bispo é um serviço aos homens, diz papa Francisco em ordenação episcopal

Segundo o ACI Digital (18/10/2021), os bispos “foram escolhidos entre os homens e para os homens, foram constituídos, não para vocês, mas para os outros, em coisas que se referem a Deus”, disse o papa Francisco na ordenação episcopal de dom Guido Marini e dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira, episcopal emocionante neste domingo, 17 de outubro, na Basílica de São Pedro.

Dom Guido Marini foi mestre das celebrações litúrgicas pontifícias desde 2007 e foi nomeado bispo da diocese italiana de Tortona, enquanto dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira é o novo secretário da Congregação para o Clero.

Segundo o papa, a palavra “Episcopado’, com efeito, é o nome de um serviço, não há verdadeiro episcopado sem serviço, não de uma honra, como queriam os apóstolos, um à direita, outro à esquerda-, porque ao bispo compete mais servir do que dominar, segundo o mandamento do Mestre: ‘Quem é o maior entre vós, se torne o menor. E quem governa, como quem serve’”.

“Servir. E com este serviço, vocês vão custodiar a vocação e serão autênticos pastores no servir, não nas honras, na potestade, na potência… Não. Servir, sempre servir”, destacou o papa.

A cerimônia presidida pelo papa foi a primeira celebração pública do novo mestre das celebrações litúrgicas pontifícias e chefe da Capela Musical Pontifícia, monsenhor Diego Ravelli, que era o chefe de Gabinete na Esmolaria Apostólica desde 2013.

No início da cerimônia, o prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Marc Ouellet, pediu a ordenação episcopal ao papa Francisco: “a santa Igreja católica pede que Guido Marini e Andrés Gabriel Ferrada Moreira sejam ordenados bispos” e o papa respondeu: “Com prazer” (“molto volentieri” em italiano) e a assembleia disse “demos graças a Deus”.

Em seguida, realizou-se a liturgia da Palavra e o papa fez a homilia baseada na edição italiana do Pontifical Romano para a Ordenação de Bispos, mas também falou de forma espontânea sem ler texto.

Francisco falou da importância da oração e do anúncio do Evangelho no ministério episcopal, incentivou-os a permanecerem sempre próximos a Deus, aos bispos, aos padres e ao povo santo de Deus.

O papa exortou os bispos para que “anunciem a Palavra em qualquer ocasião, oportuna ou não. Advirtam, repreendam e exortem com magnanimidade e doutrina, continuem a estudar. E através da oração e da oferta de sacrifícios pelo seu povo, peguem da plenitude da santidade de Cristo a multiforme riqueza da graça divina”.

“Vocês serão os custódios do serviço, da caridade na Igreja, por isso Deus os quer próximos. Proximidade, aliás é o traço mais característico de Deus, Ele mesmo diz ao seu povo em Deuteronômio, pensem em qual povo tem seus deuses tão próximos quanto vocês têm de mim. Proximidade, junto com a compaixão e a ternura”, afirmou. “Por favor, não abandonem esta proximidade, aproximem-se sempre ao povo, aproximem-se a Deus, aproximem-se aos irmãos bispos, aproximem-se aos sacerdotes. Estas são as quatro proximidades do bispo”.

“O bispo próximo a Deus em oração, muitas vezes alguém poderia dizer: ‘Eu tenho tanto para fazer que não posso rezar’. Pare. Quando os apóstolos inventaram os diáconos, o que Pedro disse? -para nós bispos-: a oração e o anúncio da Palavra”, destacou o papa.

Rito da ordenação

Depois da homilia, o papa presidiu o rito da ordenação episcopal, com o interrogatório e as promessas dos dois candidatos ao episcopado; a oração (cantada) das ladainhas dos santos enquanto dom Guido e dom Ferrada permaneceram prostrados; a imposição das mãos; a canção de invocação ao Espírito Santo “Veni creator”; a unção com o crisma, a entrega dos símbolos episcopais: o livro do Evangelho, o anel, a imposição da mitra e o báculo pastoral.

Depois, o papa fez “a entronização na cátedra” dos dois novos bispos, que cumprimentaram o papa sorrindo e se sentaram a um lado do altar principal com a mitra colocada e segurando o báculo pastoral.

Depois, foi realizada a Liturgia Eucarística na Basílica de São Pedro, que foi concelebrada por muitos cardeais, bispos e padres.

Antes de encerrar a cerimônia, dom Marini agradeceu ao papa em nome dos dois, em um discurso emocionante no qual lhe agradeceu pela ordenação episcopal, agradeceu a sua família pelo dom da vida, dirigiu uma oração de agradecimento a Deus e a Nossa Senhora.

Dados biográficos dos novos bispos

Dom Guido Marini nasceu em 31 de janeiro de 1965 em Gênova, na Itália. Depois de completar o ensino médio, ingressou no seminário de Gênova, onde se formou em teologia.

Após ser ordenado sacerdote em 4 de fevereiro de 1989, finalizou o doutorado utroque iure, ou seja, em direito civil e em direito canônico na Pontifícia Universidade Lateranense, e se licenciou em psicologia da comunicação pela Pontifícia Universidade Salesiana, em 2007.

Entre 1988 e 1995, foi secretário particular do cardeal Giovanni Canestri, então arcebispo de Gênova, e de seus sucessores, o cardeal Dionigi Tettamanzi, entre 1995 e 2002, e o cardeal Tarcisio Bertone, entre 2002 e 2003.

Na diocese de Gênova, foi também mestre de cerimônias, diretor do Escritório Diocesano de Educação, membro eleito do Conselho Presbiteral, chanceler arquiepiscopal, secretário do Conselho Episcopal, professor de direito canônico, cônego e prefeito da Catedral de São Lourenço e diretor espiritual do seminário.

O papa Bento XVI o nomeou mestre das celebrações litúrgicas pontifícias e prelado de honra do papa em 1º de outubro de 2007. A primeira celebração pontifícia que ele dirigiu foi nas grutas vaticanas, em 2 de novembro de 2007.

O papa Francisco o confirmou como mestre das celebrações litúrgicas pontifícias e o nomeou em 2019 responsável pela Capela Musical Pontifícia.

Durante o ano acadêmico de 2018-2019, foi professor convidado de liturgia papal no Pontifício Ateneu de Santo Anselmo.

Dom Andrés Gabriel Ferrada Moreira nasceu em Santiago do Chile em 10 de junho de 1969.

Recebeu a ordem sacerdotal em 3 de julho de 1999 e foi incardinado na arquidiocese metropolitana de Santiago do Chile.

Obteve o doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em 2006. Em seguida, desempenhou diversos cargos pastorais na diocese, incluindo o de diretor de estudos e prefeito de teologia do Seminário Pontifício Maior dos Anjos Custódios, em Santiago do Chile.

Desde 2018 é oficial da Congregação para o Clero. Em 8 de setembro, o papa Francisco o nomeou secretário da Congregação para o Clero e lhe conferiu a dignidade de bispo titular da arquidiocese de Tiburnia. A nomeação entrou em vigor em 1º de outubro.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/ser-bispo-e-um-servico-aos-homens-diz-papa-francisco-em-ordenacao-episcopal-84566

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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