A nossa amada CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), neste mês de abril de 2012, celebrou sua 50ª Assembleia Geral. É um fato notável, pelos importantes assuntos religiosos, e de cunho civil – voltados para o bem comum – que foram tratados. É um leque fantástico de problemas analisados. Muitos deles somente a CNBB tratou. E sempre os tratou com grande competência e honestidade. E com liberdade. Com a graça de Deus, 30 dessas Assembleias eu vivi. Posso garantir que entre os prelados existe uma enorme gama de opiniões, o que não é defeito, mas garantia de abordagens completas. Os assuntos postos em discussão? Formam um grande leque. Desde a busca do bem comum do povo, até assuntos litúrgicos, sacramentais ou até francamente político-sociais (mas sempre sob o ponto de vista eclesial). Para comemorar essas 50 assembleias, houve uma sessão solene, onde alguns protagonistas contaram muitos fatos, conhecidos alguns, e inéditos, outros. É compreensível que tais narrativas tenham tido uma inclinação para o ufanismo, e até para a leitura dos vencedores.
É preciso, contudo, louvar a Deus pelas grandes obras realizadas, sem esquecer a análise das sombras. Com honestidade convém se voltar para tantos assuntos em que não podemos contabilizar como sucessos. E existem até os pontos que podem entrar na lista dos pequenos ou grandes fracassos.
1 – Nesses trinta anos, como não encher o coração de tristeza, ao ver que grande parte do nosso rebanho migrou para as seitas, abandonando sua fé católica? Não causa desânimo nos pastores das paróquias e comunidades, constatar a fraqueza de conhecimentos religiosos dos Fiéis? Esse assunto foi tratado inúmeras vezes. Mas não produzimos um documento alentado, para corrigir as deficiências de nossa firmeza na fé. É uma dor profunda começar a 1ª Assembléia com 90% de católicos, e agora na 50ª terminar com 67%. Por que não conseguimos convencer os católicos, para manter a sua fidelidade à Igreja, mediante um aprofundamento permanente na fé?
2 – Outra realidade que me deixa abismado, é verificar por que a grande maioria do clero fecha em cima de um partido político, que tem um dos programas mais anti-cristãos do mundo? Assim mesmo nossos líderes não regateiam apoio a tal agremiação.
3 – Não nos faz pensar que nossa República tem um dos governos mais ateus (e corruptos ) do mundo? Todos os assuntos, seja de ordem de saúde, de educação, de poder judiciário, nos mantém em permanente sobressalto. Os princípios cristãos, não só estão ausentes, como são sempre mais empurrados para longe, como grandes intrusos da vida pública. Peço uma atenção especial para isso.
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Dom Aloísio Roque Oppermann
Acerbispo Emérito de Uberaba