Seis coisas que deve saber sobre o novo documentário do papa Francisco da Disney

Segundo o ACI (10/04/2023), a Star +, serviço da Disney exclusivo para a América Latina, estreou “Amém. Perguntando ao Papa”, um novo documentário que apresenta uma conversa informal entre o papa e dez pessoas com idades entre 20 e 25 anos.

As perguntas dos jovens e as respostas do papa já começaram a ser manchetes em diversos meios de comunicação. Estas são as seis coisas que você deve saber sobre o novo documentário:

  1. Dois protagonistas se dizem católicos

A conversa foi gravada em Roma, em junho de 2022. Os jovens fazem perguntas populares, como por que as mulheres não podem ser padres ou se o papa recebe salário, até perguntas sobre os ensinamentos da Igreja sobre sexualidade, aborto, abuso sexual, pornografia e o que o papa pensa sobre as pessoas que se identificam como não-binárias.

Entre os dez jovens selecionados pelo diretor Jordi Évole estão um muçulmano do Senegal, um agnóstico da Espanha, uma ateia do Peru, um cristão evangélico nascido no Equador que emigrou para a Espanha e duas mulheres que se dizem católicas: Milagros da Argentina e María da Espanha.

  1. A resposta do papa Francisco sobre o aborto

O tema do aborto foi introduzido por Milagros, uma argentina que se diz catequista, feminista e membro do grupo Católicas pelo Direito de Decidir, organização que se declara fundadora da campanha pela legalização do aborto na Argentina.

Depois de pedir uma explicação sobre porque a Igreja se opõe ao “direito da mulher” de abortar, ela colocou nas mãos do papa um lenço verde com a frase “aborto legal, seguro e gratuito” e decorado com a faixa do arco-íris representante do coletivo LGBT.

O papa Francisco lembrou que “o problema do aborto deve ser visto cientificamente e com uma certa frieza. Qualquer livro sobre embriologia nos ensina que no mês da concepção o DNA já está delineado e os órgãos já estão definidos. Portanto, não é um aglomerado de células que se unem, mas uma vida humana”.

Ele esclareceu que “sempre digo aos padres que quando se aproximam de uma pessoa nesta situação, com um peso na consciência, porque a marca que um aborto deixa numa mulher é profunda, que por favor não lhe façam muitas perguntas e sejam misericordiosos, como Jesus é. Jesus, que recebe a todos depois. Por mais pecador que alguém seja, por mais que todos o abandonem, o Senhor nunca o abandona”.

“É lícito eliminar uma vida humana para resolver o problema? Ou se recorrer a um médico, é lícito contratar um assassino para eliminar uma vida humana para resolver um problema?”, perguntou o papa.

  1. O não do papa à ordenação sacerdotal de mulheres e “tolerância zero” para abusos

Depois de se declarar feminista, a argentina perguntou ao papa sobre a possibilidade de a Igreja ordenar mulheres ao sacerdócio e até mesmo que uma mulher seja eleita papa.

“Feminista é um adjetivo e o que me interessa são os substantivos, né? Caímos na cultura do adjetivo”, respondeu o papa e disse que “não é melhor ser padre do que não ser”.

“Há aí um problema teológico, de constituição teológica. Na igreja há duas linhas constituintes, como dois princípios. Então, no ministério estão os homens. Na maternidade, muito mais importante ainda, estão as mulheres”, disse.

O papa recordou que a Igreja é mãe. “É a Igreja e não o Igreja. A Igreja é a Noiva, ela é a Noiva de Cristo. Não é o Noivo, o Noivo é Cristo e essa é a nossa fé”.

“Este é um ponto dogmático sério, que não diminui a mulher, pelo contrário, coloca-a em primeiro lugar, mas onde ela tem de estar (…). Não é uma diminuição, é muito importante ser mulher na Igreja”.

Ao falar sobre o tema dos abusos na Igreja, apresentado por um espanhol vítima de abusos em sua escola católica, o papa esclareceu que a Igreja tem uma política de tolerância zero em relação a esse assunto há anos.

“Isso começou anos atrás, este trabalho, de falar claro e pôr disciplina nos seminários e de punir padres ou leigos abusadores”, disse.

Segundo o papa, “a Igreja está tentando garantir que seus padres e freiras não abusem. E hoje creio que é um exemplo de luta contra os abusos, que se faz em cada diocese, no Vaticano, etc. Há padres presos em todos os lugares.”

  1. O papa Francisco não entende o Tinder

Em sua cobertura do documentário, alguns meios de comunicação disseram que para o papa é normal que os jovens usem o Tinder. No entanto, a resposta do papa à pergunta de Célia, uma jovem que se declarou não binária, sobre se conhecia o Tinder, foi: “Não, querida. Você está me fazendo passar vergonha, me sinto antiquado”.

Celia então descreveu o Tinder ao papa como um aplicativo feito para ajudar os jovens a se conhecerem e até para conhecer pessoas dispostas a terem relações sexuais.

O papa reiterou que não tem celular e por insistência de outro jovem, o papa disse: “Não sei, sim, está bem, que se conheçam pessoas. Normal”.

  1. Não é um documentário adequado para todos os públicos

A participação no documentário de Alejandra, uma colombiana que conta que se dedica à criação de pornografia que depois distribui na Internet e nas redes sociais, abre caminho para descrições detalhadas sobre masturbação e sexualidade.

O documentário alterna o diálogo entre os jovens e o papa com algumas imagens dos jovens em seus lugares de origem. Essas cenas adicionadas incluem uma cena de cama (sem atos sexuais explícitos) e beijos entre mulheres.

  1. O brilho de María

Embora a novidade do documentário seja ver o papa respondendo aos jovens sem roteiro, diferentes usuários das redes sociais falaram da participação de María, uma espanhola do Caminho Neocatecumenal.

María questiona os outros jovens sobre suas posições sobre o aborto, a pornografia, a masturbação e até a fé, lançando-se a defender o ensinamento da Igreja em momentos cruciais da conversa em grupo.

María, que se diz voluntária em clínicas de aborto para ajudar as mulheres a salvar seus filhos, não hesita em questionar Milagros sobre porque as feministas não estão mais preocupadas em responder aos problemas que levam as mulheres ao aborto do que em tornar o aborto “seguro, legal, gratuito”.

Então, diante da colombiana dedicado à pornografia, María denuncia os estragos dessa indústria e lembra que para os cristãos o “corpo é o templo do Espírito Santo”.

“Acho que a pornografia prejudica muito porque, no fundo, é uma coisificação da pessoa. Uma pessoa está escrevendo para você como se você fosse um objeto, “faça isso, faça aquilo.” E não sei se isso te prejudica ou se você tem noção do mal que isso te faz. Mas, além disso, está prejudicando a própria pessoa que está consumindo isso”, disse.

María também expressou sua dor ao ver que muitos vão à missa e dizem que acreditam em Deus, mas não vivem de acordo com a fé que professam, enquanto outros não têm fé.

Comovido com seu testemunho, o papa Francisco perguntou sua idade. “Vinte”, respondeu Maria.

“Vinte. Você vai ter uma vida boa. Continue lutando”, disse o papa.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/seis-coisas-que-deve-saber-sobre-o-novo-documentario-do-papa-francisco-da-disney-20690

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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