Ramo vivo

Muita imitação de ramos e flores feitos de plástico podem até enganar quem não observa bem alguns enfeites. Mas  não há como subestimar a realidade dos ramos e da flores de verdade! O que é natural mostra a verdade de sua origem.

Jesus fala da videira e dos ramos que dela fazem parte.  Para mostrarem sua eficiência, os frutos devem surgir.  Caso contrário, vão ser cortados (Cf. João 15,1). Assim acontece conosco. Formamos uma unidade com o Mestre. Ele nos assumiu como parte de sua Igreja, sendo nós os ramos. Uma religiosidade sem o compromisso de vida com Ele não nos leva a dar frutos. Não podemos ser como as flores de plástico. Nossa religiosidade só de fachada não convence ninguém sobre a bondade, a ética, o compromisso com os valores apresentados pelo Evangelho. Para isso, é preciso assumirmos a fé transformadora, alimentada na aceitação e vivência dos valores de Cristo. Ele veio trazer-nos um sentido diferenciado da vida, fazendo-nos superar os ídolos, que colocam a finalidade da existência na busca desenfreada do ter o que é material, até muitas vezes às custas da injustiça em relação ao semelhante.

Permanecer em Cristo é fundamental, amoldando-nos à sua pessoa e seus valores. Rejeitamos, assim, tudo o que se opõe aos seus critérios e ensinamentos, apesar da moda atual de se valorizarem as pessoas pela sua relevância social e poder material. O próprio Jesus se colocou a serviço do ser humano, a partir dos mais fragilizados e nos ensinou a tratá-los como o fizéssemos a Ele mesmo. Orgulho, ostentação, querer enganar e passar por cima dos outros, buscar vantagens em detrimento do semelhante, usar dos cargos para tirar proveito com malversação do que é da comunidade,  injustiçar os mais frágeis e ter atitudes desonestas nos fazem afastar do tronco da videira do divino Mestre, mesmo no caso de certas pessoas se dizerem religiosas. Em tempo de propaganda eleitoral é muito comum as pessoas se dizerem religiosas, mesma não o sendo pela prática contrária aos ditames do Evangelho, para tentarem obter votos de pessoas que não analisam a conduta de tais candidatos. Aliás, é comum ver quem é mais carente receber algum favor ou presente,  votando para quem é de pequeneza de caráter e depois poderá governar ou legislar em detrimento dos pobres. Seria de perda moral  grupos religiosos  promoverem o voto de seus fiéis só para ganharem e buscarem vantagens para eles, sem compromisso maior com a ética e o bem comum. Fariam o puro fisiologismo de pouca grandeza cidadã.

É preciso sermos verdadeiros missionários da volta ou reenxerto dos ramos, ainda com vida, para o tronco da videira de Jesus, para poderem dar frutos melhores. Na reorientação da própria vida,  praticando os ensinamentos do filho de Deus, as pessoas terão mais oportunidade de se realizarem como seres humanos. Viverão, assim, o ideal de ajudar a construir uma convivência de grande elevação civilizada! Sem isso, não é possível a realização do ideal humano de ser feliz. O próprio Jesus diz: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, assim também vós… se não permanecerdes em mim” (João 15,4).

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Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros-MG

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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