Quem é elitista?

Sobre os Estudantes da USP

* Por Janaina Conceição Paschoal

A população paga para que os estudantes da USP se tornem profissionais competentes, e não para que façam greve ou depredem patrimônio público

O episódio na USP está circundado de aspirações injustificáveis.

Os mesmos alunos que se dizem preocupados com a igualdade pleiteiam, apenas para si, o direito de fumar maconha sem que sejam importunados.

Não cabe, nesta oportunidade, discutir o mérito de o porte de maconha para uso próprio ser crime; cumpre, entretanto, refletir sobre a pretensão de receber tratamento privilegiado relativamente àquele dispensado ao jovem que se encontra fora dos muros da universidade.

Não condiz com quem se apresenta defensor da igualdade exigir regalias. Ademais, a universidade, sobretudo a pública, é local destinado ao estudo e à pesquisa, não ao uso de drogas, lícitas ou ilícitas.

Feita assembleia, que votou pela não invasão da reitoria, a decisão foi desrespeitada, sendo que, após várias prorrogações de prazo para saída pacífica, a polícia interveio para desocupar o prédio público.

Durante a infundada invasão, os jovens -alguns nem tanto- ostentaram roupas de grife e automóveis novos. Nesse interregno, seus pais não compareceram para levá-los para casa. Quando da condução à delegacia, alguns pais surgiram para apoiar a atitude dos filhos, alardeando tratar-se de presos políticos.

Aí, novamente, a pretensão de privilégios. Será político o pleito de criar um território livre? Será político o pleito de ter liberdades não conferidas aos demais pagadores de impostos, inclusive os jovens que sofrem descontos em seus salários para que o estudo dos invasores seja custeado pelo Estado?

Ao ser questionado sobre a reintegração, o ministro da Educação afirmou que a USP não é a cracolândia. Seriam as pessoas que frequentam a região da cracolândia cidadãs de segunda classe?

A maior parte dos atuais governantes lutou contra a ditadura e, ao que parece, ao terem vencido, deixaram supostos revolucionários órfãos. Frases legitimamente pronunciadas durante a conquista da liberdade findam sendo utilizadas por quem ainda procura uma causa.

A manifestação do pensamento é direito constitucional, tanto que o Supremo Tribunal Federal liberou a Marcha da Maconha. Todos estão legitimados a postular a revisão da lei; entretanto, não é democrático o encastelamento.

A população paga para que os estudantes da Universidade de São Paulo estudem e se tornem profissionais competentes, melhorando as condições do país.

O povo não paga para que tenham benefícios pessoais, nem para que depredem o patrimônio público ou façam greve. Aliás, os alunos haveriam de exigir aula, não paralisar a universidade.

Igualdade, na visão liberal, implica tratar todos de forma equânime. Sob a perspectiva social, enseja tratar com maior tolerância os menos favorecidos.

Sob esse viés, que deveria ser o adotado pelos que se apresentam como não elitistas, os alunos da USP haveriam de ser tratados com maior rigor, sendo-lhes exigidas maiores notas, maior frequência e menor tempo para término dos cursos.

O Brasil precisa, definitivamente, abandonar o dogma “para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei”. É papel do educador ensinar essa lição.

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Janaina Conceição Paschoal advogada, é professora livre-docente de direito penal na Universidade de São Paulo. Foi presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes de São Paulo.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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