Quando rezar?

1427658_41429283

São Paulo disse aos tessalonicenses “Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias dai graças a Deus porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus” (1 Tes 5,16). O mais importante é não esquecer a doce presença do Senhor, como faz a maioria dos homens. Não precisamos marcar hora para falar com Deus, como exigem os grandes homens.

O nosso Deus tem prazer em descer até nós, pobres pecadores, e quer saber mesmo das menores das nossas preocupações e ocupações. Ele as vê e conhece melhor do que nós, mas procede como se ignorasse as necessidades de que não lhe falamos e não pedimos sua ajuda. Jesus sabia da morte de Lázaro, mas não demonstrou sabe-lo a não ser quando Marta e Maria lhe comunicaram; só então as consolou, ressuscitando o seu irmão (João 11,1).

Assim, quando passarmos por enfermidades, tentações, perseguições, tribulações, devemos ir sem demora ao Senhor, e suplicar-lhe força e coragem. Pedir ao Espírito Santo o dom da fortaleza e da piedade. Nas dúvidas e incertezas pedir-lhe o dom da sabedoria, da ciência e do conselho. Diga como Jeremias nas Lamentações: “Vede Senhor, a minha angústia! Tremem as minhas entranhas e meu coração está perturbado…” (Lam 1,20).

Certamente o Senhor não deixará de nos animar e dar forças e paciência para carregar a nossa cruz de cada dia, que Ele mandou que tomássemos (cf. Lc 9,23). Se Deus não nos tira do caminho do sofrimento nos dá coragem e perseverança. Clame ao Senhor quando a cruz pesar muito: “Senhor, em Vós ponho a minha esperança; ofereço-Vos esta provação e me resigno à Vossa santa vontade, mas tende compaixão de mim; livrai-me desta aflição ou ajuda-me a suportá-la”. Paul Claudel disse que “Ele não veio abolir o sofrimento, nem mesmo explicá-lo; mas veio trazer-lhe a plenitude da sua Presença”.

Jesus mandou recorrer a Ele com fé e amor: “Vinde a Mim vós todos que estais cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mt 11,28). Assim como buscamos alguma consolação e ajuda com os amigos, também a Jesus temos de recorrer. Se for difícil encontra-Lo diga como o Salmista: “Por que Senhor, ficais tão afastado de mim e vos escondeis no tempo da angústia?” (Sl 9,22). Por misericórdia, vinde a meu socorro, não me abandoneis! E se a desolação for muito grande, una a sua dor a de Cristo na Cruz e diga: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Mt 27,46). Mas reanime-se, sabendo que o Pai celeste não permite nada que não seja para o nosso bem. “Sabemos que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rom 8,29).

Leia também: Por que rezar?

Como rezar?

Orar sempre e orar bem

A importância da oração

Por que a Quaresma?

O livro da Sabedoria começa nos exortando: “Tendes para com o Senhor sentimentos perfeitos, e procurai-O na simplicidade do coração, porque Ele é encontrado pelos que não o tentam, e se revela aos que não lhe recusam a confiança” (Sab 1,1-2). Deus quer muito nos abençoar. São Tiago diz: “A misericórdia triunfa sobre o julgamento” (Tg 2,13). Deus é misericordioso e justo, mas o Seu braço direito é o da misericórdia. São Pedro nos convida a confiar em Deus em tudo: “Lançai sobre Ele todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5,7). Davi tinha esta confiança: “Nosso Deus é um Deus que salva, da morte nos livra o Senhor Deus” (Sl 67,21). Nossa Senhora disse que: “Sua misericórdia se estende sobre aqueles que o temem” (Lc 1, 51).

Se alguma vez você for tentado a respeito de sua salvação eterna, fique tranquilo e veja nessas promessas acima, quanto o Senhor deseja nos salvar, desde que você esteja disposto a amá-lo e servi-lo.

Humilhados por seus pecados não desanime, peça perdão a Jesus e confie na sua misericórdia. Esta confiança muito lhe agrada. Ele falou pelo profeta Ezequiel: “Eu juro, por mim mesmo, não quero a morte do pecador, mas sim que ele deixe o mau caminho e viva” (Ez 33,11). “Não serão lembradas as faltas que cometeu, viverá por causa da justiça que praticou” (Ez 18,22). E pela boca de Isaías diz: “Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã” (Is 1,18).

Na oração devemos louvar a Deus, interceder por todas as nossas necessidades, as dos outros e da Igreja, reparar os nossos pecados, pedir a conversão dos pecadores, os sufrágio das almas do purgatório, etc., e não se esquecer de agradecer a Deus todos os bens que Dele recebemos a cada dia. Jesus ficou triste com os nove leprosos curados que não voltaram para agradecer. Não podemos fazer de Deus um “pronto socorro” onde correndo a Ele nas horas difíceis e depois esquecendo Dele. Dele vem nossa alegria e paz. O profeta Habacuc disse: “Eu, porém, exultarei no Senhor, me alegrarei em Deus, meu salvador” (Hab 3,18). O salmista canta: “Alegre-se meu coração na vossa salvação! Que eu cante ao Senhor pelos benefícios que me concedeu!” (Sl 12,6).

Nas dúvidas não deixe de consultar a Deus para saber como proceder segundo a Sua vontade. Reze como Judite:

“Lembrai-Vos Senhor da Vossa promessa; inspirai as palavras de minha boca e fortalecei, nessa empresa o meu coração!” (Jt 9,18). Ou como Samuel: “Falai, Senhor, que teu servo escuta!” (1Sam 3,10).

Deus responde ao homem que reza; mas você não ouvirá a Sua voz, mas Ele falará ao teu coração, mesmo que você não perceba. A linguagem de Deus é a do coração. Mas Ele não fala no barulho; mas no silêncio do coração. As almas são como as plantas, crescem no silêncio. Pela boca do profeta Oséias, Ele disse: “Eu levarei você ao deserto, à solidão, e ai falarei ao teu coração” (Os 2, 14).

Deus nos fala pelas boas inspirações, pelas luzes interiores, pelos sinais de sua bondade, pelos outros, pela certeza do perdão, pela paz, pelas alegrias da alma, pela natureza, pelo vento que acaricia teus cabelos… As almas que O amam compreendem a Sua linguagem de amor.

Logo que acordar reze: “Meu Deus, eu Vos adoro e Vos amos, agradeço por me terdes criado, feito-me cristão, redimido, conservado-me nesta noite; ofereço-Vos todas as minhas ações deste dia, pensamentos e palavras, desejos e sentimentos, fazei que tudo seja conforme a Vossa Santa Vontade e para a Vossa maior glória. Livrai-me Senhor, da tentação, do pecado e do Mal. Esteja, Senhor, a Vossa graça comigo e com todos os meus caros. Cada vez que eu olhar para o céu, cada vez que vir a beleza de uma flor, a pureza de uma criança, cada vez que meu coração bater, eu quero fazer um ato de fé, um ato de amor, e oferecer a minha vida. Que o Senhor seja conhecido e amado por todos os homens. Amém”.

Consagre seu dia ao Coração de Jesus e de Maria, e faça sua meditação da manhã e outras orações. Não deixe de agradecer a Deus o alimento em cada refeição. Quando possível vá a Missa ou ao menos faça uma visita a Jesus sacramentado no Sacrário. Ali ele te espera para te dar as graças que você precisa; mas você precisa ir busca-las.

“A noite, não deixe de rezar antes de dormir; peça uma noite calma e tranquila, sem pesadelos, examine a consciência e peça perdão dos pecados cometidos durante o dia. Não reze deitado para não dormir. Como disse Davi: Dormirei e repousarei em paz” (Sl 4,9).

qual_a_importancia_da_oracao

Reze com o coração, em todo tempo e em todo lugar. Quando contemplar os campos, as montanhas, a praia, o mar, o vento, as flores, os frutos, cuja beleza alegram o teu coração, cuja cor e perfume inebriam os teus sentidos, exclame extasiado: “Que belas criaturas o Senhor pôs para mim na terra, para que eu veja a Sua beleza, o Seu amor e O ame. Que delícias me reserva no céu!…”

Santa Teresa, contemplando a beleza da natureza, dizia que ela gritava contra a sua ingratidão para com Deus. Santo Agostinho dizia que o céu e a terra, e tudo o que eles encerram, me dizem que eu devo Te amar. Santa Margarida Madalena de Pazzi, quando tinha uma flor nas mãos, dizia: “Meu Deus pensou, desde a eternidade, em criar essas maravilhas para dar-me um sinal do seu amor”.

Quando você ouvir o canto dos pássaros, diga: “Escuta, meu coração, como pequeninos seres privados de razão louvam o Criador!”

E tu, que fazes? Quando você contemplar o céu estrelado, diga como um santo disse: “Esses astros, estarão um dia, debaixo de meus pés”.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
Adicionar a favoritos link permanente.