Programa Escola da Fé: ANO DA FÉ- Parte 1

Tema: ANO DA FÉ

CARTA APOSTÓLICA SOB FORMA DE MOTU PROPRIO  – PORTA FIDEI – BENTO XVI COM A QUAL SE PROCLAMA O ANO DA FÉ
11 de Outubro de 2012 – 24 de Novembro de 2013, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II

2. Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo.
Enquanto, no passado,  era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes sectores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.

3. Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida  (cf. Mt 5, 13-16).Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como     a  samaritana ao poço, para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14).
A obra de Deus é esta:  crer n’Aquele que Ele enviou (Jo 6, 29). Por isso, crer em Jesus Cristo  é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação.

4. Na referida data de 11 de Outubro de 2012, completar – se – ão vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica,  com o objetivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da fé. Esta obra, verdadeiro  fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo  Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985, como instrumento ao serviço da catequese e  foi realizado com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica. E uma Assembleia Geral  do Sínodo dos Bispos foi convocada por mim, precisamente para o mês de Outubro de 2012,  tendo por tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Será uma ocasião propícia para introduzir o complexo eclesial inteiro num tempo de particular reflexão e redescoberta da fé.  Não é a primeira vez que a Igreja é chamada a celebrar um Ano da Fé.  O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, proclamou um semelhante, em 1967, para comemorar o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo no décimo nono centenário do seu supremo testemunho.
As grandes convulsões, que se verificaram naquele Ano, tornaram ainda mais evidente a necessidade duma tal celebração. Esta terminou com a Profissão de Fé  do Povo de Deus.

5. Sob alguns aspectos, o meu venerado Predecessor viu este Ano como uma consequência   e exigência pós – conciliar,  bem ciente das graves dificuldades daquele tempo sobretudo no que se referia à profissão da verdadeira fé e da sua  reta interpretação.
Pareceu – me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II,  poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, não perdem o seu valor nem a sua beleza.
É necessário fazê – los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja.

Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa.
Quero aqui repetir com veemência as palavras  que disse a propósito do Concílio poucos meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar – se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja.

6. A renovação da Igreja realiza – se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: de facto, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou.
Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo.

7. Hoje, como outrora,    Ele envia – nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28, 19).
Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé. 

8. Nesta feliz ocorrência, pretendo convidar os Irmãos Bispos de todo o mundo para que se unam ao Sucessor de Pedro,  no tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, a fim de comemorar o dom  precioso da fé. 
Deverá intensificar – se  a  reflexão sobre a fé,  para ajudar todos os crentes  em Cristo a tornarem mais consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho,  sobretudo num momento de profunda mudança como este que a humanidade está a viver. 
Neste Ano, tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo. 

9. Desejamos que este Ano  suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança.  
Simultaneamente esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Não foi sem razão que, nos primeiros séculos, os cristãos eram obrigados a aprender de memória o Credo. É que este servia-lhes de oração diária, para não esquecerem o compromisso assumido com o Batismo.
Recorda – o, com palavras densas de significado, Santo Agostinho quando afirma numa homilia sobre a redditio symboli (a entrega do Credo): O símbolo do santo mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a um, reúne as palavras sobre  as quais está edificada com solidez a fé da Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce seguro que é Cristo Senhor.  
E vós recebeste-lo e proferiste-lo, mas deveis tê-lo sempre presente  na mente e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas praças e  não o esquecer durante  as refeições; e, mesmo quando o corpo dorme, o vosso coração continue  de vigília por ele.

10. Por sua vez, o professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos. O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um fato privado. A fé é decidir estar com  o Senhor, para viver com Ele.
No dia de Pentecostes, a Igreja manifesta, com toda a clareza, esta dimensão pública do crer e do anunciar sem temor a própria fé a toda a gente. É o dom do Espírito Santo que prepara para a missão e fortalece o nosso testemunho, tornando-o  franco e corajoso.
De fato, o primeiro sujeito da fé é a Igreja. Como atesta o Catecismo da Igreja Católica, “Eu creio”: é a fé da Igreja, professada pessoalmente por cada crente, principalmente por  ocasião do Batismo.
“Nós cremos”: é a fé da Igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais geral, pela assembleia litúrgica dos crentes”. “Eu creio”: é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: “Eu creio”, “Nós cremos”.

11. Para chegar a um conhecimento sistemático da fé, todos podem encontrar um subsídio precioso e indispensável no Catecismo da Igreja Católica.

Este constitui um dos frutos mais importantes  do Concílio Vaticano II.
Na Constituição Apostólica Fidei depositum – não sem razão assinada na passagem do trigésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II – o Beato João Paulo II escrevia: Este catecismo dará  um contributo muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial (…).
Declaro – a norma segura para o ensino da fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial.
É precisamente nesta linha que o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica.
Nele, de fato, sobressai   a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história.
Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé.
Na sua própria estrutura, o Catecismo da Igreja Católica apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária.
Na mesma linha, a doutrina do Catecismo sobre a vida moral adquire todo o seu significado, se for colocada em relação com a fé, a liturgia e a oração.

12. Assim, no Ano em questão, o Catecismo da Igreja Católica poderá ser um verdadeiro instrumento de apoio da fé, sobretudo para quantos têm a peito a formação dos cristãos, tão determinante no nosso contexto cultural. 
Em nossos dias mais do que no passado, a fé vê – se sujeita a uma série de interrogativos, que provêm duma diversa mentalidade que, particularmente hoje,  reduz o âmbito das certezas racionais ao     das conquistas científicas e tecnológicas.  
Mas, a Igreja nunca teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas tendem, embora por caminhos diferentes,  para a verdade.  
Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (cf. Ap 7, 9; 13, 8),    confessaram a beleza  de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão,  na vida pública, no exercício dos carismas  e ministérios a que  foram chamados. 

veja o slide:
https://cleofas.com.br/pdf_apresentacoes/anodafe1.pdf

ORAÇÃO DO PAPA JOÃO XXIII NO CONCÍLIO VATICANO II

Repita-se no povo cristão o espetáculo dos apostólos reunidos em Jerusalém, depois da ascensão de Jesus ao céu, quando a Igreja nascente se encontrou reunida em comunhão de  pensamento e de oração com Pedro e em torno de Pedro, pastor  dos cordeiros e das ovelhas.
Digne-se o divino Espírito escutar da forma mais consoladora a oração que sobe a Ele de todas as partes da  terra.
Que Ele renove em nosso tempo os prodígios como de um novo Pentecostes e conceda que a santa Igreja, permanecendo  unânime na oração, com Maria, a Mãe de Jesus, e sob a direção  de Pedro, dilate o reino do divino Salvador, reino de verdade e de justiça, reino de amor e de paz. Amém.

Bento XVI: «Estamos em dívida com o Concílio Vaticano II
Mensagem aos participantes do Congresso sobre João Paulo II e o Concílio em  28 de outubro de 2008 (ZENIT.org)
Os documentos conciliares não perderam sua atualidade com o passar do tempo, mas ao contrário, revelam-se particularmente pertinentes em relação às novas instâncias da Igreja e da presente sociedade globalizada.
Foi o que afirmou hoje o Papa Bento XVI, em uma extensa mensagem aos participantes do Congresso Internacional O Vaticano II no Pontificado de João Paulo II, organizado pela Pontifícia Faculdade Teológica São Boaventura – Seraphicum – e pelo Instituto de Documentação e de Estudo sobre o Pontificado de João Paulo II.
Todos nós somos verdadeiramente devedores deste extraordinário acontecimento eclesial, do qual recorda que teve a honra de participar como especialista.

João Paulo II na UUS
Tendo-me dirigido recentemente aos Bispos, ao clero e aos fiéis da Igreja Católica para indicar o caminho a seguir na celebração do Grande Jubileu do Ano Dois Mil, afirmei, entre outras coisas, que a melhor preparação para a passagem bimilenária não poderá exprimir-se senão pelo renovado empenho na aplicação,   fiel quanto possível, do ensinamento do Vaticano II à vida de cada um e da Igreja inteira .
O Concílio é o grande início ? como que o Advento ? daquele itinerário que nos conduz ao limiar do Terceiro Milênio. 

Papa João Paulo II, em 15/10/1995, sobre o Concílio Vaticano II:
“Na história dos Concílios, ele reveste uma fisionomia muito singular. Nos Concílios precedentes, com efeito, o tema e a ocasião da celebração tinham sido dados por particulares problemas doutrinais ou pastorais. O Concílio Ecumênico Vaticano II quis ser um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as  suas relações com o mundo. A essa reflexão impelia-a a necessidade de uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo, que, como “sinais dos tempos”, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus. Foi mérito de João XXIII não só ter convocado o Concílio, mas também ter-lhe dado o tom da esperança,  tomando as distâncias dos “profetas de desventura” e confirmando a própria e indômita confiança na ação de Deus.   Graças ao sopro do Espírito Santo, o Concílio lançou as bases de uma nova primavera da Igreja. Ele não marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar o patrimônio da inteira tradição eclesial, para orientar os fiéis na resposta aos desafios da nossa época. (grifo meu) À distância de trinta anos, é mais do que nunca necessário retornar àquele momento de graça. Como pedi na Carta Apostólica Tertio milennio adveniente (n.36) entre os pontos de um irrenunciável exame de consciência, que deve envolver todas as componentes da Igreja, não pode deixar de haver a pergunta: quanto da mensagem conciliara passou para a vida, as instituições e o estilo da Igreja.
Já no Sínodo dos Bispos de 1985 [sobre o Concílio] foi posto um análogo interrogativo. Ele continua válido ainda hoje, e obriga antes de mais a reler o Concílio, para dele recolher integralmente as indicações e assimilar  o seu espírito… A história testemunha que os Concílios tiveram necessidade de tempo para produzir os seus frutos. Contudo, muito depende de nós, com a ajuda da graça de Deus. ” (L’Osservatore Romano, 15/10/95)

Ps: Se desejar receber o conteúdo da aula abaixo em formato de apresentação de slides (Power Point), envie um email para assessoria@cleofas.com.br

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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