Portas Abertas

Reflexões de Quaresma de Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém

BRASILIA, terça-feira, 27 de março de 2012 (ZENIT.org) – “Levantai, ó portas, os vossos frontões, erguei-vos, portas antigas, para que entre o rei da glória. Quem é este rei da glória? É o Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso no combate. Levantai, ó portas, os vossos frontões, erguei-vos, portas antigas, para que entre o rei da glória. Quem é este rei da glória? O Senhor dos exércitos – é ele o rei da glória” (Sl 23, 7-10).

Nós te oferecemos, Senhor Jesus Cristo, Redentor do mundo, as chaves de nossa cidade e de nossos corações. Não fazemos mais do que retribuir-te, pois as chaves da inteligência e da vontade nos foram outorgadas pela benevolência com que fomos criados. Feitos para Deus e para olhar para o alto e para frente, queremos recuperar hoje nossa dignidade e dizer-te que és bem vindo. Bendito o que vem em nome do Senhor!

Vem falar em nossas praças, Senhor Jesus Cristo, proclamando presente o Reino de Deus. Faze-nos entender seus mistérios, pois ele chega como luz, sal, fermento, semente que morre para se multiplicar! Ajuda-nos a vê-lo, cidade construída num lugar alto! Ensina-nos de novo que o Reino está no meio de nós. Grita de novo, Senhor Jesus, o apelo à conversão. Muda nossa mentalidade, Senhor, para te acolhermos de coração sincero.

Vem entre nós, Jesus Salvador, novo Moisés, proclamar a carta do Reino, o Sermão da Montanha. Vence nossas resistências para acolher a novidade que trazes. Vem fazer-nos pobres em espírito, para acolhermos o Reino. Vem fazer-nos chorar com os que choram. Vence nossas agitações com tua mansidão, que faz vir a terra em herança para teus amados. Dá-nos fome e sede de justiça. Dá-nos pureza de coração, para ver a Deus! Faze-nos promover a paz, pois nos chamaste a sermos filhos de Deus.

Recebe, Senhor Jesus, as cândidas aclamações de nossas crianças. Dá-nos preservar nelas a simplicidade e a pureza. Faze com que se transformem em multidão de hosanas. Venha qual rio em tempo de cheia a torrente esperançosa de nossos jovens inquietos. Que eles te busquem e te recebam, Senhor! Vem ao encontro do desejo do bem que existe em seus corações. Faze-os superar a avalanche da maldade e do egoísmo que pretende engolir suas boas intenções!

Entra em nossas casas Senhor, como entraste na casa de Simão Pedro, para levar a cura! Vem tomar refeição em nossa casa, para pôr às claras nossos julgamentos, como fizeste na casa de outro Simão. Deixa-nos abrir os telhados para que te encontrem os paralíticos de todas as doenças do corpo e da alma. Vem para a mesa da amizade, na Betânia de nossas famílias, e faze-nos Marta e Maria para achegar-nos a ti. Vem transformar, em nossas famílias, a água no vinho novo da festa do Reino de Deus, como em Caná!

Vem encontrar, Senhor Jesus Cristo, as pessoas inquietas que a portas entreabertas te querem conhecer e suplicam que alguém as conduza a saudar-te e ouvir-te dizer “Ninguém te condenou? Nem eu te condeno! Vai e não peques mais!” Seja-lhes concedido superar a vergonha pelos pecados cometidos, para a festa do abraço da misericórdia.

Vem, Senhor, percorrer nossas ruas, para encontrar os andarilhos e aqueles que dormem às portas de nossas casas comerciais. Ensina-nos a dizer-te com eles que somos cegos à beira do caminho e queremos ver-te. Convence-nos, Jesus de bondade, a deixar-nos lavar da sujidade de nossas misérias na piscina de tua bondade infinita, que nos leva a tomar nas mãos, um dia depois do outro, os leitos em que jazemos. Lava todas as maldades de nossa terra, Senhor Jesus!

Vem, ó Filho de Davi, realizar as esperanças dos séculos que te aguardaram e preparam teus caminhos. Glória, louvor e honra a ti, Cristo Rei, redentor. Sobe a ti nosso piedoso Hosana e o clamor dos pequenos. Veio a ti o povo hebreu, com seus ramos e suas palmas. Avance pelas nossas ruas o cortejo daqueles que te celebram, trazendo os hinos e aclamações (Cf. Liturgia do Domingo de Ramos).

Vem tomar posse de nossa terra, para que te pertençam o povo e as casas, os palácios e os casebres! Sejam iluminados os meandros mais escuros de nossas almas, para que tudo seja dia, como naquela Jerusalém celeste, onde tu serás a luz verdadeira. Nela não entrará nada de impuro, nem alguém que pratique a mentira, mas somente os que estão inscritos no livro do Cordeiro (Cf. Ap 21,22-27).

Vem, Senhor Jesus! Vem, Jerusalém do alto, esposa do Cordeiro! Venha o que é novo, Venha o Senhor, Salvador e Redentor! Bendito o que vem em nome do Senhor!

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Dom Alberto Taveira é Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará e acumula também essas outras funções na Igreja: Bispo Assistente Nacional da Renovação Carismática Católica; Por nomeação da Santa Sé é Assistente Internacional das “Comunidades Novas nascidas da Renovação Carismática Católica; membro do Conselho Administrativo da Fundação “Populorum Progressio”; Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação; preside anualmente o “Círio de Nazaré” e é membro da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos.

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Por Dom Alberto Taveira Corrêa

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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