Polêmica ocorre no momento em que a igreja também pressiona irmãos Castro

Num momento de comoção provocado pela morte de mais um dissidente cubano em greve de fome, começou a movimentar-se a equipe do Vaticano encarregada de preparar a visita à Cuba, em março, de Bento 16.

Os dois fatos se relacionam. A Igreja já negociou a libertação de 52 dissidentes e se mostra disposta a combinar a visita do papa com maior pressão em favor de uma “transição democrática” em Cuba.

É o que diz o “Espacio Laical”, revista dos leigos da Arquidiocese de Havana, com vistas à primeira Conferência Nacional do Partido Comunista cubano, amanhã.

O objetivo é abrir espaço para o debate em Cuba a partir da denúncia de que o poder “está em mãos de Raúl Castro e de um grupo com a média de 80 anos de idade”, de um velha guarda, portanto, “presa a dogmas falidos”.

Propõe que “a cidadania seja recriada em Cuba”.

O “Espacio Laical” procura mostrar que um encontro do papa com Fidel Castro será o resultado natural das posições da Igreja em Cuba, em favor de “reformas significativas”.

Tudo indica que haverá esse encontro, sem que se saiba quais serão as reações dos irmãos Castro.

Há suposições de que Raúl pensa num “modelo chinês”, adaptado a Cuba, combinando abertura econômica com fechamento político, sistema de um só partido.

Mas mesmo esse modelo, de “socialismo de mercado”, terá vida garantida?

Com o titulo de “A China explodirá caso sufoque a liberdade”, um jornalista europeu, Will Hutton, que pode ser considerado de centro-esquerda, coloca em dúvida a capacidade de sobrevivência desse gênero de “socialismo”, já adotado pelo Vietnã.

A internet é instrumento que nem a China autoritária consegue controlar, escreveu Hutton.

Mais ainda, “há grande e crescente reconhecimento de que o modelo autoritário tem de mudar”.

Hutton diz que conviveu com grupo em Pequim que dizia sentir seu país, a China, como um “vulcão pronto a explodir”.

Newton Carlos é analista de assuntos internacionais

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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