Papa rechaça a “amizade do sentimentalismo” frente à amizade do compromisso

O site ACI Digital informou hoje (23/06/2017) que em um discurso pronunciado aos participantes do 75º Congresso do Movimento Serra Internacional, o Papa Francisco advertiu contra a banalização da palavra “amizade” e pediu que, diante da superficialidade da “amizade do sentimentalismo”, cultive-se uma verdadeira amizade do compromisso.

O Santo Padre, que recebeu em audiência na Sala Paulo VI os membros deste movimento que busca apoiar as vocações sacerdotais e à vida consagrada mediante o acompanhamento de seminaristas, sacerdotes, religiosos e religiosas, assinalou que “amigos dos padres, acompanhando-os e apoiando-os nas alegrias e fadigas do ministério, é o grande presente com o qual enriquecem a Igreja”.

O Pontífice destacou que os membros do Serra Internacional são, “sobretudo, isso: um amigo especial que o Senhor colocou ao lado de alguns seminaristas e padres”.

Nesse sentido, o Pontífice refletiu sobre o significado da palavra “amigo” e lamentou seu desgaste na atualidade. “Ao desenvolver nossas vidas em um âmbito urbano, cada dia entramos em contato com pessoas diferentes que frequentemente definimos como amigos, mas que, na verdade, utilizamos essa palavra como uma forma de falar. Dessa maneira, a partir do horizonte da comunicação virtual, a palavra ‘amigo’ é uma das mais usadas”.

Por isso, esse uso superficial do termo “não é suficiente para ativar a experiência de encontro e de proximidade à qual a palavra ‘amigo’ se refere”.

“Quando é Jesus quem a emprega, indica uma verdade incômoda: a verdadeira amizade só se dá quando o encontro me leva a me envolver na vida dos demais até entregar a mim mesmo”. Assim, Jesus “instaurou uma relação nova entre o homem e Deus, que supera a lei e que se fundamenta em um amor confiante”.

Ao mesmo tempo, “Jesus libera a amizade do sentimentalismo e a vincula a um empenho de responsabilidade que implica a própria vida”.

Por isso, “somos amigos somente quando o encontro se torna compartilha de um mesmo destino, compaixão, envolvimento… que conduz até a doação de si pelo outro”.

“Faz-nos bem pensar naquilo que um amigo faz: aproxima-se com discrição e ternura do meu caminho, me ouve profundamente, sabe ir além das palavras, é misericordioso com meus defeitos, é livre de preconceitos, não concorda sempre comigo, mas justamente por me querer bem, me diz sinceramente onde discorda; está pronto a ajudar-me cada vez que caio”.

Para o Santo Padre, esta forma de amizade é a que os membros do Movimento Serra “oferecem aos sacerdotes”.

Uma viagem “sempre adiante”

Por outro lado, o Papa Francisco também meditou sobre outra expressão, “Sempre adiante”, o lema do congresso do Serra Internacional. Trata-se, na opinião do Pontífice, “de uma expressão chave na vocação cristã”, porque a voz do Senhor convida o missionário “a abandonar sua zona de segurança e a começar a ‘viagem santa’ para a terra prometida do encontro com Ele e com os irmãos”.

“A vocação é o convite a sair de si mesmo para começar a viver a festa do encontro com o Senhor e percorrer o caminho para o qual Ele nos envia”, afirmou.

Portanto, “não pode caminhar quem não se questiona. Quem tem medo de se perder pelo Evangelho não pode avançar para a meta. Nenhum barco pode navegar se tem medo de deixar a segurança do porto”.

“O cristão, ao contrário, caminha sem medo pelos caminhos da vida cotidiana, porque sabe que pode descobrir as surpreendentes iniciativas de Deus quando tem a coragem de ousar, quando não permite que o medo prevaleça sobre sua criatividade”, destacou.

O Bispo de Roma finalizou seu discurso incentivando os membros do Serra Internacional a seguir “sempre adiante com coragem, com criatividade e com audácia. Sem medo de renovar suas estruturas e sem permitir que o precioso caminho percorrido perca o atrativo da novidade”.

Fonte: http://www.acidigital.com/noticias/papa-rechaca-a-amizade-do-sentimentalismo-frente-a-amizade-do-compromisso-78580/

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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