Na verdade o Papa apenas aplicou o princípio básico que Jesus nos ensinou: odiar o pecado, mas amar o pecador, e nunca deixar de acolhê-lo, até mesmo para ter a oportunidade de mostrar-lhe a verdade de Deus.
No sábado, 24/01/2015 ,o Papa Francisco recebeu em audiência privada um transexual espanhol em sua residência na Casa Santa Marta. Segundo o jornal “Hoy”, da região de Extremadura na Espanha, o Papa Francisco se encontrou com Diego Neria Lejarraga, que nasceu mulher nesta região e que agora tem 48 anos de idade. A notícia diz que antes do encontro, o Papa Francisco telefonou duas vezes para Neria durante o mês de dezembro, depois de receber uma carta na qual contava experiências de rejeição na sua paróquia depois que passou pela cirurgia de mudança de sexo, aos 40 anos.
Embora a Santa Sé não tenha comentado o assunto, por ser algo da iniciativa privada do Papa, acredita-se que o encontro de fato aconteceu e foi amplamente divulgado pela imprensa.
Algumas pessoas estranharam o encontro, e algumas mídias distorceram um pouco a atitude do Papa, como se ele estivesse mudando alguma doutrina da Igreja.
Na verdade o Papa apenas aplicou o princípio básico que Jesus nos ensinou: odiar o pecado, mas amar o pecador, e nunca deixar de acolhê-lo, até mesmo para ter a oportunidade de mostrar-lhe a verdade de Deus. Foi assim que Jesus agiu com os pecadores do seu tempo, e muitos se converteram deixando uma vida de pecado: Mateus, Zaqueu, Madalena, a mulher adúltera; e certamente muitos outros que os evangelistas não narraram.
O encontro do Papa com o transexual nada tem, portanto, de questionável, e não significa que ele indiretamente quis dizer que aprova a prática homossexual que a Igreja, explicitamente, condena no Catecismo da Igreja (cf. n.2357).
Precisamos nos acostumar com esses gestos de caridade do Papa com quem peca, com quem não vive segundo o Evangelho; pois a salvação de Cristo veio para todos. Não são os sãos que precisam de médico, mas os doentes, disse Jesus.
A mensagem que o Papa quis nos deixar é que nenhuma pessoa pode ser rejeitada pela Igreja, por causa de sua situação de vida. É claro que a vivência dos sacramentos exige normas e uma atitude correta que a Igreja deve impor para recebê-los, pois são coisas sagradas; mas isso nada quer dizer não acolher a pessoa para um bom diálogo, mostrando a ela com amor, a beleza da lei de Deus, que nos salva.
Vale relembrar o que disse Santo Agostinho: “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”.