Papa João Paulo II: ”Não temais”

“O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem, então, poderia eu temer”?

“O Senhor é o meu refúgio: de quem terei medo” (Sl 27,1)?

 
Na Sagrada Escritura, por 365 vezes, o bom Deus diz: “Não temais”. O Papa João Paulo II repetia, profeticamente: “Não temais”. Satanás tenta nos escravizar por várias modalidades de medo, principalmente pelo medo da morte (Hb 2,15). Entretanto, nós não devemos ter medo, por que:

“O Senhor é minha luz e minha salvação” (Sl 27,1 e Is 12,2).

“O Senhor é o meu Refúgio” (Sl 27,1).

Aquele que teme o Senhor nunca está alarmado, nada temerá, pois o Senhor é sua esperança” (Sir 34,14).

Medo “é inútil. O que é necessário é crer, somente” (Mc 5,36).

O Senhor prometeu que estará sempre conosco (Mt 28,20) e não nos deixará órfãos (Jo 14,18).

“Se Deus é por nós, quem será contra nós” (Rm 8,31)?

“É possível que Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas O entregou para o bem de todos nós, não nos concederá todas as coisas, em acréscimo” (Rm 8,32)?

“Somos mais que vencedores, por Aquele que nos amou” (Rm 8,37).

“Estou seguro de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem os poderes, nem as alturas, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que vem até nós em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,38-39).

“O perfeito amor lança fora todo o temor” (1 Jo 4,18).

O Senhor Deus nos ordena, na Bíblia Sagrada: “Não tenhais medo” (Lc 12,4). O Papa João Paulo II repetidamente proclamou, orou e profetizou: “Não tenhais medo”. Embora Satanás tente usar o medo para nos manipular, e até mesmo para nos escravizar (Hb 2,15), podemos vencer as tentações de ceder ao medo. Nós não podemos vencer por sermos fortes, mas porque Jesus é a nossa força, e crescemos sem Seu amor por nós. A nossa fortaleza está na graça e no conhecimento de Jesus Cristo (2 Pd 3,18).

Jesus é o Bom Pastor. E ainda que andemos pelo vale da sombra e da morte, não temeremos mal algum, pois Ele está ao nosso lado (Sl 23,4) e até mesmo dentro de nós (Jo 6,56). Jesus é a luz do mundo. Ele é a nossa luz e nossa salvação: a quem devemos temer (S1 27,1)? Jesus é amor (1 Jo 4,16), e “O amor não contém espaço para o medo: ao contrário, o perfeito amor lança fora todo o temor” (1Jo 4,18). Jesus é Deus (Jo 10,30). Ele é perfeito em todas as suas obras. Conhecer Jesus é não ter medo!  É ter esperança, coragem e vitória.

 Nova Evangelização
“Quando um espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; não o achando, diz: ‘voltarei à minha casa, donde sa픑 (Lc 11,24).

O Papa João Paulo II parecia estar preocupado com o que ele chamou de “Nova Evangelização”. Isso implica em levar Cristo aos povos dos paises ex-cristãos, como os paises da Europa Ocidental, EUA, Canadá e América Latina. Esta condição de ser um país ex-cristão ou, individualmente, um ex-cristão, é uma condição pior do que nunca se ter conhecido Cristo (Lc 11,26). “Com efeito, se aqueles que renunciaram às corrupções do mundo, pelo conhecimento de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, nelas se deixam de novo enredar e vencer, seu último estado torna-se pior do que o primeiro. Melhor fora não terem conhecido o caminho da justiça do que, depois de tê-lo conhecido, tornarem atrás, abandonando a lei santa que lhes foi ensinada” (2 Pd 2,20-21). Este estado é muito pior porque nele nós nos abrimos para outros setes demônios, muito piores do que o demônio que nos manipulava antes de conhecermos Cristo (Lc 11,26).

Isso significa que a “Nova Evangelização” é, humanamente falando, impossível de se realizar (Hb 6,4-6). Entretanto, nada é impossível para o Senhor (Lc 1,37). Ele é mais forte que o homem forte (Lc 11,21-22). Ele pode salvar a qualquer um, não importa o quão pecador tenha sido (1Tm 1,15-16). Pergunta o Senhor Deus:

“Quando executo, quem poderia destruir a minha obra?” (Is 43,13).

Nós compartilhamos do milagre da “Nova Evangelização”, obedecendo ao Senhor. É através da oração, do jejum, e em obediência à Palavra de Deus, que vamos expulsar os demônios mais tenazes (Mt 17,21). E podemos derrubar até as fortalezas mais antigas erguidas pelo maligno (2 Cor 10,4). Por isso, “proclamai um jejum, convocai uma assembléia; congregai os anciãos, todos os que habitam na terra, na casa do Senhor” (J1 1,14)!

O Papa João Paulo II afirmou: “O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos fatos do que nas teorias” (Encíclica Redemptoris Missio, n. 14).

O nosso testemunho na abissal experiência com Cristo é o fator fundamental para proclamar a Nova Evangelização.

Sempre revestido de Cristo (Gl 3,27) e cheio do Espírito Santo (Ef 5,18) podemos revolucionar o mundo com a mensagem que cura, liberta e salva o ser humano da cultura de morte.

Oração a Vida toda

“O Espírito intercede pelos santos, segundo a vontade de Deus” (Rm 8,27).

 Há mais de 25 anos, o Papa João Paulo II alertou-nos para a grande necessidade de uma grande, crescente e intensa oração (Redemptor Hominis, n. 22). Dizia o Papa: “é urgente uma grande oração pela vida, que atravesse o mundo inteiro. Com iniciativas extraordinárias, e na oração habitual, de cada comunidade cristã, de cada grupo ou associação, de cada família, e do coração de cada crente, eleve-se uma súplica veemente a Deus, Criador e amante da vida. O próprio Jesus nos mostrou com o seu exemplo que a oração e o jejum são as armas principais e mais eficazes contra as forças do mal (Mt 4,1-11) e ensinou aos seus discípulos que alguns demônios só desse modo se expulsam (Mc 9,29)”. (Evangelii Nuntiandi, n.100). Há, portanto, “a necessidade de orar sempre, e nunca desfalecer” (Lc 18,1).

Como podemos obedecer ao Senhor, à Igreja e ao Papa, fazendo a maior oração de nossas vidas? Muitas vezes temos dificuldade em ficar uma hora com Jesus (Mt 26,40). Como podemos orar sempre, com amor e poder? A falta de oração dos primeiros seguidores de Jesus era algo lamentável, até eles receberem o poder do Espírito Santo. “O Espírito também nos ajuda em nossas fraquezas, pois não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós” (Rm 8,26). (1).

Depois do Pentecostes os apóstolos ensinaram: “Perseverar na oração e no ministério da palavra” (At 2,42; 6,4).

“O Papa João Paulo II era um homem de fé, um homem de Deus, um homem que vivia de Deus. A sua vida era uma oração contínua e constante”, disse o cardeal secretário de Estado Dom Tarcisio Bertone (2).

As existências da nossa vida e da nossa liberdade são para Deus uma festa de oração.

Conclusão
 Na manhã do dia 01 de maio de 2011, domingo da Divina Misericórdia, na Praça de São Pedro-Vaticano, na presença de um milhão e meio de fiéis provenientes de todo o mundo, o Papa Bento XVI beatificou Karol Wojtyla durante a solene e comovida liturgia ele declarou: “A sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da igreja, e Cristo é o caminho do homem”. Na verdade, através do longo caminho de preparação para o Grande Jubileu, ele conferiu ao cristianismo uma renovada orientação para o futuro; o “futuro de Deus”.

 No final da missa Bento XVI disse: “A todos desejo a abundância dos dons do Céu por intercessão do novo Beato, cujo testemunho deve continuar a ressoar nos vossos corações e nos vossos lábios, repetindo como ele no início do seu pontificado: não tenhais medo! Abri as portas, melhor escancarai as portas a Cristo! Assim Deus vos abençoe!” (3).
 
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Pe. Inácio José do Vale

Professor de História da Igreja

Instituto de Teologia Bento XVI

E na Escola de Formação de Resende

Especialista em Ciência Social da Religião

E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com

 
Fonte:

(1)  Um Pão, Um Corpo, Outubro de 2011, p.8.

(2)  L’osservatore Romano, 07 de Maio de 2011, p.9.

(3)  Idem, p.12.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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