Papa Francisco inicia ciclo de catequeses sobre o “Pai Nosso”

Segundo o ACI Digital, nesta quarta-feira, 05, o Santo Padre se reuniu com milhares de peregrinos vindos de todo o mundo na Sala Paulo VI, no Vaticano, para a realização da Audiência Geral desta semana, a qual marcou o início de uma série de catequeses sobre a Oração do Senhor, o Pai Nosso.

Iniciando a catequese, e com ela o novo ciclo de reflexões, o Pontífice afirmou: “Os Evangelhos nos ofereceram retratos muito vívidos de Jesus como um homem de oração. Apesar da urgência de sua missão e da urgência de tantas pessoas que o solicitavam, Jesus sente a necessidade de se isolar na solidão e orar”.

“O Evangelho de Marcos nos traz esse detalhe desde a primeira página do ministério público de Jesus (cf. 1: 35). O dia inaugural de Jesus em Cafarnaum terminara triunfalmente. Quando o sol se põe, multidões de doentes chegam à porta do local onde Jesus estava: o Messias pregava e curava. Cumpriam-se assim antigas profecias e as expectativas de muitas pessoas que sofriam: Jesus é o Deus que está perto de nós, o Deus que liberta. Mas essa multidão ainda é pequena se for comparada às muitas outras que se reuniriam em torno do profeta de Nazaré”.

No entanto, afirmou o Pontífice, “Jesus se desapega daquilo; não se permite ficar refém das expectativas daqueles que agora o elegeram como líder”.

“Desde a primeira noite de Cafarnaum, ele prova ser um Messias original. Na última vigília da noite, quando a aurora é anunciada, os discípulos ainda o procuram, mas não conseguem encontrá-lo. Até que Pedro finalmente o encontra em um lugar isolado, completamente absorvido em oração. Ele diz a Jesus: “Todos te procuram!” (Mc 1:37). A exclamação parece ser a cláusula específica para um sucesso plebiscitário, a prova do sucesso de uma missão.”, enfatizou.

Ainda segundo o Papa Francisco, Jesus surpreende os seus discípulos ao dizer ele deveria ir para outro lugar. “Não são as pessoas que O procuram, mas Ele é quem, antes de mais nada, está à procura dos demais. Portanto, não deve criar raízes, mas permanecer continuamente peregrino nas ruas da Galileia. Tudo isso acontece em uma noite de oração”, ressalta.

Mais adiante, o Papa Francisco destaca que algumas páginas das Escrituras nos deixam entrever que é a oração de Jesus, a sua intimidade com o Pai, que governa tudo em sua vida, e que isto se deu de forma especial na noite do Getsêmani.

“A última parte do caminho de Jesus (definitivamente o trecho mais difícil de toda sua caminhada até então) parece encontrar seu significado na escuta contínua que Jesus dá ao Pai. Aquela seguramente, não foi uma oração fácil, foi uma verdadeira “agonia”, no sentido do agonismo dos atletas, e ainda uma oração capaz de sustentar o caminho da cruz. Aqui está o ponto essencial: Jesus orou”, sublinhou o Papa.

“Jesus orou intensamente em momentos públicos, compartilhando a liturgia de seu povo,mas ele também procurou por lugares recolhidos, separados do turbilhão do mundo, lugares que permitiram que ele descendesse até o segredo de sua alma: ele é o profeta que conhece as pedras do deserto e sobe até o cume das montanhas. As últimas palavras de Jesus, antes de seu último suspiro na cruz, são palavras tomadas dos salmos. Jesus orou como oravam todos os homens do mundo. No entanto, em sua maneira de rezar, havia também um mistério envolvido, algo que certamente não escapou aos olhos de seus discípulos, pois nos evangelhos encontramos um pedido sumamente simples e imediato da parte deles: “Senhor, ensina-nos a orar”(Lc 11,1)”.

“E Jesus não recusa -prossegue o Sumo Pontífice- ele não é ciumento de sua intimidade com o Pai, mas ele veio certo nos introduzir neste relacionamento. E assim ele se torna um mestre de oração para seus discípulos e com certeza quer ser para todos nós”.

“Mesmo se já temos orado por muitos anos, devemos sempre aprender a orar! A oração do homem, este anseio que nasce tão naturalmente de sua alma, é talvez um dos mais profundos mistérios do universo. E nem sequer sabemos se as orações que dirigimos a Deus são na verdade aquelas que Ele deseja ouvir. Também a Bíblia nos dá testemunho de orações inoportunas, que no final são rejeitadas por Deus: basta lembrar a parábola do fariseu e do publicano. Sé este último retorna do templo para casa justificado, “porque quem for exaltado, será humilhado, mas quem se humilha será exaltado”.

“Portanto, começando este ciclo de catequese sobre a oração de Jesus, a coisa mais linda e mais certa que todos devemos fazer é repetir a invocação dos discípulos: “Mestre, ensina-nos a orar!”. Ele certamente não permitirá que esta prece caia no vazio”, concluiu o Papa.

Ao final do seu encontro, o Santo Padre saudou os peregrinos de várias partes do mundo, incluindo os de língua portuguesa, aos dirigiu as seguintes palavras:

“Amados peregrinos vindos do Brasil, de Portugal e doutros países de língua portuguesa, sede benvindos! Das inúmeras coisas – tantas vezes duras – da vida, aprendei a elevar o coração até ao Pai do Céu, repousando no seio da sua infinita bondade, e vereis que as dores e aflições da vida vos farão menos mal. Que nada vos impeça de viver nesta amizade com Deus e testemunhar a todos a sua misericórdia! Sobre vós e vossa família desça, generosa, a sua Bênção.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-inicia-ciclo-de-catequeses-sobre-o-pai-nosso-73951

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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