Papa Francisco assina em Loreto a Exortação Apostólica do Sínodo sobre os jovens

Segundo o ACI Digital (25/03/2019), o Papa Francisco escolheu o Santuário de Loreto para assinar, nesta segunda-feira, 25 de março, Solenidade da Anunciação do Senhor, a Exortação Apostólica do recente Sínodo dos Bispos sobre o tema “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, que aconteceu no Vaticano de 3 a 28 de outubro de 2018.

Diante da imagem da Santíssima Virgem de Loreto, o Pontífice assinou o texto da Exortação, que será divulgado nos próximos dias, e o ofereceu à Nossa Senhora.

Posteriormente, o Santo Padre se dirigiu ao exterior do Santuário, onde, diante de uma multidão de fiéis, pronunciou um discurso antes da oração do Ângelus.

Em suas palavras, o Papa recordou aquilo que o anjo Gabriel disse a Maria, em Nazaré: “Alegra-te, cheia de graça”. Explicou que essa frase “ressoa de forma singular neste Santuário, lugar privilegiado para contemplar o mistério da Encarnação do Filho de Deus. Aqui, de fato, são custodiados os muros que, segundo a tradição, provêm de Nazaré, onde a Santíssima Virgem pronunciou seu ‘sim’, tornando-se a Mãe de Jesus”.

“A partir do momento em que a chamada ‘Casa de Maria’ se tornou presença venerada e amada sobre esta colina, a Mãe de Deus não cessa de conceder benefícios espirituais àqueles que, com fé e devoção, vêm aqui para se deter em oração”.

Destacou que, “a este oásis de silêncio e de piedade vêm, da Itália e de todos os lugares do mundo, muitas pessoas para obter forças e esperança. Penso, em particular, nos jovens, nas famílias, nos doentes”.

Além disso, sublinhou a importância que este lugar santo, para onde segundo a tradição a casa da Virgem em Nazaré milagrosamente se transladou, tem para as gerações jovens. “A Santa Casa é a casa dos jovens, porque aqui a Virgem Maria, a jovem cheia de graça, continua falando às novas gerações, acompanhando cada um na busca de sua vocação”.

Por isso, “quis assinar aqui a Exortação Apostólica fruto do Sínodo dedicado aos jovens. Intitula-se ‘Christus vivit’, ‘Cristo vive’. No evento da Anunciação, aparece a dinâmica da vocação expressa em três momentos que marcaram Sínodo: escuta da Palavra – projeto de Deus; discernimento; decisão”.

O primeiro momento, o da escuta, “manifesta-se naquelas palavras do anjo: ‘Não temas Maria, […] conceberás um filho, lhe darás à luz e o chamarás Jesus’. É sempre Deus quem toma a iniciativa de chamar a segui-lo. O chamado à fé e a um caminho coerente de vida cristã ou de especial consagração é um irromper discreto, mas forte, de Deus na vida de um jovem, para lhe oferecer o dom de seu amor”.

“É necessário estar prontos e dispostos a escutar e acolher a voz de Deus, que não se reconhece no barulho e na agitação. Seu plano sobre nossa vida pessoal e social não se percebe ficando na superfície, mas descendo a um nível mais profundo, onde atuam as forças morais e espirituais. É aí onde Maria convida os jovens a descer e sintonizar com a ação de Deus”.

O segundo momento típico de toda vocação é o discernimento, “expresso nas palavras de Maria: ‘Como acontecerá isso?’. Maria não duvida, sua pergunta não é uma falta de fé, mas expressa seu próprio desejo de descobrir todas as ‘surpresas’ de Deus. Nela há disposição em acolher todas as exigências do projeto de Deus sobre sua vida, em conhecê-lo em todas as suas facetas para fazer mais responsável e mais completa sua própria colaboração”.

“É a atitude do discípulo: toda colaboração humana com a iniciativa gratuita do Senhor deve se inspirar em um aprofundamento da própria capacidade e atitude, junto com a consciência de que é sempre Deus quem se entrega, quem age. Assim, também a pobreza e a pequenez de todos os que o Senhor chama a segui-lo no caminho do Evangelho se transforma na riqueza da manifestação do Senhor e na força do Onipotente”.

A decisão é a terceira passagem que caracteriza toda vocação cristã, “explicitada na resposta de Maria ao anjo: ‘Faça-me em mim segundo a tua palavra’. Seu ‘sim’ ao projeto de salvação de Deus, efetuado por meio da Encarnação, é a entrega a Ele de toda a própria vida. É o ‘sim’ da confiança plena e da disponibilidade total à vontade de Deus. Maria é o modelo de toda vocação e a inspiradora de toda pastoral vocacional”.

Francisco explicou: “Penso em Loreto como um local privilegiado onde os jovens podem vir em busca da própria vocação, a escola de Maria. Um polo espiritual a serviço da pastoral vocacional”.

Por este motivo, o Papa pediu aos frades capuchinhos “que ampliem os horários de abertura da Basílica e da Santa Casa durante a tarde e o início da noite, quando há grupos de jovens que vêm rezar e discernir sua vocação”.

O Santo Padre agradeceu aos frades capuchinhos pelo tempo que dedicam ao Sacramento da Reconciliação, que permite que sempre haja confessores durante todo o horário de abertura da Basílica.

Por outro lado, “a Casa de Maria é também a ‘casa da família’. Na delicada situação do mundo atual, a família fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher assume uma importância e uma missão essenciais. É necessário redescobrir o plano traçado por Deus para a família, para reafirmar sua grandeza e insubstituibilidade no serviço da vida e da sociedade”.

Além disso, “a Casa de Maria é ‘a casa dos doentes’. Aqui encontram acolhida os que sofrem no corpo e no espírito, e a Mãe traz a todos a misericórdia do Senhor de geração em geração. A doença fere a família, e os doentes devem ser acolhidos dentro da família. O lar e a família são os primeiros cuidados dos doentes para amá-lo, apoiá-lo, encorajá-lo e cuidá-lo. Por esta razão, o santuário da Santa Casa é símbolo de cada lar acolhedor e santuário dos doentes. Daqui, envio a todos, em qualquer parte do mundo, um pensamento afetuoso”.

O Papa Francisco também dirigiu algumas palavras às realidades eclesiais vinculadas ao Santuário de Loreto, aos quais disse que Deus, por meio de Maria “confia uma missão neste tempo a vocês: levar o Evangelho da paz e da vida aos nossos contemporâneos, muitas vezes distraídos, presos pelos interesses terrenos ou imersos num clima de aridez espiritual. Precisa-se de pessoas simples e sábias, humildades e corajosas, pobres e generosas. Em resumo, pessoas que, na escola de Maria, acolham o Evangelho sem reservas em suas vidas”.

O Papa encerrou seu discurso pedindo “que a Santíssima ajude todos os fiéis, especialmente os jovens, a percorrerem o caminho da paz e da fraternidade fundadas no acolhimento e no perdão, no respeito do outro e no amor que é dom de si. Que nossa Mãe, estrela luminosa de alegria e de serenidade, dê às famílias, santuários do amor, a bênção e a alegria da vida”.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-assina-em-loreto-a-exortacao-apostolica-do-sinodo-sobre-os-jovens-22295

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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