Papa Francisco aos consagrados: Vocês são a alvorada da Igreja

Segundo o site ACI Digital (02/02/2018), o Papa Francisco recordou a importância que para a Igreja têm os consagrados e consagradas, os quais vivem contracorrente em um mundo que “facilmente rejeita a pobreza, a castidade e a obediência”. “Sede, assim, a alvorada perene da Igreja”, assegurou.

O Santo Padre ofereceu este ensinamento na homilia da Missa que presidiu nesta sexta-feira, 2 de fevereiro, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, por ocasião da Festa da Apresentação do Senhor e do 32º Dia Mundial da Vida Consagrada.

Membros dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica participaram da celebração, que começou com a bênção das velas e a procissão solene.

Em sua homilia, o Papa explicou que a Festa da Apresentação do Senhor, que recorda a apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém, é celebrada 40 dias depois do Natal, quando, “entrando no templo, vem ao encontro do seu povo”.

Assim, centrou sua reflexão na importância do encontro e de manter a memória.

Em concreto, refletiu sobre o encontro que acontece no Templo entre Maria e José, e Simeão e Ana. Um casal jovem e dois anciãos.

“Os anciãos recebem dos jovens, os jovens aprendem dos anciãos. Com efeito, no templo, Maria e José encontram as raízes do povo, o que é importante pois a promessa de Deus não se realiza individualmente e de uma vez só, mas conjuntamente e ao longo da história”, assinalou.

Além disso, no Templo, Maria e José encontram também “as raízes da fé, porque a fé não é uma noção que se deve aprender em um livro, mas a arte de viver com Deus, que se recebe da experiência de quem nos precedeu no caminho”.

Desse modo, “encontrando os anciãos, os dois jovens encontram-se a si mesmos. E os dois anciãos, caminhando já para o fim dos seus dias, recebem Jesus, sentido da sua vida”. “Naquele encontro, os jovens veem a sua missão e os anciãos realizam os seus sonhos; e tudo isto porque, no centro do encontro, está Jesus”.

Francisco se dirigiu aos consagrados e consagradas e lhes recordou que sua vocação “começou pelo encontro com o Senhor. De um encontro e de uma chamada, nasceu o caminho de consagração”.

“É preciso recordá-lo. E, se nos recordarmos bem, veremos que, naquele encontro, não estávamos sozinhos com Jesus: estava também o povo de Deus, a Igreja, jovens e anciãos, como no Evangelho”, afirmou.

O Papa disse que, “quando nos encontramos no Senhor, chegam pontualmente as surpresas de Deus. Para permitir que as mesmas aconteçam na vida consagrada, convém lembrar-nos que não se pode renovar o encontro com o Senhor sem o outro: nunca o deixes para trás, nunca faças descartes geracionais, mas diariamente caminhai lado a lado, com o Senhor no centro”.

Esse encontro entre jovens e anciãos também deve acontecer no interior dos Institutos de Vida Consagrada, porque “a juventude de um instituto [de vida consagrada] encontra-se indo às raízes, ouvindo as pessoas anciãs. Não há futuro sem este encontro”.

“Se os jovens são chamados a abrir novas portas, os anciãos têm as chaves”, insistiu.

Francisco lamentou que “a vida agitada de hoje induz-nos a fechar muitas portas ao encontro e, com frequência, por medo do outro. As portas dos centros comerciais e as conexões de rede estão sempre abertas. Mas, na vida consagrada, não deve ser assim: o irmão e a irmã que Deus me dá são parte da minha história, são presentes que devo guardar. Que não nos aconteça olhar mais para a tela do celular do que para os olhos do irmão, ou fixarmo-nos mais nos nossos programas do que no Senhor”.

Assinalou que “a vida consagrada nasce e renasce do encontro com Jesus assim como é: pobre, casto e obediente” e se move por um via dupla, que é, por um lado, a iniciativa amorosa de Deus e, por outro, a resposta da pessoa, “que é de amor verdadeiro quando não há ‘se’ nem ‘mas’”.

“Enquanto a vida do mundo procura acumular, a vida consagrada deixa as riquezas que passam, para abraçar Aquele que permanece”, afirmou.

Além disso, disse que, “enquanto a vida do mundo depressa deixa vazias as mãos e o coração, a vida segundo Jesus enche de paz até ao fim”.

O Papa também assegurou aos consagrados e consagradas que “ter o Senhor nas mãos é o antídoto contra o misticismo isolado e o ativismo desenfreado, porque o encontro real com Jesus endireita tanto os sentimentalistas devotos como os ativistas frenéticos”.

“Viver o encontro com Jesus é o remédio também contra a paralisia da normalidade, abrindo-se ao rebuliço diário da graça. Deixar-se encontrar por Jesus, fazer encontrar Jesus: é o segredo para manter viva a chama da vida espiritual. É o modo para não ser absorvido numa vida asfixiadora, onde prevalecem as queixas, a amargura e as inevitáveis decepções”.

Por último, o Santo Padre os incentivou a ir contracorrente, como as mulheres que encontraram o sepulcro de Jesus vazio. “Também vós caminhais, no mundo, contracorrente: a vida do mundo facilmente rejeita a pobreza, a castidade e a obediência. Mas, como aquelas mulheres, continuai adiante, não obstante as preocupações com as pedras pesadas a remover”.

“E, como aquelas mulheres, primeiro encontrai o Senhor ressuscitado e vivo, estreitai-O ao coração e, logo a seguir, anunciai-O aos irmãos, com olhos que brilham de grande alegria. Sede, assim, a alvorada perene da Igreja”, concluiu.

Fonte: http://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-aos-consagrados-voces-sao-a-alvorada-da-igreja-27725/

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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