Papa Francisco alerta para o perigo da “religiosidade da aparência”

Segundo o ACI Digital (29/08/2021), o papa Francisco alertou os cristãos para o perigo de uma “religiosidade da aparência” ao comentar o evangelho na oração do Ângelus, neste domingo, 29, na Praça de São Pedro no Vaticano. O pontífice explicou que essa forma de religiosidade consiste em “aparecer bem por fora, esquecendo da purificação do coração”.

“Há sempre a tentação de sistematizar Deus com alguma devoção exterior, mas Jesus não se contenta com esse culto. Jesus não quer exterioridade. Ele quer uma fé que chegue ao coração”, afirmou o papa. “Também nós muitas vezes disfarçamos o coração”, lamentou.

Na sua catequese, Francisco alertou os fiéis ao fato de que, “com frequência, pensamos que o mal provém sobretudo de fora, do comportamento dos outros, de quem pensa mal de nós, da sociedade. Quantas vezes culpamos os outros, a sociedade, o mundo, por tudo aquilo que nos acontece!”.

“É sempre culpa dos outros: das pessoas, de quem governa, do azar, e assim por diante. Parece que os problemas chegam sempre de fora. E passamos tempo distribuindo as culpas, mas passar o tempo culpando os outros é perder tempo. A gente se torna nervoso, ácido, e mantemos Deus longe do coração”, afirmou.

Nesse sentido, ele disse que “não se pode ser verdadeiramente religioso na queixa. A queixa envenena, leva à raiva, ao ressentimento e à tristeza do coração que fecha as portas a Deus”.

Francisco abordou o tema ao comentar o trecho evangélico deste domingo, tomado do evangelho de são Marcos. Ele explicou que os discípulos de Jesus “pegavam o alimento antes das tradicionais abluções rituais” e que “alguns escribas e fariseus se escandalizavam pensando entre si: ´este modo de proceder é contrário à prática religiosa`”.

Francisco fez um convite a perguntar-nos por que Jesus e seus discípulos ignoravam essas tradições religiosas. “Porque para Ele é importante reestabelecer a fé ao seu centro. E evitar um risco, que vale tanto para aqueles escribas como para nós: observar formalidades externas colocando em segundo lugar o coração da fé”, afirmou.

De fato, “logo em seguida, Jesus chama a multidão para dizer uma grande verdade: não há nada que venha de fora que torne impuro o homem, mas é de dentro do coração humano que nascem todas as más intenções”.

O papa afirmou que “essas palavras são revolucionárias, porque na mentalidade da época se pensava que alguns alimentos ou contatos externos tornassem impuros. Jesus inverte a perspectiva: não faz mal o que vem de fora, mas o que nasce de dentro”.

Francisco finalizou o comentário prévio à oração do Angelus encorajando os fiéis a pedir “hoje ao Senhor que nos liberte de culpar os outros, como as crianças, que sempre dizem: ‘não fui eu, foi o outro`. Peçamos na oração a graça de não desperdiçar o tempo poluindo o mundo com reclamações, porque isso não é cristão. Jesus nos convida a olhar a vida e o mundo a partir do nosso coração”.

“Se olharmos dentro de nós, encontraremos quase tudo aquilo que detestamos fora. E se com sinceridade pedirmos a Deus para purificar o coração, aí sim, começaremos a tornar o mundo mais limpo. Porque há um modo infalível para vencer o mal: começar a derrotá-lo dentro de nós”, disse o papa.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-alerta-para-o-perigo-da-religiosidade-da-aparencia-72507

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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