Papa aos Diplomatas: a fraternidade e a esperança são os remédios para o mundo em 2021

Corpo Diplomático credenciado junto ao Vaticano: Papa identificou na crise dos relacionamentos humanos o maior desafio para a sociedade contemporânea em 2021.

Segundo o Gaudium Press (08/02/2021), na manhã desta segunda-feira, o Papa Francisco recebeu os embaixadores e membros do Corpo Diplomático credenciados junto à Santa Sé.

Eram representantes de 180 países que estavam presentes na reunião que se constitui em um dos mais tradicionais e principais eventos do ano no Vaticano e é a ocasião em que o Pontífice faz uma análise da atual conjuntura sociopolítica mundial.

A pandemia e suas consequências guiaram a reflexão de Francisco. Para o Papa as crises a que a Covid-19 provocou em universalmente, mostra que o mundo está doente, e não é só por causa do vírus, afirmou.

O Papa fala da crise sanitária e das legislações que se afastaram do dever primário de defender a vida

Para Francisco, neste 2020, a doença e a morte ficaram muito mais palpáveis com a pandemia, o que leva a recordar o valor da vida, “de cada vida humana e da sua dignidade, em todos os momentos, desde a concepção no ventre materno até ao seu fim natural”.

Foi nesta ocasião que Francisco manifestou sua dor pelo fato de que muitas legislações no mundo se afastaram do seu dever primário de defender a vida, legalizando o aborto com o pretexto de garantir “pretensos direitos subjetivos”.

Em suas palavras ao Corpo Diplomático, o Pontífice renovou seu apelo para que os cuidados na área na saúde, como as vacinas, por exemplo, estejam à disposição de todos.

Ele recordou, contudo, que é responsabilidade de todos manter um comportamento responsável para si e para os demais.

Não é só o ser humano que está enfermo, nossa Terra também está doente

Em outro trecho do seu longo discurso o Papa salientou que “não é apenas o ser humano que está doente, a nossa Terra também”. Francisco citou a exploração indiscriminada dos recursos naturais e as mudanças climáticas, que provocam, por sua vez, insegurança alimentar e desastres ambientais.

O Papa tratou também da crise no campo econômico: a pandemia obrigou muitos países a adotarem quarentenas e lockdowns para conter a difusão do vírus, com o consequente aumento do desemprego e da vulnerabilidade social.

Crises humanitárias foram acentuadas, como o tráfico de seres humanos, a exploração da prostituição e o fluxo migratório. O Papa mencionou a tensão na região moçambicana de Cabo Delgado, na Síria e no Iemên. E as violações cometidas contra milhares de deslocados, refugiados e repatriados.

Francisco afirmou em suas palavras aos Diplomatas, que a Santa Sé considera ineficaz a lógica das sanções de um país contra o outro:

“Oxalá esta conjuntura que estamos atravessando sirva, igualmente, de estímulo para perdoar ou, pelo menos, reduzir a dívida que pesa sobre os países mais pobres, impedindo efetivamente a sua recuperação e pleno desenvolvimento. ”

Incapacidade de procurar soluções comuns para os problemas que afligem o nosso planeta

Falando ainda de outras crises que envolvem a humanidade, Francisco tratou também da crise política: Para o Pontífice, a política também sofreu de Oriente a Ocidente.

O Papa constatou um “aumento das contraposições políticas e a dificuldade, senão mesmo a incapacidade, de procurar soluções comuns e partilhadas para os problemas que afligem o nosso planeta”. E encorajou os países a empreenderem reformas.

Manifestou sua satisfação com o Tratado para a Proibição das Armas Nucleares e falou de sua iminente viagem ao Iraque.

Além disso, Francisco desejou paz para Mianmar, Líbano, Terra Santa e Líbia e fez votos de que em 2021 se possa inscrever a palavra “fim” no conflito na Síria.

Recrudescimento do Terrorismo antirreligioso

O terrorismo também está presente nas preocupações do Papa.

São atos que com frequência atinge os locais de culto, “com uma consequência direta da defesa da liberdade de pensamento, consciência e religião”.

Crise dos relacionamentos humanos, pior das crises?

Segundo Francisco, há uma crise que talvez seja a mais grave de todas: a crise dos relacionamentos humanos, expressão de uma crise antropológica geral.

O Papa manifestou sua preocupação com a “catástrofe educativa”, acirrada com a pandemia, e que a crise da Covid-19 impactou que também nos relacionamentos familiares, com o aumento da violência doméstica e nas limitações da liberdade religiosa.

Cuidado com o corpo, sem prescindir do cuidado para com a alma em 2021

Para concluir seu discurso, o Papa afirmou que “Um bom cuidado do corpo nunca pode prescindir do cuidado da alma”:

“O ano de 2021 é um tempo a não perder; e não se perderá na medida em que soubermos colaborar com generosidade e empenho.

Neste sentido, considero que a fraternidade seja o verdadeiro remédio para a pandemia e os inúmeros males que nos atingiram.

Fraternidade e esperança são remédios de que o mundo precisa, hoje, tanto como as vacinas. ” (JSG)

(Da Reação Gaudium Press, com Informações e fotos Vatican Media)

Fonte: https://gaudiumpress.org/content/papa-aos-diplomatas-a-fraternidade-e-a-esperanca-sao-os-remedios-para-o-mundo-em-2021/

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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