Os papas falam sobre a Renovação Carismática

JOÃO XXIII

ORAÇÃO PELO VATICANO II

Podemos dizer que João XXIII foi precursor da Renovação Carismática. Sua é esta oração que compôs como preparação espiritual da Igreja ao trabalho do Concílio Vaticano II:

“Repita-se no povo cristão o espetáculo dos Apóstolos reunidos em Jerusalém, depois da ascensão de Jesus ao céu, quando a Igreja nascente se encontrou reunida em comunhão de pensamento e de oração com Pedro e em torno de Pedro, pastor dos cordeiros e das ovelhas.
Digne-se o Divino Espírito escutar da forma mais consoladora a oração  que sobe a Ele de todas as partes da terra.  Que Ele renove em nosso tempo os prodígios como de um novo Pentecostes, e conceda que a Santa Igreja, permanecendo unânime na oração, com Maria, a Mãe de Jesus, e sob a direção de Pedro, dilate o Reino do Divino Salvador, Reino de Verdade e Justiça, Reino de amor e de paz”.

PAULO VI
PRIMEIRA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE LÍDERES

Em Grottaferrata, perto de Roma, de 8 a 12 de outubro de 1973 teve lugar a Primeira Conferência Internacional de Líderes da Renovação Carismática.  Assistiram 120 dirigentes que procediam de 34 países.  Entre eles contavam-se dois bispos. A Conferência dialogou em torno dos temas: Comunicação e união, liderança responsável, preparação para o Batismo no Espírito Santo, e unidade a nível de cada país. Além disso, houve vários seminários e mesas-redondas, e foi elaborado um documento cuja publicação foi aprovada pela Congregação da Defesa da Fé.
Os delegados na audiência geral dada por Paulo VI no dia 10 de outubro entristeceram-se com o fato de que na audiência pontifícia não se tenha mencionado a Renovação; mas sua tristeza se mudou em gozo quando, ao terminar a audiência, se convidou, pelos alto-falantes, um grupo deles para que passasse a conversar reservadamente com o Papa. Foram designadas 13 pessoas, de 8 países.  O Papa lhes dirigiu um breve discurso, que foi publicado no dia seguinte no Osservatore Romano, e dialogou espontaneamente com todos eles. No dia seguinte o Papa recebeu o Cardeal Suenens e se informou mais amplamente sobre a Renovação. As palavras do Sumo Pontífice na audiência do dia 10 foram as seguintes:

A Renovação na Igreja

“Estamos sumamente interessados no que estais fazendo.  Ouvimos falar muito sobre o que acontece entre vós e nos regozijamos. Temos muitas perguntas e fazer-vos, mas não temos tempo.”
Dirigimos agora uma palavra aos Congressistas de Grottaferrata:
“Alegramo-nos convosco, queridos amigos, pela renovação de vida espiritual que hoje em dia se manifesta na Igreja, sob diferentes formas e em diferentes ambientes.”

Nesta renovação aparecem certas notas comuns:

–    O gosto por uma oração profunda, pessoal e comunitária;
–    Uma volta à contemplação e uma ênfase colocada na palavra de Deus;
–    O desejo de entregar-se totalmente a Cristo;
–    Uma grande disponibilidade às inspirações do Espírito Santo;
–    Uma leitura mais assídua da Escritura;
–    Uma ampla abnegação fraterna;
–    Uma vontade de prestar uma colaboração aos serviços da Igreja.

Em tudo isso podemos conhecer a obra misteriosa e discreta do Espírito que é a alma da Igreja.
A vida espiritual consiste antes de tudo no exercício das virtudes de fé, esperança e caridade.  Ela encontra na profissão de sua fé seu fundamento.

Esta foi confiada aos pastores da Igreja para que a mantenham intacta e ajudem a desenvolvê-la em todas as atividades da comunidade cristã.  A vida espiritual dos fiéis está, pois, sob a responsabilidade pastoral ativa de cada bispo em sua própria diocese. É particularmente oportuno recordar isso na presença destes fermentos de renovação que tantas esperanças suscitam.

Por outro lado, mesmo nas melhores experiências de renovação, a cizânia pode misturar-se com o trigo.
Portanto, uma obra de discernimento é indispensável; a qual corresponde àqueles que têm esta missão da Igreja: “Cabe-lhes especialmente não extinguir o Espírito, mas provar tudo e ficar com o que é bom” (cfr. 1 Tim 5,12 e 19-22) (Lumen Gentium, n. 12).  Deste modo progride o bem comum da Igreja ao qual se ordenam os dons do Espírito (cfr. 1Cor. 12,7).

“Faremos oração para que sejais cheios da plenitude do Espírito e vivais em sua alegria e santidade. Pedimos vossas orações e nos lembraremos de vós na Missa.”

Catequese de 1974

Em 10 de outubro de 1974, quando em Roma se celebrava o Sínodo dos bispos, o Papa Paulo VI se referiu à Renovação Carismática. Nesses dias tinha aparecido o livro de Cardeal Suenens intitulado: “Um Novo Pentecostes”.*  O Papa o mencionou explicitamente, e completou o texto que trazia escrito com um extenso improviso.  Os parágrafos improvisados foram gravados e difundidos pela Rádio Vaticana.

* Traduzido para o português por L.J. Gaio, sob o título: O Espírito Santo, Nossa Esperança; Ed. Paulinas, São Paulo, 1975.

O Novo Pentecostes

“A Igreja vive pela infusão do Espírito Santo, infusão que chamamos graça, isto é, Dom por excelência, caridade, amor do Pai comunicado a nós em virtude da Redenção realizada por Cristo, no Espírito Santo. Recordemos a síntese de Santo Agostinho: “o que a alma é para o corpo do homem, isso é o Espírito Santo para o Corpo de Cristo que é a Igreja”.

O Sopro Vital da Graça

Verdade conhecida. Todos ouvimos repetir e proclamar pelo recente Concílio: “Consumada a obra que o Pai confiara ao Filho para que Ele a realizasse sobre a terra, no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente a Igreja e assim dar aos crentes acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito. Este é o Espírito de vida … O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo: neles ora e dá testemunho de que são filhos adotivos. Leva a Igreja ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e no ministério, dota-a e dirige-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos, e embeleza-se com seus frutos.
Com a força do evangelho a rejuvenesce e incessantemente a renova” … (Lumen Gentium 4).

Um Novo Pentecostes

O que agora devemos afirmar é a necessidade da graça, isto é, de uma intervenção divina que supera a ordem natural, tanto para nossa salvação pessoal, como para o cumprimento do plano de redenção em favor de toda a Igreja e da humanidade que a misericórdia de Deus chama à salvação …  A necessidade da graça supõe uma carência imprescindível por parte do homem, supõe a necessidade de que o prodígio de Pentecostes tenha que continuar na história da Igreja e do mundo, e isso na dupla forma na qual o dom do Espírito Santo se concede aos homens:
Primeiro para santificá-los; esta é a forma primária e indispensável para que o homem se converta em objeto de amor de Deus.&&

Mas agora eu diria que a curiosidade – mas uma curiosidade muito legítima e bela – se fixa em outro aspecto. O Espírito Santo quando vem outorga dons. Já conhecemos os sete dons do Espírito Santo. Mas dá também outros dons que agora se chamam … bem (agora … sempre) se chamam carismas.  Que quer dizer carisma? Quer dizer dom: Quer dizer uma graça. São graças particulares dadas a alguém para outro, para que faça o bem. Alguém recebe o carisma da sabedoria para que chegue a ser mestre; e recebe o dom dos milagres para que possa realizar atos que, através da maravilha e da admiração, chamem à fé etc.

Agora essa forma carismática de dons que são dons gratuitos e de si não necessários, mas dados pela superabundância da economia do Senhor, que quer tornar a Igreja mais rica, mais animada e mais capaz de autodefinir-se e autodocumentar-se, denominar-se precisamente “a efusão dos carismas”. E hoje se fala muito disso. E, dada a complexidade e a delicadeza do tema, só podemos desejar que estes dons venham e oxalá venham em abundância. Que além da graça haja carisma que também hoje a Igreja de Deus possa possuir e obter.
Os Santos, especialmente Santo Ambrósio e São João Crisóstomo, isto é, os padres, disseram que os carismas foram abundantes nos primeiros tempos.

O Senhor deu esta, chamemo-la grande chuva de dons, para animar a Igreja, para fazê-la crescer, para afirmá-la, para sustentá-la. E depois a economia desses dons foi, diria eu, mais discreta, mais … econômica. Mas sempre existiram santos que realizaram prodígios, homens excepcionais existirem sempre na Igreja. Oxalá o Senhor aumente ainda mais a chuva de carismas para tornar fecunda, formosa e maravilhosa a Igreja, e capaz de impor-se até à atenção e ao estupor do mundo profano, do mundo laicizante.

Citaremos um livro que foi escrito precisamente neste tempo pelo cardeal Suenens, que se intitula: “Une nouvelle Pentecôte?” “Um novo Pentecostes?”.  Ele descreve e justifica esta expectativa que pode ser realmente uma providência histórica na Igreja, de uma difusão maior de graças sobrenaturais, que se chamam carismas.
Agora nos limitamos a recordar as principais condições que devem dar-se no homem para receber o dom de Deus por excelência que é precisamente o Espírito Santo; sabemos que Ele “sopra onde quer”, mas não rejeita o desejo de quem o espera, o chama e o acolhe (também quando este mesmo desejo procede de uma íntima inspiração sua).  Quais são estas condições?  Simplifiquemos a difícil resposta dizendo que a capacidade de receber este “doce hóspede da alma” exige fé, exige a humildade e o arrependimento, exige normalmente um ato sacramental; e na prática de uma vida religiosa requer o silêncio, o recolhimento, a escuta, e sobretudo a invocação, a oração, como fizeram os Apóstolos com Maria no Cenáculo. Saber esperar, saber invocar: “Vinde Espírito Criador, vinde Espírito Santo”.
Se a Igreja souber entrar numa fase de tal predisposição para a nova e perene vinda do Espírito Santo, Ele, a “luz dos corações”, não tardará em conceder-se, para gozo, luz, fortaleza, virtude apostólica e caridade unitiva de que hoje a Igreja tem necessidade.Assim seja. Com nossa bênção apostólica.

Formação Teológica e Bíblica

Queridos filhos e filhas (de língua inglesa):

Com muito prazer vos saudamos no amor de Jesus Cristo e em seu nome vos oferecemos uma palavra de alento e exortação para vossas vidas cristãs.
Estais reunidos aqui em Roma, debaixo do signo do Ano Santo. Juntamente com toda a Igreja vos esforçais pela renovação, renovação espiritual, renovação autêntica, renovação católica, renovação no Espírito Santo.  Agrada-nos ver sinais desta renovação: gosto pela oração, contemplação, louvor a Deus, atenção á graça do Espírito Santo e leitura mais assídua das Sagradas Escrituras. Sabemos também que desejais abrir vossos corações para a reconciliação com Deus e com vossos semelhantes.

A Vida Sacramental

Para todos nós, esta renovação e esta reconciliação são um desenvolvimento ulterior da graça da adoção divina, a graça do nosso batismo sacramental “em Cristo Jesus” e “em sua morte” (Rom 6,3) com o fim de “viver uma vida nova” (v. 4).

Daí sempre muita importância ao sacramento do batismo e às exigências que ele impõe. São Paulo é muito claro: “assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor” (v. 11). Este é o grande desafio da vida sacramental cristã, na qual temos que alimentar-nos com o Corpo e Sangue de Cristo, renovar-nos com o sacramento da penitência, fortalecer-nos com o sacramento da confirmação e confortar-nos com a oração humilde e perseverante. Este é o chamado para que abrais os vossos corações aos irmãos necessitados. Não há limites para o desafio do amor. Os pobres, os necessitados, os aflitos e os que sofrem no mundo e a vosso lado, todos vos dirigem seu clamor como irmãos em Cristo, pedindo-vos a prova de vosso amor, pedindo a palavra de Deus, pedindo pão, pedindo vida. Querem ver um reflexo do amor imolado e generoso do próprio Cristo ao pai e aos irmãos.

Autenticidade Cristã

Sim, queridos filhos e filhas, é desejo de Cristo que o mundo veja vossas boas obras, a bondade de vossos atos, a prova de vossas vidas cristãs e que glorifique ao pai que está nos céus (Mt 5,16). Isto é renovação espiritual de verdade e somente pode conseguir-se mediante o Espírito Santo. Por isso não cessamos de exortar-vos veementemente a “aspirar pelos melhores dons” (1Cor 12,31).  Este foi nosso pensamento ontem quando dissemos na solenidade de Pentecostes: “Sim, esta é uma data de alegria, mas também de resoluções e propósitos: Abrir-nos ao Espírito Santo, eliminar tudo o que se opõe à Sua ação e proclamar, na autenticidade cristã de nossa vida diária, que “Jesus é o Senhor”.

(Audiência de 19 de maio de 1975)

SEGUNDA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE LÍDERES

No Pentecostes de 1973, o Papa Paulo VI convocou a Igreja para celebrar, primeiro por todo o mundo e depois em Roma, o Ano Santo. O Papa escreveu então:

“Todos nós devemos colocar-nos a barlavento do sopro misterioso, ainda que agora, de certo modo identificável, do Espírito Santo. Não é sem significado o fato de que, precisamente no dia feliz de Pentecostes, o ano santo enfune suas velas em cada uma das Igrejas Locais, a fim de que uma nova navegação, um novo movimento verdadeiramente pneumático, isto é, carismático, impulsione numa única direção e em concorde emulação a humanidade crente para as novas metas da história cristã, para seu porto escatológico.
Para celebrar o Ano Santo, os integrantes da Renovação Carismática quiseram reunir-se em Roma, num grande encontro internacional, de 16 a 19 de maio de 1975. Foram 10.000 os peregrinos que celebraram “a Renovação e a Reconciliação” nos campos limítrofes das Catacumbas de São Calixto. Acompanharam-nos dois cardeais e dez bispos.
Alguns dias antes de 12 a 15 de maio, nas instalações de “Domus Pacis” se havia reunido o Segundo Congresso Internacional de Líderes da Renovação Carismática.
Ao se reunirem em Roma, os integrantes da Renovação quiseram dar um testemunho de sua fé e fidelidade à Igreja e ao Papa, exprimir o desejo de serem dóceis para que o Espírito Santo os usasse como instrumentos para a Renovação da Igreja, celebrar na oração a festividade de Pentecostes, junto ao sucessor de Pedro, e aproveitar gozosamente o ano santo como graça para cada um deles, para a Igreja e para o mundo.
O documentário “Alabaré” recolheu as recordações destas reuniões, e sobretudo o júbilo transbordante dos congressistas quando, cerca de meio-dia de 19 de maio, o Papa Paulo VI entrou na Basílica de São Pedro, entre uma tempestade de relâmpagos luminosos, desencadeada por milhares de câmaras fotográficas, no meio de jubilosos cânticos de aleluia e de louvor.
O Papa pronunciou quatro discursos: em francês, em inglês, espanhol e italiano. Se João XXIII tinha aberto as janelas da Igreja ao vento renovador, Paulo VI abria as portas de par em par.

A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA

Neste Ano Santo escolhestes a cidade de Roma para celebrar o vosso III Congresso Internacional, amados filhos e queridas filhas. Vós nos pedistes para que nos encontrássemos hoje convosco e que vos dirigíssemos a palavra: dessa forma quisestes manifestar vossa adesão à Igreja instituída por Jesus Cristo e a tudo o que para vós representa esta sede de Pedro. Este interesse por situar-vos dentro da Igreja é sinal autêntico da ação do Espírito Santo.  Pois Deus se fez homem em Jesus Cristo, cujo corpo místico é a Igreja, na qual foi comunicado o Espírito de Cristo no dia de Pentecostes, quando desceu sobre os Apóstolos reunidos no “andar superior”, “perseverando unânimes na oração”, “com Maria, mãe de Jesus” (cfr. At 1, 13-14).

O Prodígio de Pentecostes se prolonga na História

No mês de outubro último, dissemos, na presença de alguns de vós, que a Igreja e o mundo têm necessidade mais do que nunca que “o prodígio de Pentecostes se prolongue na história” (L’Osservatore Romano, Edição em língua espanhola, 20 de outubro de 1974, p. 2).  Com efeito o homem moderno, embriagado por suas conquistas, chegou a crer, para dizê-lo com palavras do último Concílio, que “ele é seu próprio fim, o único artífice e demiurgo de sua própria história” (Gaudium et Spes, 20,1).  Infelizmente, para todos aqueles que, por tradição, continuam professando a sua existência e, por dever, continuam prestando-lhe culto, Deus se converteu em algo alheio à sua vida.
Para um mundo assim, cada vez mais secularizado, não há nada mais necessário do que o testemunho desta “renovação espiritual” que o Espírito Santo suscita hoje visivelmente nas regiões e ambientes mais diversos. As manifestações desta renovação são variadas: comunhão profunda das almas, contato íntimo com Deus na fidelidade aos compromissos assumidos no batismo, na oração com freqüência comunitária, onde cada um, exprimindo-se livremente, ajuda, sustenta e fomenta a oração dos outros, tudo fundamentado numa convicção pessoal, derivada não só da doutrina recebida pela fé, mas também de certa experiência vivida, a saber, que sem Deus o homem nada pode, e que com Ele, pelo contrário, tudo é possível, daí essa necessidade de louvá-lo, dar-lhe graças, celebrar as maravilhas que realiza por toda parte em torno de nós e em nós mesmos. A existência humana encontra sua relação com Deus, a chamada “dimensão vertical”, sem a qual o homem está irremediavelmente mutilado. Não é que a busca de Deus se mostre como um desejo de conquista ou de posse: essa busca quer ser pura acolhida Àquele que nos ama e se nos entrega livremente desejando, porque nos ama, comunicar-nos uma vida que devemos receber gratuitamente dele, mas não sem humilde fidelidade de nossa parte E essa fidelidade tem que saber reunir a fé e as obras, segundo a doutrina de Tiago: “Pois como o corpo sem o espírito está morto, assim também está morta a fé sem as obras” (Tg 2,26).

Então, esta “renovação espiritual”, como poderia deixar de ser uma “sorte” para a Igreja e para o Mundo?  E neste caso, como não adotar todos os meios para que continue a sê-lo.
Estes meios, queridos filhos e filhas, vos serão indicados pelo Espírito Santo, de acordo com a prudência daqueles aos quais “Ele mesmo constituiu bispos para apascentar a Igreja de Deus” (At 20,28).  Porque o Espírito Santo é quem inspirou a São Paulo algumas diretrizes precisas, que nos contentaremos em recordar-vos. Segui-las fielmente será vossa maior garantia para o futuro.
Sabeis quanta importância dava o Apóstolo aos “dons espirituais”: “Não apagueis o Espírito”, escrevia aos tessalonicenses (1 Tes 5,9), acrescentando a seguir: “Provai tudo e ficai com o que é bom” (id. 5,21). Portanto, considerava que sempre é necessário um discernimento e confiava sua vigilância aos que tinha posto à frente da comunidade (cfr. 5,12).  Com os Coríntios, alguns anos depois, entra em mais detalhes; assinala-lhes sobretudo três princípios, à luz dos quais poderão efetuar com maior facilidade esse discernimento indispensável.

A Doutrina de São Paulo sobre os Carismas

O primeiro, com o que começa a sua exposição, é a fidelidade à doutrina autêntica da fé (cfr. 1Cor 12, 1-3). O que contradiz esta doutrina não pode vir do Espírito Santo: aquele que distribui seus dons é o mesmo que inspirou a Escritura e assiste o magistério vivo da Igreja, à qual, segundo a fé católica, Cristo confiou a interpretação autêntica da Escritura (cfr. Dei Verbum, 10).  Por isso sentis a necessidade de uma formação doutrinal cada vez mais profunda: bíblica, espiritual, teológica.  Somente uma formação assim, cuja autenticidade e hierarquia tem que garantir, vos preservará dos desvios sempre possíveis e vos proporcionará a certeza e o gozo de ter servido a causa do Evangelho “não como quem açoita o ar” (1 Cor 9,26).
Segundo princípio: Todos os dons espirituais devem ser recebidos com gratidão; e vós sabeis que sua enumeração é longa (cfr. 1Cor 12,4-10. 28-30), sem aliás pretender ser completa (cfr. Rom 12, 6-8; Ef. 6,11). Todavia, concedidos “para comum utilidade” (1Cor 2,7), nem todos contribuem para ela no mesmo grau. Por isso os coríntios devem aspirar “aos melhores dons” (id. 12,31), os mais úteis à comunidade (id. 14, 1-5).
O terceiro princípio é mais importante no pensamento do Apóstolo. Ele sugeriu uma das páginas mais belas de todas as literaturas, à qual um autor recente deu o título evocador: “Acima de tudo paira o amor” (E. Osty).

Todos os Dons do Espírito se ordenam ao Amor

Por mais desejáveis que sejam os dons espirituais – e são, sem dúvida – somente o amor de caridade, a ágape, torna perfeito o cristão, só ele torna o homem “agradável a Deus”, gratia gratum faciens, dirão os teólogos. Porque esse amor não só supõe o dom do Espírito; implica também a presença ativa de sua Pessoa no coração do cristão. Comentando estes versículos, os Padres da Igreja o explicam sem cessar. Segundo São Fulgêncio, para citar apenas um exemplo, “o Espírito Santo pode conferir toda classe de dons sem estar presente Ele mesmo; ao contrário, quando concede o amor, prova que Ele mesmo está presente pela graça”, se ipsum demonstrat per gratiam praesentem, quando tribuit caritatem (Contra Fabianum, fragmento 28; PL 65,791).  Presente na alma, juntamente com a graça lhe comunica a própria vida da Santíssima Trindade, o próprio amor com o qual o Pai ama seu Filho no Espírito (cfr. Jo 17,26), o amor com que Cristo nos amou e com que nós, de nossa parte, podemos e devemos amar os nossos irmãos (cfr. Jo 13,34) “não de palavra nem de língua, mas de fato e de verdade” (1Jo 3,18).&&

Caridade Operante

Sim, pelos frutos se conhece a árvore, e São Paulo nos diz que “os frutos do Espírito são: caridade, gozo, paz, longanimidade, afabilidade, bondade, fé” (Gál. 5,22), tal como o descreve em seu hino ao amor. A ele se ordenam todos os dons que o Espírito Santo distribui a quem Ele quer, pois o que constrói é o amor (cfr. 1Cor 8,1), como foi o amor que, depois de Pentecostes, fez dos primeiros cristãos uma comunidade: “Perseveram em ouvir o ensinamento dos apóstolos” (At 2,42), “tinham um só coração e uma só alma” (id. 4,32).
Segui fielmente estas diretrizes do grande Apóstolo. E, segundo a doutrina do mesmo Apóstolo, sede fiéis também à celebração freqüente e digna da Eucaristia (cfr. 1Cor 26,29).  É o meio escolhido pelo Senhor para que tenhamos sua vida em nós (cfr. Jo 6,53).  Da mesma forma, aproximai-vos também com confiança do sacramento da reconciliação.  Estes sacramentos manifestam que a graça nos vem de Deus através da mediação necessária da Igreja.

Caros filhos e filhas: com a ajuda do Senhor, contando com a intercessão de Maria, Mãe da Igreja, e na comunhão de fé, de caridade e de apostolado com vossos pastores, estareis certos de não equivocar-vos.  E dessa forma contribuireis por vossa parte para a renovação da Igreja, que é a renovação do mundo.
Jesus é o Senhor! Aleluia!

Comunhão Eclesial

Mui amados filhos e filhas:

Por ocasião de vosso terceiro congresso internacional, quisestes vir aqui demonstrar vossa adesão à Igreja e à Sede de Pedro. Esse desejo de inserir-vos na Igreja é um sinal autêntico da ação do Espírito, que age nela, Corpo Místico de Cristo.

Toda a renovação espiritual de que a Igreja e o mundo necessitam hoje deve partir dessa sólida base de comunhão eclesial, que é a comunhão de espíritos e de propósitos numa fidelidade absoluta à doutrina da fé. Daí deverá brotar a busca dos meios para tornar Deus presente às consciências. Presença que deve alimentar-se com um aumento do cultivo dos valores sobrenaturais, do contato íntimo com Deus e da oração, que façam o homem transcender o humano para colocá-lo na verdadeira panorâmica diante de Deus e dos outros.

Colaborai dessa forma para construir a Igreja.

Recebei o Espírito Santo com Alegria

Seja-me permitido dizer uma palavra também em italiano, ou melhor, duas palavras, uma para vós, peregrinação carismática, e uma para os outros peregrinos que ocasionalmente se encontram presente nesta grande assembléia.

A primeira para vós:

Refleti no binômio que forma vossa definição. Onde entra o Espírito, estejamos imediatamente atentos, imediatamente felizes por saudar a vinda do Espírito Santo. Nós o convidamos, o queremos, o desejamos antes de tudo: que o povo cristão, o povo crente tenha dessa presença do Espírito de Deus em nós, um pressentimento, um culto, uma alegria superior.

Tínhamos esquecido o Espírito Santo?  Certamente não. Nós o queríamos, o honrávamos, o louvávamos e o convidávamos … e vós, com vossa devoção, com vosso fervor, quereis viver desse Espírito Santo.
Deve dar-se uma renovação, um rejuvenescimento do mundo. Deve dar-se de novo uma espiritualidade, uma alma, um pensamento religioso ao mundo, devem abrir-se de novo os lábios fechados à oração, abrir-se ao cântico, à alegria, ao hino, ao testemunho.

Será verdadeiramente uma grande sorte para o nosso tempo e para os nossos irmãos que haja toda uma geração, vossa geração de jovens, que grite ao mundo as grandezas de Deus no Pentecostes.

No hino de Laudes que líamos esta manhã no breviário – e é um hino que vem nada menos do que de Santo Ambrósio, no século IV -, há uma expressão: Vou traduzi-la; aliás é muito simples:

Laeti: isto é, com alegria; bibamus: absorvamos; sobriam: o que quer dizer bem identificada, bem medida; profusionem Spiritus: a profusão do Espírito.

“Laeti bibamus sobriam profusionem Spiritus” pode ser uma fórmula que assinale a vosso movimento um programa…
A segunda palavra para os peregrinos presentes que não pertencem ao vosso movimento: Para que eles também se associem na celebração da festa de Pentecostes para a renovação espiritual do mundo, de nossa sociedade, de nossas almas… Vieram como peregrinos, devotos a este centro da fé católica e alimentar-se do entusiasmo e da energia espiritual com que devemos viver nossa religião.

Nós vos diremos somente isto: hoje, ou se vive com devoção, com profundidade, com alegria e com gozo a própria fé, ou então se perde esta mesma fé.

CARTA AO CARDEAL SUENENS

Ao nosso venerável Irmão
Leo Josef Suenens, Arcebispo de Malinas – Bruxelas

Tomamos conhecimento com muita atenção da carta que vos dirigistes, em 15 de abril passado, com relação ao Movimento da Renovação Carismática.

Se não pudemos manifestar-vos tão rapidamente quanto tínhamos desejado a nossa satisfação pelo atento cuidado com que velais por assegurar uma plena integração deste Movimento na vida da Igreja Católica, sentimo-nos felizes em dizer-vos hoje o quanto apreciamos este esforço. Pedimos ao Senhor que vos cumule de sua graça neste serviço eclesial, e vos renovamos de coração a nossa afetuosa Bênção Apostólica.

Cidade do Vaticano, 27 de maio de 1978.

                                Paulo, pp. VI

TELEGRAMA À TERCEIRA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE LÍDERES

Por motivo da Terceira Conferência Internacional de Líderes da Renovação Carismática, reunida em Dublin, em junho de 1978, o Papa Paulo VI fez enviar por meio do cardeal Jean Villoto o seguinte telegrama:
Cidade do Vaticano, 18 de junho de 1978.

“O Santo Padre envia saudações de alegria e paz aos que tomam parte na Conferência Internacional de Renovação Carismática da Igreja Católica.  Dá graças a Deus pelos dons divinos que agem na vida de muitos filhos e filhas da Igreja Católica.

Sua Santidade ora para que os grandes frutos do Espírito Santo sustentem os participantes numa vida cristã genuinamente sacramental, levando-os a crescer de maneira sensível segundo as necessidades imensas de todo o Corpo de Cristo e confirmando-os numa total colaboração com a Hierarquia e na unidade eclesiástica com a Igreja inteira.

Também ora para que por meio da efusão do Espírito Santo, o testemunho evangélico de todos os participantes seja perfeito, de tal sorte que possam proclamar efetivamente na autenticidade cristã de suas vidas diárias que Jesus é Senhor.

Com estes sentimentos o Santo Padre com prazer envia sua “bênção apostólica”.

JOÃO PAULO I
CARTA AO CARDEAL JOSÉ SUENENS

Nos curtos 33 dias de Pontificado, o Papa João Paulo I não chegou a se pronunciar sobre a Renovação Carismática; todavia, o Cardeal José Suenens revelou a carta de 10 de dezembro de 1974 que o Patriarca de Veneza, Albino Luciani, lhe havia enviado, referente ao livro “Um Novo Pentecostes”.

… na página 260 de teu livro, dizes: “Tudo está mal expresso”. Eu penso o contrário: “Foi expresso extremamente bem”.

Tens o dom de escrever de modo que atrai, interessa e convence o leitor.  Isso se refere somente ao estilo.
Quanto ao conteúdo, confesso que enquanto lia me senti forçado a reler, com novo olhar, os textos de São Paulo e dos Atos dos Apóstolos, textos que eu julgava saber.

Teu livro foi e será uma valiosa orientação para mim, por me ter feito ler novamente os Atos.  Obrigado pelo bem que fizestes à minha alma e pelo serviço que prestasse à Igreja através de tua inspiração…”

JOÃO PAULO II
AUDIÊNCIA AO CONSELHO INTERNACIONAL

No dia 11 de dezembro de 1979, o Papa João Paulo II recebeu em audiência especial o Cardeal José Suenens, o bispo Alfonso Uribe e os membros do Conselho Internacional da Renovação Carismática. A audiência teve uma duração de hora e meia, e começou com a projeção de um documentário sobre a Renovação. Quando a projeção terminou, o Pontífice exprimiu sua satisfação dizendo:

“Obrigado. Foi uma expressão de fé. Sim, o cântico, as palavras e os gestos.  É … como dizê-lo? Posso dizer que é uma revolução desta expressão vital. Dizemos que a fé é assunto da inteligência, e às vezes também do coração. Mas esta dimensão expressiva da fé estava ausente. Esta dimensão da fé era reduzida, muito escassa.  Agora podemos dizer que este movimento está em todas as partes, também em meu país. Mas é diferente.
Na Polônia não é tão expressivo. Posso dizer que na Polônia a mentalidade é a mesma, mas em outra edição”.

Depois dessas palavras vieram as saudações, as informações e um diálogo informal muito amável referente aos diversos aspectos da Renovação, e alguém sugeriu ao Papa se deseja indicar normas de ação para os carismáticos. Então o Papa fez os seguintes comentários:

“Este é meu primeiro encontro convosco, católicos carismáticos, de modo que ainda não posso responder a este pedido. Seja-me permitido, primeiro, explicar minha própria vida carismática.
Eu sempre pertenci a esta renovação no Espírito Santo. Minha primeira experiência foi muito interessante. Quando estava na escola, tinha mais ou menos doze ou treze anos, às vezes tinha dificuldade em meus estudos, particularmente com as matemáticas. Meu pai me deu um livro de oração, abriu-o numa página e me disse: Aqui tens a oração do Espírito Santo. Deves dizer esta oração todos os dias de tua vida. Permaneci obediente a esta ordem que meu pai me deu há uns 50 anos, que creio não seja pouco tempo. Esta foi minha primeira iniciação espiritual, de maneira que posso entender o que se relaciona com os diferentes carismas. Todos eles são partes da riqueza do Senhor. Estou convencido de que este movimento é um sinal de sua ação. O mundo tem muita necessidade desta ação do Espírito Santo, e de muitos instrumentos para esta ação.

 A situação no mundo está muito perigosa. O materialismo se opõe à verdadeira dimensão do poder humano, todas as diferentes classes do materialismo. O materialismo é uma negação do espiritual, e é por isso que necessitamos da ação do Espírito Santo. Agora eu vejo este movimento, esta atividade por todas as partes. Em meu próprio país vi uma presença especial do Espírito Santo. Através dessa ação.  O Espírito Santo vem ao espírito humano, e a partir desse momento começamos novamente a viver, a encontrar-nos conosco mesmos, a encontrar a nossa identidade, nossa total humanidade.  De maneira que estou convencido de que este movimento é um importante componente dessa total renovação da Igreja, dessa renovação espiritual da Igreja”.

Ao concluir esta intervenção, houve um tempo dedicado à oração e ao cântico. Depois perguntamos ao papa por que intenções devíamos rezar, e ele respondeu: “Peçam pelos povos que não podem exprimir-se, pelos que sofrem perseguições, de acordo com as leis, os que não podem exprimir sua fé em Cristo. Procurem tê-los em vossos corações”.

Um ano mais tarde, ao escrever-lhe uma carta perguntando-lhe se se devia continuar orando pelas mesmas intenções, D. Eduardo Martínez, Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, respondeu assim em nome do Papa: “Sua Santidade deseja reafirmar sua profunda gratidão pelo apoio fervente da Renovação Carismática em todo mundo, e ao mesmo tempo agradecer a promessa de lealdade e solidariedade na fé. O Santo Padre deseja que continuem orando pelas intenções que já lhes fizera conhecer, pois as mesmas permanecem junto ao seu coração, e são muito importantes para a missão da Igreja”.

AUDIÊNCIA AOS CARISMÁTICOS DA ITÁLIA

No domingo do dia 23 de novembro de 1980, imediatamente depois do “Angelus” do meio-dia, João Paulo II recebeu 18.000 membros do Movimento Nacional Italiano de “Renovação no Espírito”, que tinham vindo a Roma de diferentes partes do país, como representantes dos 480 grupos espalhados por toda a Itália. A audiência teve lugar na Sala Paulo VI.  No vestíbulo receberam o Papa alguns representantes de diferentes regiões e lhe ofereceram dons típicos do campo e do artesanato.  Uma vez na Sala, o Santo Padre ouviu vários cânticos e depois pronunciou estas palavras:

A Presença de Cristo em Nós

Caríssimos irmãos e irmãs:

1.  Obrigado, antes de tudo, por esta alegre visita e, particularmente, pelas orações que elevastes ao Senhor por mim e pelas responsabilidades de meu serviço pastoral. Eu vos direi com São Paulo que tinha “um vivo desejo de ver-vos, para comunicar-vos algum dom espiritual a fim de confirmar-vos, ou melhor, para consolar-me convosco de nossa comum fé” (Rom 1, 11-12).

Nesta manhã tenho a alegria de encontrar-me com vossa assembléia, na qual vejo jovens, adultos, anciãos, homens e mulheres, solidários na profissão da mesma fé, animados pelo alento de uma mesma esperança, estreitados juntamente com os vínculos dessa caridade que “se derramou em nossos corações pela virtude do Espírito Santo, que nos foi dado” (Rom 5,5).  Nós sabemos que devemos a esta “efusão do Espírito” uma experiência cada vez mais profunda da presença de Cristo, graças à qual podemos crescer cada dia no conhecimento amoroso do Pai. Portanto, justamente vosso movimento presta particular atenção à ação misteriosa, mas real que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade desenvolve na vida do cristão.

2,  As palavras de Jesus no Evangelho são explícitas: “Eu pedirei ao Pai e ele vos dará outro Confortador, para estar convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece.  Vós, porém, o conheceis, porque habita entre vós e em vós estará” (Jo 14, 16-17).

A Efusão Pentecostal do Espírito Santo

Antes de subir ao céu, Jesus renova aos Apóstolos a promessa de que serão batizados “no Espírito Santo” (At 1,5) e, cheios de seu poder (cfr. At 2,2), darão testemunho dele em todo mundo, falando em línguas estranhas segundo o Espírito lhes dava (cfr. At 2,4).  No livro dos Atos, o Espírito Santo se apresenta ativo e operante naqueles cujas gestas se narram, seja como guias da comunidade (cfr. At 2, 22-36; 4, 5-22; 5,31; 9,17; 15, 28 etc) ou simples fiéis (cfr. At 4, 31-37; 10, 45-47; 13,50-52 etc).

Não é de estranhar que os cristãos de então tirassem dessas experiências a convicção íntima de que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não é de Cristo” (Rom 8,9); e por isso se sentissem comprometidos a não “apagar o Espírito” (1Tes 5,19), a “não entristecê-lo” (cfr. 4,30), mas a “deixar-se guiar” por Ele (Gál. 5,18), sustentados pela esperança de que “quem semeia no Espírito colherá a vida eterna” (Gál. 6,8).

Com efeito, Cristo confiou ao Espírito a missão de levar a cabo a “nova criação” à qual ele mesmo deu início com sua ressurreição. Do Espírito, pois, deve-se esperar a progressiva regeneração do cosmos e da humanidade, entre o “já” da Páscoa e o “ainda não” da Parusia.

É importante que também nós, cristãos a quem a Providência colocou para viver nos anos conclusivos desse segundo milênio, reavivamos a íntima consciência dos misteriosos caminhos através dos quais ela leva avante seu desígnio de salvação. Deus se comunicou irrevogavelmente em Cristo. Todavia, por meio do Espírito vive e age o Ressuscitado permanentemente no meio de nós e pode tornar-se presente em cada “aqui” da experiência humana há história.

Com gozo profundo e gratidão emocionada renovamos portanto, nosso ato de fé em Cristo Redentor, sabendo bem que “ninguém pode dizer Jesus é o Senhor, senão no Espírito Santo” (1 Cor 12,3).  É Ele que nos reúne num só corpo na unidade da vocação cristã e na multiplicidade dos carismas. É Ele que opera a santificação e a unidade da Igreja (cfr. Pontifical Romano, Rito de Confirmação, n. 25-47).

3.  O Concílio Vaticano II dedicou uma atenção particular à multiforme ação do Espírito na história da salvação: sublinhou a “Admirável providência” com que Ele impulsiona a sociedade a progredir para metas cada vez mais avançadas de justiça, amor e liberdade (cfr. Gaudium et Spes, 26); ilustrou sua presença operante na Igreja, que é solicitada por Ele para realizar o plano divino (cfr. Lumen Gentium, 17) mediante uma compreensão cada vez mais profunda da Revelação (cfr. Dei Verbum, 5,8,4,40 etc) e de comunhão na caridade (cfr. Lumen Gentium 13; Unitatis Redintegratio, 2,4), finalmente sublinhou sua ação em cada um dos fiéis, que Ele estimula a um corajoso testemunho apostólico (cfr. Apostolicam Actuositatem, 3), fortalecendo-os por meio dos sacramentos e enriquecendo-os de “graças especiais, com as quais os torna aptos e prontos para exercer diversas obras e funções, úteis para a renovação e a maior expansão da Igreja” (Lumen Gentium 12).

Oração, Testemunho e Serviço

Que perspectivas amplas se abrem filhos queridos, diante de nossos olhos? Certamente, não faltam riscos, porque a ação do Espírito se desenvolve em “vasos de barro” (cfr. 2Cor 4,7), que podem reprimir sua livre expansão. Vós conheceis quais são: uma excessiva importância dada, por exemplo, à experiência emocional do divino; a busca desmedida do “espetacular” e do “extraordinário”; o ceder a interpretações apressadas e desviadas da Escritura; um debruçar-se sobre si mesmo que foge do compromisso apostólico, a complacência narcisista que se isola e se fecha. Estes e outros são os perigos que surgem em vosso caminho, e não só no vosso. Dir-vos-ei com São Paulo: “Provai tudo e ficai com o que é bom” (1 Tes 5,21).  Isto é, permanecei em atitude de constante e agradecida atividade para todo dom que o Espírito deseja difundir em vossos corações, mas não esquecendo, contudo, que não há carisma que não seja dado “para utilidade comum” (1 Cor 12,7).  Aspirai, em todo caso, aos “carismas melhores” (id. V. 31).

  E vós sabeis, a este propósito, qual é “o caminho melhor” (id.); numa página estupenda, São Paulo assinala este caminho da caridade, que, por si só, dá sentido e valor aos outros dons (cfr. 1 Cor 13).
Animados pela caridade, não só vos colocareis em espontânea e dócil escuta daqueles “a quem o Espírito Santo constituiu bispos para apascentar a Igreja de Deus” (At 20,28), mas sentireis também a necessidade de abrir-vos a uma compreensão cada vez mais atenta dos outros irmãos com o desejo de chegar a ter com eles verdadeiramente “um só coração e uma só alma” (AT 4,32).  Daqui brotará a autêntica renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II desejou e que vós tratais de facilitar com a oração, com o testemunho, com o serviço.  A “renovação no Espírito”, efetivamente, lembrei na Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, “terá uma verdadeira fecundidade na Igreja, não tanto na medida em que subsistem carismas extraordinários, quanto na medida em que se conduz o maior número possível de fiéis, em sua vida cotidiana, a um esforço humilde, paciente e perseverante para conhecer sempre melhor o mistério de Cristo e dar testemunho dele” (n. 72).

Ao invocar sobre vós e sobre vosso compromisso a amorosa e assídua proteção daquela que “por obra do Espírito Santo concebeu em seu seio e deu à luz o Filho de Deus encarnado” (cfr. Lc 1,35), vos concedo de coração minha bênção apostólica, que com prazer estendo aos que fazem parte do Movimento e a todas as pessoas que vos são caras no Senhor.

QUARTA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE LÍDERES

Por ocasião do Quarto Congresso Internacional de Dirigentes da Renovação Carismática, na semana de 4 a 10 de maio de 1981, o Papa João Paulo II recebeu em cinco oportunidades participantes desse Congresso.  Deu uma audiência ao Cardeal Suenens, almoçou com integrantes do Conselho Internacional, participou de uma Assembléia de Oração, celebrou a Eucaristia com alguns sacerdotes e convidou a cear com ele os delegados da Polônia.

A Assembléia de Oração teve lugar nos jardins do Vaticano, na quinta-feira de 7 de maio, das 8 às 9,30 da noite. Presididos pelo Papa, os carismáticos oraram, cantaram, ouviram a Palavra de Deus e também a palavra de quem em nome de Jesus Cristo pastoreia a Igreja.

Os 600 delegados ao Congresso provinham de quase cem países. Seu número e variedade mostrava a extensão extraordinária e a grande vitalidade que em poucos anos alcançou a Renovação Carismática. A alegria com que acolheram as orientações do Pontífice, que a seguir se transcrevem, e a decisão de levá-las à prática, marca sem dúvida uma etapa na vida da Renovação.

Caros irmãos e irmãs em Cristo:

Na alegria e na paz do Espírito Santo, quero dar as boas-vindas a vós que viestes a Roma para participar da IV Conferência Internacional de dirigentes da Renovação Carismática Católica; ao mesmo tempo, elevo a minha oração para que “a graça do Senhor Jesus Cristo e a caridade de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2 Cor 13,13).

1. O fato de ter escolhido Roma como lugar desta Conferência é um indício especial da importância que tem para vós o estar arraigado nesta unidade católica de fé e caridade que tem seu centro visível na Sede de Pedro.  Diante de vós vai a vossa fama, como aquela que celebrava o Apóstolo Paulo em seus queridos Filipenses e que o moveu a começar a Carta que lhes dirige com sentimentos que eu me alegro em poder evocar agora: “Sempre que me lembro de vós dou graças a Deus … Por isso rogo que vossa caridade cresça mais e mais em conhecimento e em toda discrição, para que saibais discernir o melhor e sejais puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo” (Flp 1, 3.9-10).

Princípios para guiar o Discernimento

2.  Em 1975, meu venerável predecessor Paulo VI falou ao Congresso carismático internacional, reunido em Roma, e sublinhou os três princípios apontados por São Paulo para guiar o discernimento, de acordo com a exortação: “Provai tudo e ficai com o que é bom” (1 Tes 5,21).  O primeiro desses princípios é fidelidade à doutrina autêntica da fé; tudo o que contradiz essa doutrina não procede o Espírito.  O segundo princípio é apreciar, os dons mais excelsos, os dons que são outorgados para o serviço do bem comum.  E o terceiro princípio é ir empós da caridade, a única que pode levar o cristão até à perfeição: como diz o Apóstolo: “Acima de tudo isso, vesti-vos da caridade que é um vínculo de perfeição” (Col. 3,14). Não é menos importante para mim neste momento ressaltar estes princípios fundamentais para vós, a quem Deus chamou a servir como dirigentes da Renovação.

O Papa Paulo descreveu o Movimento para a Renovação como “uma sorte para a Igreja e para o mundo”, e os seis anos que se passaram desde aquele Congresso vieram confirmar a esperança que animava seu pensamento.  A Igreja viu os frutos de vosso zelo pela oração num firme compromisso de santidade de vida e de amor à Palavra de Deus.  Constatamos com especial alegria a maneira pela qual os dirigentes da Renovação desenvolveram cada vez mais uma ampla visão eclesial, esforçando-se ao mesmo tempo para fazer dessa visão uma realidade crescente para quantos dependem deles em sua direção. Vimos também os sinais de vossa generosidade na comunicação dos dons recebidos de Deus com os desamparados deste mundo, na justiça e na caridade, de maneira que todos podem descobrir a excelsa dignidade que têm e Cristo. Oxalá esta obra de amor começada já em vós seja levada felizmente a plenitude! (cfr. 2Cor 8,6-11).  A este propósito, recordai sempre as palavras dirigidas por Paulo VI ao vosso congresso no Ano Santo: “não há limites para o desafio do amor: os pobres, os necessitados, os aflitos e os que sofrem no mundo e ao vosso lado, todos vos dirigem seu clamor como irmãos e irmãs de Cristo, pedindo-vos a prova do vosso amor, pedindo a Palavra de Deus, pedindo pão, pedindo vida” (L’Osservatore Romano, Edição em Língua Espanhola, 25 de maio de 1975, p. 10).

Tarefa dos Dirigentes e Papel do Sacerdote

3.  Sim, sinto-me verdadeiramente feliz em ter esta oportunidade para falar-vos de coração aberto, a vós que viestes de todo o mundo para participar desta Conferência estabelecida par assistir-vos no cumprimento de vossa tarefa como dirigentes da Renovação carismática. De modo especial quero assinalar a necessidade de enriquecer e de tornar realidade essa visão eclesial que é tão essencial para a Renovação nesta etapa de seu desenvolvimento.
A tarefa do dirigente é, em primeiro lugar, dar exemplo de oração em sua própria vida. Com uma esperança confiante, com uma solicitude abnegada, cabe ao dirigente procurar que o rico e variado patrimônio da vida de oração próprio da Igreja seja reconhecido e experimentado por aqueles que buscam a renovação espiritual: meditação da Palavra de Deus, dado que “a ignorância da Escritura é ignorância de Cristo”, como costumava repetir São Jerônimo; abertura aos dons do Espírito Santo, sem buscar exageradamente os dons extraordinários; imitando o exemplo do próprio Jesus que reservava tempo para orar a sós com Deus; aprofundando mais no ciclo dos tempos litúrgicos da Igreja, sobretudo mediante a Liturgia das Horas, a devida celebração dos sacramentos – com uma atenção muito especial para o sacramento da penitência – que operam a nova dispensação da graça, de acordo com a própria vontade de Cristo; e sobretudo um amor e um conhecimento crescente da Eucaristia como centro de toda oração cristã.  Pois, como nos assinala o Concílio Vaticano II, “a Eucaristia aparece como a fonte e o cume de toda a pregação evangélica; os catecúmenos são pouco a pouco introduzidos na participação da Eucaristia, e os fiéis, já assinalados pelo sagrado Batismo e pela Confirmação, são plenamente inseridos no Corpo de Cristo pela recepção da Eucaristia” (Presbyterorum Ordinis, 5).

Em segundo lugar, cabe-vos proporcionar alimento sólido para o sustento espiritual mediante a distribuição do pão da verdadeira doutrina. O amor à Palavra revelada de Deus, escrita sob a direção do Espírito Santo, é um sinal de que desejais “permanecer firmes no Evangelho” pregado pelos Apóstolos. Como nos ensina a Constituição dogmática sobre a Divina revelação, “para que o homem possa compreender cada vez mais profundamente a Renovação, o Espírito Santo aperfeiçoa constantemente a fé com os seus dons” (Dei Verbum, 5).  O Espírito Santo, que reparte seus dons em maior ou menor medida, é o mesmo que inspirou as Escrituras e que assiste o Magistério vivo da Igreja, à qual Cristo confiou a interpretação autêntica das mesmas Escrituras (cfr. Alocução de Paulo VI, de 19 de maio de 1975), de acordo com a promessa de Cristo aos Apóstolos: “E eu pedirei ao Pai e ele vos dará outro Confortador, para estar convosco para sempre, o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece. Vós, porém, o conheceis, porque habita entre vós e em vós estará” (Jo 14, 16-17).

Deus quer, portanto, que todos os cristãos cresçam no conhecimento do mistério da salvação, o qual nos revela cada vez mais as coisas referentes à dignidade intrínseca do homem.  Quer também que vós, que sois dirigentes desta Renovação, estejais cada vez mais solidamente formados no ensinamento da Igreja, cuja tarefa foi meditar durante mil anos na Palavra de Deus, a fim de ir descobrindo as suas riquezas e dá-las a conhecer o mundo. Procurai, pois, como dirigentes, alcançar uma formação teológica segura, encaminhada a oferecer a vós e aos que dependem de vós em sua direção um conhecimento maduro e completo da Palavra de Deus: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros com toda sabedoria” (Col. 3,16).

Em terceiro lugar, como dirigentes da Renovação, deveis ter a iniciativa na criação de laços de confiança e cooperação com os bispos, que na providência de Deus tem a responsabilidade pastoral de guiar todo o Corpo de Cristo, incluída a Renovação Carismática.  Mesmo que não compartilhem convosco as formas de oração que descobristes serem tão fecundas, estarão dispostos a acolher com agrado vosso desejo de renovação espiritual, tanto para vós mesmos como para a Igreja, e vos proporcionarão uma orientação segura, que é a tarefa que lhes foi confiada.  Deus não pode falhar em sua fidelidade à promessa feita no dia de sua ordenação, quando se implorou dizendo: “Infundi agora sobre esses vossos servos que escolhestes a força que de vós procede: o Espírito de sabedoria que destes a vosso amado Filho Jesus Cristo, e Ele, por sua vez, comunicou aos santos Apóstolos, que estabeleceram a Igreja por diversos lugares como santuário vosso para glória e louvor incessante de vosso nome” (Ritual de ordenação do bispo).

Muitos bispos de todo o mundo, tanto individualmente como por meio de declarações de suas Conferências episcopais, deram impulso e orientação à Renovação Carismática – às vezes também com sua salutar palavra de admoestação – e ajudaram em boa medida a comunidade cristã a compreender melhor sua situação dentro da Igreja.  Mediante este exercício de sua responsabilidade pastoral, os bispos nos prestaram a todos um grande serviço em ordem a poder garantir à Renovação um modelo de crescimento e desenvolvimento plenamente aberto a todas as riquezas do amor de Deus em sua Igreja.

4. Neste momento gostaria também de chamar vossa atenção para outro ponto que tem especial importância para esta conferência de dirigentes: refere-se ao papel do sacerdote na Renovação Carismática. Os sacerdotes na Igreja receberam o dom da ordenação como colaboradores no ministério pastoral dos bispos, com quem participam do único e mesmo sacerdócio e ministério de Jesus Cristo, que requer sua absoluta comunhão hierárquica com a ordem dos bispos (cfr. Presbyterorum Ordinis, 7).  Como conseqüência, o sacerdote tem uma única e indispensável tarefa a realizar na Renovação Carismática, o mesmo que para toda a comunidade cristã. Sua missão não está em oposição nem é paralela à legítima tarefa do laicado. O sacerdote, pelo vínculo sacramental com o bispo, a quem a ordenação confere uma responsabilidade pastoral para toda a Igreja, contribui para garantir aos Movimentos de renovação espiritual e ao apostolado secular sua integração na vida litúrgica e sacramental da Igreja, sobretudo mediante a participação na Eucaristia; nela pedimos a Deus “que, fortalecidos com o Corpo e o Sangue de seu Filho e cheios de seu Espírito Santo, formemos em Cristo um só Corpo e um só espírito” (Terceiro oração eucarística).  O sacerdote participa da própria responsabilidade do bispo para pregar o Evangelho, para o que sua formação teológica deve capacitá-lo de modo especial.  Consequentemente, tem a única e indispensável tarefa de garantir uma integração na vida da Igreja que evite a tendência a criar estruturas alternativas ou marginais e que leve a uma participação plena, sobretudo dentro da paróquia, na vida apostólica e sacramental da própria Igreja.  O sacerdote, por sua parte, não pode levar a cabo seu serviço em favor da renovação enquanto não adotar uma atitude de acolhida diante da mesma, baseada no desejo de crescer nos dons do Espírito Santo, desejo que compartilha com todo cristão pelo fato de seu batismo.

Vós, pois, sacerdotes e leigos, dirigentes da Renovação, tendes que dar testemunho de vossa mútua união em Cristo e estabelecer como modelo desta colaboração efetiva a exortação do Apóstolo: “Sede solícitos em conservar a unidade do espírito mediante o vínculo da paz. Só há um corpo e um espírito, como também fostes chamados numa mesma esperança, a de vossa vocação” (Ef. 4,34).

5.  Finalmente, em vossa experiência de tantos dons do Espírito Santo que são compartilhados também com vossos irmãos e irmãs separados, o que vos pertence é a extraordinária alegria de crescer no desejo da unidade, à qual o Espírito nos leva e num compromisso pela grave tarefa do ecumenismo.

Como se há de realizar esta tarefa?  O Concílio Vaticano II no-lo indica: “Antes de mais nada, os católicos, com sincero e atento ânimo, devem considerar tudo aquilo que na própria família católica deve ser renovado e levado a cabo para que a vida dê um testemunho mais fiel e mais claro da doutrina e das normas entregues por Cristo através dos Apóstolos” (Unitatis Redintegratio, 4).  Um trabalho que seja de verdade ecumênico não procurará evitar as tarefas difíceis, tais como a convergência doutrinal, lançando-se a crer numa espécie de “Igreja do espírito” autônoma e fora da Igreja visível de Cristo.  Um autêntico ecumenismo servirá antes para aumentar nosso desejo de unidade eclesial de todos os cristãos numa fé, a fim de que “o mundo se converta ao Evangelho e que desse modo se salve para a glória de Deus” (Unitatis Redintegratio, 1). Tenhamos a certeza de que, se nos entregamos à obra de uma verdadeira renovação no Espírito, este mesmo Espírito Santo nos dará a estratégia a favor do ecumenismo que converterá em realidade nossa esperança de “só um Senhor, uma fé, um batismo, um Deus e Pai de todos, que está sobre todos, por todos e em todos” (Ef 4,5-6).

6.  Caros irmãos e irmãs: A Carta aos Gálatas nos diz que “ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção.  E, visto que sois filhos, enviou Deus a nossos corações o Espírito de seu Filho, que grita: Abá, pai!” (Gál. 4, 4-6).  A esta mulher, Maria, Mãe de Deus  e Mãe nossa, sempre obediente ao impulso do Espírito Santo, é a quem quero confiar cheio de confiança vossa importante obra para a renovação da Igreja e na Igreja.  No amor de seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, dou-vos de bom grado minha bênção apostólica.&&

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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