O Valor da Santa Comunhão

Os santos dizem que vale muito mais uma Comunhão do que um êxtase, um arrebatamento, uma visão. A Santa Comunhão transporta o Paraíso inteiro para o nosso pobre coração. Ali o Céu se faz presente; “onde está o Rei está toda a Corte”, dizia Santa Tereza de Jesus. Quando Jesus é recebido em uma alma, toda a Igreja exulta de alegria, a dos Céus, a do Purgatório e a da Terra.

A Santa Comunhão deve ser recebida em “estado de graça”. Por isso, se tivermos cometido um pecado mortal, ainda que já estivermos arrependidos e sintamos um grande desejo de comungar, é necessário e indispensável que nos confessemos com o sacerdote antes de Comungar. É bom se lembrar do que São Paulo disse aos coríntios: “Quem come desse pão ou bebe do cálice do Senhor indignamente, será réu do Corpo e do Sangue do Senhor” (1Cor 11,27).

Quem quer receber a Cristo na Comunhão eucarística não pode ter, em consciência, algum pecado mortal. A Confissão comunitária só é válida em casos muito especiais; e, assim mesmo, o penitente fica obrigado depois a se confessar com um sacerdote tão logo seja possível. (cf. CIC§1483).

Mas o que é o pecado mortal?

“É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente” (CIC§1859). Isto é, uma infração grave à lei de Deus, cometida de maneira consciente e livre.

A matéria grave, ensina o Catecismo, é precisada pelos Dez Mandamentos, segundo a resposta de Jesus ao jovem rico: “Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe” (Mc 10,19), (CIC§1858).

Um modo delicado de preparar-nos para a sagrada Comunhão é invocando a Virgem Imaculada e entregando-nos a ela para que nos prepare para receber a Jesus com a humildade, com a sua pureza, com o seu amor, e que venha ela mesma recebê-lo em nós. Esta piedosa prática foi recomendada por muitos Santos, especialmente por S. Luiz Grignon de Montfort, por S. Pedro Julião Eymard, por S. Afonso de Ligório, S. Maximiliano M. Kolbe e muitos outros: “A melhor preparação para Santa Comunhão é a que se faz com Maria”.

São Cirilo de Jerusalém, que pregava no século V na Basílica do Santo Sepulcro de Jesus, nos dá belas orientações sobre a Comunhão.

Leia também: Com que disposições devemos comungar?

Como posso me preparar para receber a Sagrada Eucaristia?

Um grande testemunho sobre a Eucaristia

Somos santificados pela Eucaristia

Aos que recebem a Hóstia nas mãos, ele dizia:

“Quando te aproximares para receber o Senhor não o faças com os braços soltos e com os dedos abertos, mas faça da tua mão esquerda o Trono para a sua mão direita, pois nesta receberás o Rei, e na alma recebes o Corpo de Cristo dizendo Amém. Então, com todo cuidado, santifica teus olhos pelo Santo Corpo e em seguida toma-O e cuida para que nada se perca. Com efeito, qualquer migalha que perderes seria como que perder um dos teus próprios membros.

Diga-me: se colocassem ouro em pó na tua mão, você não guardaria com toda atenção? Não terás, portanto, ainda maior cuidado com o objeto ainda mais precioso que o ouro e que qualquer pedra preciosa, para que não se perca nenhuma migalha?

Depois, tendo comungado o Corpo de Cristo, aproxima-te do Cálice do Seu Sangue, inclina-te num gesto de Adoração e diga Amém. Santifica-te assim tomando também o Sangue de Cristo.
E esperando a oração, dá Graças a Deus, que te considerou digno de tão grande Mistério…”

Ninguém é digno de receber a Eucaristia, mas é o amor de Jesus que quer que o recebamos. O amor de Jesus por nós, exige que ele se dê a nós. Assim, o importante são as “disposições convenientes” para Comungar, que segundo Santo Afonso precisamos ter para fazer uma boa Comunhão com Jesus: 1. Estar em estado de graça; 2. querer ser santo; 3. desejar crescer no amor a Jesus; 4. fazer meditação frequente; 5. mortificar os sentidos e as paixões; 6. fazer a ação de graças após a comunhão, e querer ser de Deus.

Àqueles que não querem comungar, por se acharem indignos, Santo Afonso de Ligório diz: “Menos digno te tornarás, pois serás mais fraco e cairás mais”. E ensinava que “as faltas, quando não plenamente voluntárias, não impedem a Comunhão”.

O cânon 920 do Código de Direito Canônico estabelece que todo fiel católico, após a Primeira Comunhão, “tem o dever de comungar ao menos uma vez por ano. Este preceito deve ser cumprido no tempo pascal a não ser que, por justa causa, se cumpra em outra época dentro do mesmo ano”. Por “tempo pascal” na Igreja universal entende-se o período que vai de quinta-feira santa até o Domingo de Pentecostes (no Brasil o tempo pascal estende-se do primeiro Domingo de fevereiro até 16/07).

Diz o cânon 916 do novo Código: “Quem está consciente de pecado grave, não celebre a Missa nem comungue o Corpo do Senhor sem fazer antes a Confissão sacramental a não ser que exista causa grave e não haja oportunidade para se confessar; neste caso, porém, lembre-se de que é obrigado a fazer um ato de contrição perfeita, que inclui o propósito de se confessar quanto antes”.

Santo Agostinho disse: “Não abramos de par em par a boca, mas o coração. Não nos alimenta o que vemos, mas o que cremos”.

Aquele que ama anseia estar junto da pessoa amada; e o seu maior sofrimento é não ser correspondido no seu amor. Para comprovar isto, basta ver como fica triste uma jovem, quando o namorado que tanto ama, lhe abandona. A dor e a angústia é ainda maior quando ela é trocada por outra. A dor mais forte é a “dor do amor”. A pior dor é a do amor não correspondido. Conheci uma moça que, ao saber que o seu namoro tinha terminado, não queria mais nada, e nada podia consolá-la; não queria mais comer, dormir, estudar… nada. Era a dor do amor. Queria “morrer”…

Jesus mostrou e provou o seu amor por nós de inúmeras maneiras: assumiu a nossa natureza, “vestiu a nossa carne”, fez-se obediente até a morte, morte de cruz, para nos salvar da morte eterna, e ficou conosco para sempre na Eucaristia.

Neste Sacramento do seu próprio Corpo, o Senhor nos dá a revelação máxima do seu amor. Fez o milagre da Eucaristia para estar junto de nós, individualmente, com cada um, de modo “particular”, e inteiramente. Fez-se pão, “prisioneiro dos nossos sacrários”, para estar sempre conosco, a cada dia, e todos os dias.

Ele se entregou totalmente a nós no Pão.

Ele que é Onipotente, se fez fraco no pão; Ele que é o Soberano, se fez pobre; Ele que é o Infinito de Tudo, se fez limitado num pedacinho de pão. É o milagre do Amor.

Na Comunhão recebemos Jesus, substancialmente, e Ele vem a nós para nos transformar Nele e nos comunicar a Sua Santidade e, depois, sua Felicidade e Glória eternas.

Pela santa Comunhão, Ele como que nasce, cresce, vive em nós; por isso, quer ser recebido frequentemente por cada um dos cristãos.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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