A mulher pecadora perdoada (Lc 7,36-8,3)
Jesus é a misericórdia visível. Como disse o Papa Francisco, “a misericórdia é a Sua Identidade”.
Neste Evangelho de São Lucas, Jesus revela-nos muitas coisas; antes de tudo a Sua divindade, pois Ele sabia o que pensava aquele fariseu que o recebeu para almoçar em sua casa. O fariseu pensava assim: “Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora”. Então Jesus, conhecendo seus pensamentos, lhe diz: “Simão, tenho uma coisa para te dizer”.
É importante notar que Jesus aceita fazer uma refeição na casa do fariseu, mesmo criticando-lhe as faltas. Jesus não exclui ninguém de sua evangelização, pois quer salvar a todos. Foi ali na casa daquele homem pecador com a mesma disposição que foi a casa de Zaqueu para lhe levar a salvação. Mas este não foi digno de acolher a graça de Deus. Faz-nos lembrar o que disse São Paulo, não podemos deixar a graça de Deus passar em vão,pois pode ser que não tenhamos outra chance.
Aquela mulher era uma pecadora que toda a cidade conhecia. É importante percebermos que Jesus não fugiu dela, ao contrário, aproveitou seu belo gesto de amor a Ele, para dar uma ampla lição ao fariseu. “Ela trouxe um frasco de alabastro com perfume, e chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas banhava-lhe os pés e enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com perfume”. Jesus acolhe amorosamente, como àquela outra mulher adultera que seria apedrejada e que Ele salvou do apedrejamento.
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Com maestria Jesus usa os três belos gestos da pecadora para fazer o fariseu ver seus erros: “Estás vendo esta mulher? 1 – Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. 2 – Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 3 – Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume”.
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E Jesus conta ao fariseu a parábola do credor que tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro, apenas cinquenta. O credor perdoou os dois. Qual deles o amará mais? Jesus pergunta ao fariseu; ele acerta: “Acho que é aquele ao qual perdoou mais”. Jesus disse então a Simão: “Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor”. O mais importante para Jesus é o amor, mesmo para quem é pecador. E Jesus disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”. Isto nos faz lembrar o que disse São Pedro: “O amor encobre uma multidão de pecados”. É por isso que Jesus já tinha dito aos fariseus que os pecadores (prostitutas e publicanos) entrariam antes deles no Reino dos céus. É por isso que ele contou aquela parábola do publicano orgulhoso e do fariseu humilde que rezavam no Templo. O publicano saiu justificado, o fariseu não.
Quantas lições para nós também: olhar antes o amor manifestado pelas pessoas, antes de reparar nos seus pecados. Acolher a todos com bondade, independente do que seja a pessoa; ver nela um filho amado de Deus, que, se porventura está no mau caminho, devo ajuda-lo a vencer o pecado. Fico admirado de ver que Jesus não tenha dado nenhuma lição de moral à pecadora, pois ela já conhecia bem seus erros. Jesus apena a ama, perdoa e salva; então, façamos o mesmo.
São Lucas coloca ainda um detalhe: “Então, os convidados começaram a pensar: “Quem é este que até perdoa pecados?”. Mas Jesus disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz!” Ele mostra novamente a Sua divindade, pois os judeus sabiam que só Deus pode perdoar os pecados.
Isto e muito mais Jesus nos ensina nesta página de São Lucas; continue a meditar além dessas linhas.
Prof. Felipe Aquino