O que é Evolução?

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Evolução: chave da Ciência moderna – Parte 2

Este é o segundo artigo da série sobre o papel do conceito de Evolução na Ciência moderna. Como eu disse no primeiro artigo, hoje todas as áreas da Ciência estão permeadas pela ideia de evolução. Por que isso acontece? O que é Evolução? Como ela se relaciona com a Criação? São todas perguntas importantes, cujas respostas não são simples mas que de alguma maneira precisamos abordar e compreender.

Acho natural relacionar os conceitos de Evolução e de Conservação. Talvez não seja muito preciso dentro da História da Ciência, pois o surgimento e desenvolvimento de ambos não foi necessariamente simultâneo. Entretanto, hoje essas ideias já estão bem maduras e parece-me que é legítimo fazer uma análise do desenvolvimento da Ciência baseado no desenvolvimento destas duas ideias. Ao menos será um exercício interessante de História da Ciência.

Para a Física ou a Química é muito importante identificar uma grandeza que se conserva. A matemática alemã, Emmy Noether, provou em 1918 que quando uma grandeza física é conservada num sistema mecânico, existe alguma simetria relacionada da natureza. Os físicos adoram simetrias! Por exemplo, ela mostrou que se a equação que rege um movimento não depende do tempo, a energia é conservada naquela situação. A matemática é um pouco intrincada, não precisamos entrar neste nível de detalhes, mas a ideia é importante: encontrar uma grandeza que se conserva significa entender mais profundamente os mistérios da natureza.

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A evolução na Biologia

A evolução na Física e na Astrofísica

A evolução na Química e na Geologia

O homem veio do macaco?

O pai da química moderna, Antoine Lavoisier, católico devoto, ficou famoso também por enunciar o princípio da conservação: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Impossível ser mais sucinto e tão didático! De fato, se você reparar bem, ele não enunciou somente o princípio da conservação – “nada se cria, nada se perde”, mas o ligou diretamente à ideia de evolução – “tudo se transforma”.

Por isso eu gosto de tratar as duas, conservação e evolução, como uma coisa só. De fato, a lógica é cristalina, se nada é criado ou perdido, coisas novas só podem surgir por transformação. Espero que nesse momento você tenha dado uma parada e se perguntado: e a Criação do universo?

Bem, ela não está excluída, não esqueça da primeira parte do enunciado: “na natureza”. A Criação do universo aconteceu “ex nihilo” – do nada. Não acontece a partir da natureza. Deus fez o mundo a partir do nada. Mas há outro modo de Deus construir o mundo, a partir das coisas já criadas. Ele também convida o homem a participar.

Quero dizer, o homem só pode “criar” quando usa algo que já existe. É o que a Engenharia faz, por exemplo. Deus pode criar de duas maneiras: a partir do nada ou então a partir da própria natureza, com as leis da natureza. Eu penso na Evolução das Espécies, na Evolução do Cosmos e em outras formas de Evolução como maneiras de Deus continuar criando, continuar transformando e dirigindo sua Criação para um fim específico.

Com esta última frase entramos na principal seara do embate entre a Fé e a Evolução: o propósito. Não há problema algum em acreditar na criação do universo por Deus e na evolução das espécies como um outro mecanismo que Deus utiliza para fazer sua criação atingir um fim específico. O maior problema está em assumir que há propósito na natureza.

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Para um cristão o conceito de propósito na criação é inevitável, ele é o cerne da descrição da criação do mundo no livro do gênesis: Deus quis criar o mundo. Esse querer não foi aleatório, como um balde de tinta jogado a esmo contra uma tela. Desde toda a eternidade nossa existência foi desejada por Deus.

Entretanto, para a Ciência, o conceito de propósito é um corpo estranho. Não faz parte da metodologia científica identificar propósito, ou finalidade, nos fenômenos naturais. Trabalha-se com causa e efeito, que possui uma chave de análise e interpretação completamente diferente. Isso mostra que a Ciência é limitada no seu campo de investigação, mas também garante um poder imenso no método, os frutos todos nós já conhecemos, basta olhar para o mundo tecnológico que nos cerca hoje em dia.

Quero finalizar enfatizando esses dois aspectos da evolução: ela não é criação e também não nega que haja propósito na natureza, pois esse conceito não faz parte do método científico. Portanto, não há contradição alguma entre acreditar que Deus criou – e continua sustentando – o universo e defender a evolução. Para mim, a evolução é a ferramenta que Deus usa para lapidar sua criação.

Alexandre Zabot
Físico e doutor em Astrofísica – Professor da UFSC
www.alexandrezabot.blogspot.com.br

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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