O que é a Hora Santa? Como fazê-la bem?

Hora-SantaNatureza da Hora Santa

A Hora Santa consiste numa hora de oração vocal ou mental, em memória da Paixão e Morte de Nosso Senhor e em homenagem ao ardentíssimo amor que o levou a instituir a divina Eucaristia.

Origem desta devoção

Foi N. S. Jesus Cristo quem instituiu esta devoção. Aparecendo a S. Margarida Maria Alacoque, o Salvador disse:

“Em toda a minha Paixão foi no horto que mais sofri, vendo-me completamente abandonado do céu e da terra. Oprimido pelos pecados de todos os homens, apareci perante a Santidade de Deus, que, sem consideração pela minha inocência, me esmagou com o peso da sua ira, fazendo-me beber o cálice, que continha todo o fel e toda a amargura da sua cólera justíssima. Ninguém pode compreender a intensidade desse meu tormento… Todas as noites, da quinta para a sexta-feira, far-te-ei participar da mortal tristeza que senti no horto. Para me acompanhares nesta humilde oração, que então ofereci a meu Pai, levantar-te-ás entre as onze e meio noite, e te prostrarás durante uma hora com a face sobre a terra, como Eu fiz, não só para aplacar a ira divina, pedindo misericórdia pelos pecadores, mas também para adoçar, de algum modo, a amargura que senti pelo abandono dos meus Apóstolos que não tinham podido velar uma hora comigo”.

Finalidade desta devoção

O fim desta devoção, determinado pelo próprio Redentor, consiste em aplacar a ira divina, – reparar a ingratidão dos homens, – participar das mortais tristezas do Coração de Jesus, – e pedir graça para os pecadores.

Método desta devoção

Não há método algum prescrito para a Hora Santa. Cada um escolhe os exercícios que mais se conformam com o seu espírito, contanto que tenha em vista o fim desta devoção que, como dissemos, é aplacar a ira de Deus, reparar a ingratidão dos homens, consolar o S. Coração de Jesus e pedir graça para os pecadores.

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“A Paixão de Cristo”

Apresentamos três métodos como sugestão para o momento:

I Método

Primeiro Quarto de Hora – Vede o Divino Salvador, que, oprimido sob o peso dos pecados de todo o mundo e aterrado com a vista dos tormentos que lhe estão preparados, cai em mortal agonia, chegando a suar sangue…

Segundo Quarto de Hora – Pensai em Jesus flagelado e coroado de espinhos.

Terceiro Quarto de Hora – Fazei a Via-Sacra.

Último Quarto de Hora – Rezai o Terço de Nossa Senhora, meditando os mistérios dolorosos.

II Método

O pecado consiste numa tríplice rebelião: – da sensibilidade, que tende desordenadamente para os bens finitos e materiais, – da inteligência, que não reconhece a Deus nem como Senhor nem como Pai, – da vontade, que não quer sujeitar-se à lei divina. Jesus, no horto, deve expiar, e expia, esta tríplice rebelião com uma tríplice submissão.

Primeiro Quarto de Hora – Contemplai o divino Redentor… Ele sofre, suspira, geme e exclama: “A minha alma está triste até à morte…” Por que abandona Jesus a sua sensibilidade a uma tristeza mortal?!… Para expiar a rebelião da minha sensibilidade, que procura sempre alegrias e satisfações nos bens finitos e materiais… Ó meu Jesus, detesto as minhas satisfações nos bens finitos e materiais… Ó meu Jesus, detesto as minhas satisfações desordenadas, que Vos causaram tamanha amargura e desolação, e prometo mortificar os meus sentidos e sujeitar a minha carne à vossa santa lei… Auxiliai-me com a vossa graça.

Segundo Quarto de Hora – Jesus prostra-se por terra, abate até ao pó a sua Face adorável e assim reconhece e adora a Majestade de Deus… Mas este respeito não exclui a confiança no seu bom Pai; e por isso muitas vezes repete: “Pai, meu Pai” – Assim, Jesus expia o orgulho da minha inteligência, quando não quer sujeitar-se à palavra e à providência de Deus, e satisfaz pelas faltas de confiança, que cometo quando, nas provações e nas contrariedades, não quero reconhecer a mão do bom Pai celeste, que tudo dispõe para a minha felicidade… Dai-me, ó meu Jesus, temor e amor, para que não desanime diante da sua Justiça…

Terceiro Quarto de Hora – Jesus, conhecendo que seu Pai quer o sacrifício da sua vida pela salvação do mundo, submete a sua vontade à do Pai e oferece-se à morte!… Custa-lhe a morrer…; mas Deus o quer!… Ó Jesus, quão grande é o vosso Amor por mim! Eu perdi o Paraíso, porque a minha vontade revoltou-se contra a lei de vosso Pai; e Vós me reabris as portas da glória, sujeitando-Vos às ordens da Justiça divina… Sede sempre bendito!

Último Quarto de Hora – Jesus desfalece… cai por terra… sua sangue!… Ó Jesus, quanto sofreis por meu amor!… Eu Vos adoro, Sangue precioso de Jesus, e Vos peço banheis a minha alma e a inflameis no amor divino, para que eu viva e morra pelo meu Deus, que viveu e morreu por mim…

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III Método

Jesus, fazendo seus os nossos pecados, sujeita-se ao castigo que lhes é devido. – O pecado encerra uma tríplice desordem: – relativamente ao próprio pecador, porque este coloca no mal o seu gosto e a sua complacência; – relativamente às criaturas, em que o pecador vai procurar a sua felicidade, o fim último da sua existência; – relativamente a Deus, que o pecador abandona. Esta tríplice desordem funda-se no amor próprio e no orgulho. Jesus expia esta tríplice desordem por um tríplice castigo. Expia a primeira desordem, sentindo uma dor intensíssima dos nossos pecados; – expia a segunda desordem, não encontrando nas criaturas senão motivos de desgosto e de sofrimento; – expia a terceira desordem, sofrendo o abandono de seu Pai celeste. E, como a tríplice desordem do pecado tem a sua raiz no amor próprio e no orgulho, Jesus, levado pelo amor e pela humildade, aceita o castigo, submetendo-se à vontade de Deus.

Primeiro Quarto de Hora – Vede Jesus no horto de Getsêmani. Está pálido, abatido; geme, suspira e diz: “A minha alma está triste até à morte!” – Qual é a causa da tristeza de Jesus? São os nossos pecados…; também os meus… Jesus conhece toda a malícia de todos os pecados e chora-os e detesta-os, como se Ele os tivesse cometido!… – E eu cometo os pecados com tanta facilidade e não penso que, enquanto eu gozo, Jesus sofre… – Pesa-me, Senhor, de Vos ter ofendido.

Segundo Quarto de Hora – Considerai as palavras que Jesus dirige ao Eterno Pai: “Meu Pai, se é possível, afastai de mim este cálice; faça-se, porém, a vossa vontade, e não a minha!” O cálice, que Jesus pede que se afaste dos seus lábios, é a sua Paixão e Morte… Jesus vê todos os tormentos que lhe estão preparados, – todos… os flagelos… os espinhos… os cravos… a lança… Esta vista aterra a sua santa Humanidade. Daí a súplica ao Divino Pai… Mas a súplica de Jesus é resignada. Sofre, mas quer o que o Pai quiser!… Belo exemplo para mim. Nas angústias da vida, posso pedir alívio, mas subordinando sempre a minha vontade à vontade de Deus…

Terceiro Quarto de Hora – O Eterno Pai quer que seu Filho morra para salvar o mundo!… Que amor o de Deus!… Para perdoar aos pecadores ingratos, não perdoa ao Filho inocente, abandonando-O ao ódio e à crueldade dos inimigos!… Jesus inclina a cabeça, aceita a morte pela salvação do mundo… Mas a sua Humanidade desfalece, cai numa agonia mortal e chega a suar sangue!… Adorai o sangue precioso de Jesus e oferecei-o ao Divino Pai em expiação dos vossos pecados e dos pecados de todo o mundo…

Último Quarto de Hora – Prostrai-vos aos pés do Jesus agonizante… Pensai no amor infinito que O levou a descer do Paraíso e a sujeitar-se à morte para salvar a vossa alma pecadora… Considerai Jesus no Paraíso e no Horto… No Paraíso, num oceano de glória e de felicidade; no Horto, humilhado e agonizante!… Correspondei a tanto amor e a tanto sofrimento, preferindo Jesus a todas as criaturas e aceitando, por seu amor, as contrariedades da vida e especialmente as angústias da morte…

Retirado do livro: “A alma aos pés de Jesus”. Tiago Sinibaldi.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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