O que devemos pedir?

O coração de todos os pedidos

São Tiago afirma que reza mal quem pede a Deus que lhe satisfaça os desejos e ambições egoístas, que satisfaça as suas paixões (orgulho, avareza, inveja, ânsia de sucesso e glória, soluções cômodas, bênçãos para negócio pouco limpos, sensualidade, etc.). Não é cristão usar Deus como “ajudante”, como “criado” a nosso serviço, pedindo-lhe que nos conceda o que as nossas paixões egoístas almejam e que não é santo.

Jesus, quando fala da oração de petição, diz que, assim como um pai não vai dar uma pedra ao filho que lhe pede pão, nem uma cobra ao que lhe pede peixe, da mesma forma o nosso Pai celeste dará coisas boas aos que lhe pedirem (Mt 7,11).

Que quer dizer com essa expressão, coisas boas? Ele mesmo o esclarece em outro lugar: Se vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem (Lc 11,13).

Quer dizer que o coração da nossa oração de petição, aquilo que “sempre” deve ser pedido a Deus (mesmo quando Lhe pedimos coisas materiais) é a graça do Espírito Santo, que nos santifica e nos faz capazes de viver e amar como filhos de Deus.

Para que foi que Cristo enviou o Espírito Santo, fruto da sua morte redentora na Cruz? Para nos tornar filhos de Deus, capazes de amar a Deus e ao próximo, com a força desse Amor em pessoa que é o Espírito Santo. O amor que o Espírito Santo derrama nos nossos corações (cf. Rm 5,5) – ensina São Paulo – é a essência da perfeição (Col 3,14). E é também o Espírito Santo quem nos leva à verdade completa sobre Deus, os homens, o mundo e seus problemas (Jo 16,13).

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Adianta rezar por uma pessoa com quem não temos contato?

Dez pedidos que devemos fazer a Deus em nossas orações

Rezar é por-se à disposição de Deus

Orar sempre e orar bem

Como rezar?

Seja feita a vossa vontade

Podemos, pois, pedir tudo o que seja honesto e bom, desde que esteja subordinado ao maior bem, que é a nossa satisfação e a dos nossos irmãos.

Por isso, na entrada de toda a súplica dirigida a Deus, você – e eu, todos – deve colocar o pedido primordial: Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu (Mt 6,10). Muitos cristãos pedem, e pedem muito – e, nisso, fazem muitíssimo bem -, mas sempre acrescentam: “Se isto for, Senhor, da vossa vontade”. Rezar assim é ótimo. Essa foi a oração de Cristo no horto, a mais perfeita de todas as orações: Abá (Pai!), afasta de mim este cálice; contudo, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres (Mc 14,38).

Na realidade, como diz São Paulo, nós não sabemos o que devemos pedir…, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis (Rm 8,26). É uma maravilha! Podemos pedir a Deus com simplicidade, tudo o que for honesto e bom: saúde física e espiritual; forças para enfrentar um problema determinado, e – se possível – que Deus afaste esse problema; o pão material, recursos para o sustento próprio e da família; o Pão espiritual; o bem da Igreja; a paz do mundo; o bem comum do país…

Se fizermos esses pedidos como bons filhos de Deus, enquanto nós rezamos, o Espírito Santo, dentro do nosso coração, vai intercedendo por nós, fazendo com que o nosso pedido obtenha o resultado que mais nos convém (mesmo que, às vezes, seja o contrário do que pedimos explicitamente, como os pais que amam os filhos têm que recusar-lhes com frequência o que pedem, porque lhes faria mal).

Não se esqueça, porém, de que, mesmo que Deus demore a responder de um ou outro jeito, mesmo que pareça que não nos responder de um ou outro jeito, mesmo que pareça que não nos escuta, há muitas graças divinas que estão vinculadas à nossa oração. Quem reza, sempre recebe! (Pedi e recebereis). Ai de nós, se não rezamos! Aquele que não reza, pode frustrar o plano de Deus a seu respeito (cf. Lc 7,30). Mais uma vez convirá lembrar a frase famosa de Santo Afonso: “Quem reza certamente se salva, quem não reza certamente se condena”.

Rezar uns pelos outros

Nesta reflexão, queria ainda lembrar-lhe, mesmo que seja brevemente, a grande importância que tem a oração de petição pelos outros. O Senhor nos vê como filhos que constituem a família de Deus (Ef 2,19), família que deve estar unida e solidária como o estavam entre si os primeiros cristãos, de quem dizem aos Atos dos Apóstolos: Unidos de coração, freqüentavam todos os dias o templo perseveravam na oração. (cf. At 2,42.46).

Espiritualmente, mais ainda do que materialmente, uns dependemos dos outros. Formamos um só corpo, o Corpo Místico de Cristo; e, como diz ainda São Paulo, o olho não pode dizer à mão: eu não preciso de ti (1 Cor, 12,21). Todos precisamos de todos. Todos temos que apoiar-nos na oração dos outros. Os outros devem poder apoiar-se na nossa oração. A Igreja viveu isso intensamente desde o começo.

Após a primeira prisão de Pedro, por exemplo, todos os “irmãos” rezavam unanimemente: Agora, Senhor, olhar para as suas ameaças e concedei aos vossos servos que, com todo desassombro, anunciem a vossa Palavra (At 4,29). Da mesma forma, São Paulo, que em todas as suas cartas pede orações, escrevia aos romanos: Combatei comigo, dirigindo vossas orações a Deus por mim (Rm 15,30).

Mais ainda, além de rezarmos pelos outros cristãos, membros do Corpo Místico de Cristo, é preciso rezar muito também pelos que não conhecem ou conhecem mal a Deus, pelos que o combatem (cf. At 7,60; Rm 12,14, ECT.), e até mesmo pelos que se empenham em ser nossos “inimigos”, nos odeiam e nos perseguem (Mt 5,44).

Para terminar, queria lembrar-lhe uma consideração que fazia são Josemaria. Dizia que muitas coisas no mundo não andam bem “porque poucos rezam; e os que rezam, rezam pouco”. Deus nos ajude a rezar mais, a ser homens e mulheres de oração.

Retirado do livro: “Para estar com Deus”. Francisco Faus. Ed. Cléofas e Cultor de Livros.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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