O que deve saber sobre a guerra entre Israel e Hamas

Segundo o site ACI Digital (17/10/2023), a tensão constante na região do Oriente Médio voltou a crescer com força na forma de uma guerra entre Israel e o Hamas, o grupo terrorista palestino que controla a Faixa de Gaza.

Essa nova rodada de combates gerou preocupação internacional e fez com que muitas pessoas se perguntassem sobre as causas, as consequências e os antecedentes desse conflito. Neste artigo, conheça o que você precisa saber sobre a guerra entre Israel e o Hamas.

Origens do conflito

O conflito entre Israel e os árabes data da criação do Estado judeu. Em 1948, as Nações Unidas decidem que o protetorado britânico na região deveria ser dividido entre dois estados, um para os judeus e outro para os árabes da região. Jerusalém seria uma cidade internacional devido à sua importância como local sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos.

Os judeus aceitaram imediatamente a resolução e fundaram Israel. Os árabes rejeitaram a ideia de um estado judeu. O Egito, a Síria e a Jordânia invadiram o território atribuído pela ONU ao Estado árabe e declararam guerra a Israel.

Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel invadiu os territórios ocupados pela Jordânia, Egito e Síria, incluindo Jerusalém, então ocupada pela Jordânia.

Em 1993, Israel e a Organização para a Libertação da Palestina assinaram um tratado de paz conhecido como Acordo de Oslo. A Autoridade Palestiniana assumiu o controle parcial da Faixa de Gaza e da Cisjordânia em troca do reconhecimento da existência de Israel.

O Hamas, um grupo radical islâmico formado em 1987, nunca aceitou o acordo de Oslo e iniciou uma luta tanto contra a Fatah, o grupo que controla a Autoridade Palestiniana, como contra Israel. Desde 2007, após ser eleito pela primeira vez, o Hamas controla a Faixa de Gaza. O Fatah continua no controle da Cisjordânia.

Causas imediatas da guerra em 2023

No sábado, 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou uma invasão a Israel, matando mais de mil israelenses, a grande maioria deles civis. Após a incursão inicial, surgiram relatos de que o grupo extremista islâmico havia cometido sequestros de civis, incluindo idosos, mulheres e menores.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que quase 300 pessoas foram mortas em um festival de música ao ar livre no início da incursão.

O Hamas disse que o ataque foi uma retaliação à desocupação da mesquita de Al-Aqsa, na Jerusalém Oriental ocupada, em abril, e ao aumento da violência dos israelenses contra os palestinos.

Em resposta ao ataque, Israel declarou estado de guerra e contra-atacou o grupo terrorista na Faixa de Gaza com uma mobilização militar em grande escala, enviando tropas e lançando ataques com mísseis contra alvos do Hamas.

O exército israelense também anunciou em 9 de outubro que imporia um bloqueio total à Faixa de Gaza. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) alertou no último sábado (14) que mais de dois milhões de pessoas estão prestes a ficar sem água na região. Desde a quarta-feira (11), Gaza também está sem eletricidade e a ajuda humanitária não está chegando.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que tentará erradicar o Hamas da região. “Estamos lutando com todas as nossas forças em todas as frentes. Passamos para a ofensiva. Qualquer membro do Hamas é um homem morto”, disse na quarta-feira (11).

Desde o início da guerra, o Hamas continuou a lançar milhares de foguetes contra as principais cidades de Israel, Jerusalém e Tel Aviv. Por sua vez, as forças israelenses se posicionaram ao longo da fronteira e pediram aos palestinos que evacuassem o norte de Gaza diante de uma invasão iminente por ar, mar e terra.

A coordenadora humanitária da ONU, Lynn Hastings, disse no domingo (15) que Gaza está passando por uma situação “desumana” sem precedentes após o bombardeio e o cerco israelense.

“Não há precedentes. Qualquer pessoa que tenha acompanhado essa ocupação e esse conflito por tantas décadas verá que se trata de uma catástrofe humanitária de escala sem precedentes. Como eu disse, os eventos de 7 de outubro e os ataques do Hamas foram absolutamente abomináveis. Mas esse ataque a Gaza é catastrófico e sem precedentes”, disse.

Número de mortos, feridos e destruição aumentam a um ritmo alarmante

Desde o início do conflito, aproximadamente 1,3 mil cidadãos israelenses foram mortos e mais de 3,2 mil ficaram feridos.

O Ministério da Saúde da Palestina, por sua vez, disse que, até segunda-feira (16), um total de 2.808 palestinos foram mortos e 10.859 ficaram feridos na Faixa de Gaza.

Mais de um milhão de pessoas, o equivalente a quase metade da população total de Gaza, foram forçadas a fugir de suas casas. Segundo a UNRWA, cerca de 500 mil palestinos buscaram refúgio em suas instalações e já estão superlotados.

A ONU informou na segunda-feira (16) que “o número de mortos está aumentando” e que “não há bolsas para cadáveres suficientes em Gaza”.

A posição da Igreja Católica diante da guerra

O secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, condenou os ataques terroristas do Hamas contra Israel, pediu paz na Terra Santa e disse que está “pronto para qualquer mediação necessária”.

O cardeal disse na sexta-feira (13) a Vatican News, site oficial da Santa Sé, que os ataques do Hamas foram “desumanos” e que a Santa Sé expressou “condenação completa e firme”.

O papa Francisco também condenou a guerra, manifestou a sua proximidade com as vítimas “que estão vivendo horas de terror e angústia” e pediu o fim das armas na Terra Santa.

“Por favor, parem os atentados e as armas, e entendam que o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução, mas apenas à morte e ao sofrimento de tantas pessoas inocentes”, disse em 8 de outubro.

Ele também lembrou que “a guerra é uma derrota: toda guerra é uma derrota”, e pediu orações “pela paz em Israel e na Palestina”.

O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, em nome de todos os Ordinários Católicos da Terra Santa, convocou um dia de oração, jejum e abstinência pela paz para terça-feira (17).

Na segunda-feira (16), o cardeal se ofereceu para ser trocado pelas crianças mantidas como reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza.

Cristãos em Gaza se refugiam na igreja paroquial

O cardeal Parolin também manifestou em sua recente entrevista que está particularmente preocupado com os cristãos em Israel e na Palestina, dizendo que muitos dos fiéis da pequena comunidade católica em Gaza se refugiaram na única igreja católica do enclave, a paróquia da Sagrada Família.

Até o momento, nenhuma morte ou ferimento foi registrado na comunidade cristã – uma minoria de cerca de mil pessoas.

“É verdade que a comunidade católica em Gaza, cerca de 150 famílias, está sofrendo imensamente”, disse o cardeal.

O único pároco católico em Gaza, o padre argentino Gabriel Romanelli, disse nas redes sociais ontem (16): “Nosso pequeno rebanho de cristãos está na paróquia porque eles dizem que sentem a proteção de Jesus lá. Eles não sabem para onde fugir, porque não há lugar seguro para ir, segundo nos dizem. Hoje em dia, o perigo de morte é real em toda a Faixa de Gaza “.

O cardeal Parolin acrescentou que “os cristãos são uma parte essencial da terra onde Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou”. “Ninguém pode imaginar a Palestina ou Israel sem a presença cristã, que tem estado lá desde o início e estará lá para sempre”.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/56471/o-que-deve-saber-sobre-a-guerra-entre-israel-e-hamas

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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