O Paradoxo do Calvário

“Quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a Mim” (João 12,32).

Que mais nos aproxima de Jesus senão o Crucifixo, Jesus pregado na Cruz, no maior gesto de amor que a humanidade já viu e experimentou. Um Deus que se fez homem, igual a nós em tudo exceto no pecado, aniquilado, para nos reconciliar com o Seu Pai e nosso Pai, nos fazer de novo filhos de Deus e herdeiros do Céu (cf. Catecismo n. 1250,1270).

O que deu força e fé aos milhares de mártires em todo o mundo, desde o primeiro Santo, Estevão, senão o Cristo levantado no madeiro da Cruz? A ele seguiram muitos, desde o primeiro século: Tiago Maior e Tiago Menor, Pedro e São Paulo, e todos os Apóstolos. Por Jesus ressuscitado Santo Inácio de Antioquia (†107), desejou a morte no Coliseu de Roma, triturado pelos leões, para se configurar a Cristo imolado na Cruz. Por Cristo levantado na Cruz seguiram muitos outros: Perpétua, Felicidade, Sebastião, Vicente, Justino, Policarpo, Irineu, Bonifácio…

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Por amor a Jesus, tomar a cruz a cada dia

No jubileu dos anos 2000, São João Paulo ll disse que o século XX foi o que mais gerou mártires. Ainda hoje vemos o martírio a nossa volta, basta olhar para os cristãos que sofrem no oriente: Egito, Indonésia, China, Iraque, Irã, etc.

Tertuliano no século II já tinha escrito ao imperador romano Marco Aurélio, que: “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”; o que levou Daniel Rops dizer que: “Em todos os tempos e lugares, a semente do evangelho lançada na terra precisou ser regada com o sangue dos mártires para poder germinar”.

Pela fé no Cristo levantado na Cruz, os trinta primeiros Papas da Igreja não fugiram da morte cruel: Lino, Anacleto, Clemente, Evaristo, Alexandre, Xisto, Cornélio, Telesforo, Higino…

Atraídos pelo Cristo levantado na Cruz o seguiram resolutamente os grandes doutores da Igreja: Atanásio, Ambrósio, Agostinho, João Crisóstomo, Jerônimo, Hilário, Leão Magno, Gregório Magno, Teresinha, Teresa de Jesus, Catarina de Sena, Hildegarde de Büngen…

Atraídos pelo Mestre imolado na Cruz o seguiram os grandes místicos: João da Cruz, Teresa de Ávila, José de Anchieta, Pio de Pietrelcina, Santa Faustina, Santo Antão…

Por Jesus crucificado muitos jovens derramaram seu sangue: São Tarcísio, no século III, com apenas 12 anos de idade; Santa Maria Goretti, São José Luíz Sánchez del Río e muitos outros.

Apaixonados pelo Cristo imolado para salvar as almas, muitos entregaram suas vidas a Deus para formar as Ordens e Congregações Religiosas, como Dom Bosco, Inácio de Loyola, Bernardo de Claraval, Domingos de Gusmão, Afonso de Ligório, Bento de Núrcia, Francisco de Assis… E hoje também, vemos muitos sacerdotes e leigos fundarem Comunidades de Vida e de Aliança para servirem ao Senhor levantado na Cruz.

Apaixonadas por Jesus muitas santas virgens consagradas entregaram suas vidas as Jesus Crucificado para cuidar de leprosos, cancerosos, aidéticos, nas Santas Casas de Misericórdia, nos asilos, orfanatos…

Por Jesus levantado no Calvário, milhares de leigos e leigas entregaram suas vidas a Ele e chegaram aos altares: Gianna Beretta Molla, a mãe heroica, o primeiro casal canonizado em uma mesma cerimônia: São Luís Martin e Santa Zélia Guérin, pais de Santa Teresinha do menino Jesus e tantos outros.

Por amor a Jesus imolado no madeiro do Gólgota muitos santos e santas se dedicaram toda a sua vida aos pobres: Teresa de Calcutá, Vicente de Paulo, Camilo de Lelis, Isabel de Portugal, Isabel da Hungria, Irmã Dulce…

Haverá força e poder mais potente para conquistar homens e mulheres?

De fato, Jesus levantado na Cruz do Calvário, atraiu todos a Ele. Ele não teve aqui uma coroa de Rei, não teve um manto dourado, não teve um trono de majestade e nem um palácio encantado, mas viveu até o fim a loucura de um amor por cada ser humano.

Sigamos nós também o exemplo de todos esses que se apaixonaram pelo Cristo Crucificado, pela mística do Calvário, por sua Cruz, suas chagas, seu Sangue, suas dores; e que, apesar de toda dor, tentações e provações escolheram amar, sonhar e estar junto de Jesus, Hóstia viva oferecida à Justiça divina pelo perdão dos nossos pecados.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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