O Papa nos convida a ver o Natal nos outros, na história e na Igreja

LOGOS_20151220133042447O site Zenit divulgou o texto completo do Angelus deste domingo, 20 de dezembro:

O Papa Francisco rezou, como todo domingo, a oração mariana do Angelus da janela do Palácio Apostólico, com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro. Neste quarto domingo do Advento, estavam presentes as crianças do Oratório Romano, que celebram hoje o Jubileu – para a bênção das imagens do Menino Jesus, que serão colocadas nos presépios de suas famílias, escolas e paróquias.

Antes de rezar o Angelus, o Papa disse:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo do Advento coloca em evidência a figura de Maria. A vemos quando, logo após a concepção na fé do Filho de Deus, enfrenta a longa jornada de Nazaré da Galiléia para as montanhas da Judéia para visitar e ajudar Isabel. O anjo Gabriel lhe havia dito que sua parente idosa, que não tinha filhos, estava no sexto mês de gestação (cf. Lc 1,26.36). Por isso, Nossa Senhora que carrega um dom e um mistério ainda maior, vai visitar Isabel e permanece com ela por três meses. No encontro entre as duas mulheres – imaginem – : uma anciã e a outra jovem; é a jovem, Maria, que primeiro cumprimenta. O Evangelho diz: “entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel” (Lc 1,40). Após a saudação, Isabel sentiu-se envolvida por uma grande surpresa – não se esqueçam desta palavra: surpresa. Isabel se sente envolvida por uma grande surpresa que ressoa em suas palavras: “A que devo a honra que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (V. 43). E elas se abraçam, se beijam, alegres estão estas duas mulheres: a anciã e a jovem, ambas grávidas.

Para celebrar o Natal de uma forma profícua, somos convidados a deter-nos sobre os “lugares” da surpresa. E quais são esses lugares de surpresa na vida cotidiana? São três. O primeiro lugar é o outro, no qual reconhecer o irmão, porque desde que aconteceu o Natal de Jesus, cada rosto assemelha-se ao Filho de Deus. Sobretudo quando é o rosto do pobre, porque Deus entrou no mundo pobre e para os pobres, as antes, deixou-se aproximar.

Outro lugar de surpresa em que, se olharmos com fé o encontraremos, o segundo, é a história. Tantas vezes nós pensamos que estamos olhando de modo correto, mas, em vez disso, corremos o risco de ver às avessas. Isso acontece, por exemplo, quando nos parece determinada pela economia de mercado, regulada pelas finanças e pelos negócios, dominada pelos poderosos. O Deus do Natal é sim um Deus que “baralha as cartas”: Ele gosta! Como canta Maria no Magnificat, é o Senhor que depõe os poderosos de seus tronos e eleva os humildes, enche de bens os famintos com manda embora os ricos de mãos vazias (Lc 1,52-53). Esta é a segunda surpresa, a surpresa da história.

O terceiro lugar de surpresa é a Igreja: enxerga-la com a surpresa da fé significa não limitar-se a considerá-la apenas como uma instituição religiosa, mas senti-la como mãe que, embora com manchas e rugas – temos tantas! – deixa transparecer os traços da esposa amada e purificada por Cristo Senhor. Uma Igreja capaz de reconhecer os vários sinais do amor fiel que Deus continuamente lhe envia. Uma Igreja para a qual o Senhor Jesus nunca será uma posse a defender com ciúme: aqueles que fazem isso, erram; mas Aquele que vai ao encontro e sabe esperar com confiança e alegria, dando voz à esperança do mundo. A Igreja que chama o Senhor: “Vem Senhor Jesus!”. A Igreja mãe que sempre tem as portas abertas e os braços abertos para acolher a todos. A Igreja mãe que tem sempre as portas abertas e os braçps abertos para acolher a todos. A Igreja mãe que sai das próprias portas para procurar com sorriso de mãe todos os longínquos e levá-los à misericórdia de Deus. É esta a surpresa do Natal!

No Natal, Deus nos dá tudo de si, dando-nos seu o seu Filho, o Único, que é toda a sua alegria. E somente com o coração de Maria, a humilde e pobre filha de Sião, que tornou-se a Mãe do Filho do Altíssimo, é possível exultar e alegrar-se pelo grande dom de Deus e pela sua surpresa imprevisível. Que ela nos ajude a ter a percepção da surpresa – estes três lugares de surpresa: o outro, a história e a Igreja – para o nascimento de Jesus, o dom dos dons, o dom imerecido que nos traz a salvação. O encontro com Jesus também nos fará sentir esta grande surpresa. Mas não podemos ter esta surpresa, não podemos encontrar Jesus se, não O encontramos nos outros, na história e na Igreja.

(Apelo)

Queridos irmãos e irmãs,

Também hoje dirijo um pensamento à amada Síria, expressando profunda gratidão pelo acordo alcançado apenas pela comunidade internacional. Encorajo todos a continuar com generoso impulso o caminho para a cessação da violência e uma solução negocial que conduza à paz. Penso também na vizinha Líbia, onde o recente empenho entre as partes para um governo de unidade nacional convida à esperança para o futuro.

Gostaria também de apoiar os esforços de colaboração que são chamados a Costa Rica e Nicarágua. Espero que um renovado espírito de fraternidade reforce ainda mais o diálogo e a cooperação mútua, bem como entre todos os países da Região.

Meus pensamentos neste momento se dirigem às caras populações da Índia, recentemente atingida por uma grave inundação. Rezemos por estes irmãos e irmãs que sofrem devido a essa calamidade e confiemos as almas dos defuntos à misericórdia de Deus. Rezemos por todos estes irmãos da Índia uma Ave Maria.

Saúdo com afeto a todos, queridos peregrinos vindos de vários países para participar deste encontro de oração. Hoje, a primeira saudação é para crianças de Roma. Mas essas crianças sabem fazer barulho! Eles vieram para a tradicional bênção do “meninos”, organizada pelo Centro de Oratórios Romanos. Queridas crianças, escutem bem: quando rezarem diante do presépio, lembrem-se de rezar por mim, como eu me lembro de vocês. Obrigado e Feliz Natal!

Saúdo as famílias da comunidade “Crianças no céu” e os relacionados, na esperança e na dor, ao Hospital Menino Jesus. Queridos pais, eu lhe asseguro a minha proximidade espiritual e os encorajo a continuar o caminho da fé e da fraternidade.

Saúdo a polifonia vocal de Racconigi, o grupo de oração “Os jovens do Papa” – obrigado pelo apoio de vocês! E os fiéis de Parma.

Desejo a todos um bom domingo e um Natal de esperança e cheio de surpresa, da surpresa que nos dá Jesus, cheio de amor e de paz. Não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até logo!

Fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/o-papa-nos-convida-a-ver-o-natal-nos-outros-na-historia-e-na-igreja

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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