O homem sem Deus com regimes criminosos

marxismoO Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror, Repressão é uma obra coletiva de professores e pesquisadores universitários europeus. O livro foi editado por Stéphane Courtois, diretor de pesquisas do Centre national de la recherche scientifique (CNRS), e seu lançamento ocorreu por ocasião dos 80 anos da Revolução Russa (1).

A introdução, a cargo do editor Stéphane Courtois, declara que “… os regimes comunistas tornaram o crime em massa uma forma de governo”. Usando estimativas não oficiais, apresenta um total de mortes que chega aos 94 milhões, não contando as mortes os decréscimos de população decorrentes da queda das taxas de natalidade. O livro defende explicitamente que os regimes comunistas são responsáveis por um número maior de mortes do que qualquer outra ideologia ou movimento político, incluindo o fascismo. As estatísticas das vítimas incluem execuções, fomes intencionalmente provocadas, mortes resultantes de deportações, prisões e trabalhos forçados.

Courtois defende a tese de que o comunismo é irmão gêmeo do nazismo, alegando que ambos utilizaram o genocídio como estratégia de reorganização social. “Os mecanismos de segregação e de exclusão do totalitarismo de classe se parecem muito com aqueles do totalitarismo de raça”, ele escreve. As afirmações do historiador surpreenderam alguns dos articulistas da obra, que, discordando delas, ameaçaram pedir a suspensão do lançamento. De qualquer maneira, a tese de Courtois encontra eco em alguns dos maiores pensadores do século, como a filósofa alemã Hannah Arendt. Ela observou que os princípios do comunismo e do nazismo têm muito em comum. Ambos dividem o mesmo credo num partido único, que deve controlar de forma absoluta o aparato estatal. Além disso, amparam-se em ideologias incontestáveis, recorrem à polícia política e à repressão implacável dos dissidentes.

O nazismo, conhecido oficialmente na Alemanha como nacional-socialismo, é a ideologia praticada pelo Partido Nazista da Alemanha, formulada por Adolf Hitler, e adotada pelo governo da Alemanha de 1933 a 1945, e esse período ficou conhecido como Alemanha Nazista ou Terceiro Reich.

Holocausto

A partir do século XIX a palavra holocausto passou a designar grandes catástrofes e massacres, até que após a Segunda Guerra Mundial o termo Holocausto (com inicial maiúscula) foi utilizado especificamente para se referir ao extermínio de milhões de pessoas que faziam parte de grupos politicamente indesejados pelo então regime nazista fundado por Adolf Hitler.

Havia judeus, militantes comunistas, homossexuais, ciganos, eslavos, deficientes motores, deficientes mentais, prisioneiros de guerra soviéticos, membros da elite intelectual polaca, russa e de outros países do Leste Europeu, além de ativistas políticos, Testemunhas de Jeová, alguns sacerdotes católicos, alguns membros mórmons e sindicalistas, pacientes psiquiátricos e criminosos de delito comum.

Mais tarde, no correr do julgamento dos responsáveis por esse extermínio, o termo foi sendo aos poucos adotado somente para se referir ao massacre dos judeus durante o regime nazista.

Todos esses grupos pereceram lado a lado nos campos de concentração e de extermínio, de acordo com textos, fotografias e testemunhos de sobreviventes, além de uma extensa documentação deixada pelos próprios nazistas com o saldo de registros estatísticos de vários países sob ocupação. Hoje, já se sabe aproximadamente o número de mortes. Morreram 17 milhões de soviéticos (sendo 9,5 milhões de civis); 6 milhões de judeus; 5,5 milhões de alemães (3 milhões de civis); 4 milhões de poloneses (3 milhões de civis); 2 milhões de chineses; 1,6 milhão de iugoslavos; 1,5 milhão de japoneses; 535 000 franceses (330 000 civis); 450 000 italianos (150 000 civis); 396 000 ingleses e 292 000 soldados norte-americanos.

O Livro Negro do Comunismo é um retrato monumental das atrocidades cometidas pelo totalitarismo de esquerda. O projeto de construir sociedades igualitárias por meio da mão forte do Estado teria custado, segundo os cálculos do livro, 100 milhões de vidas. A maior parte delas, naturalmente, foi ceifada nos dois gigantes socialistas: a União Soviética e a China. Já O Livro Negro do Capitalismo, sem se preocupar em desmentir os fatos relatados na obra que lhe é antípoda, desfila uma série de argumentos para provar que o sistema que ataca é o verdadeiro vilão nos últimos séculos. É uma obra idiota na intenção – o de chegar a um número de vítimas maior do que o computado pelo Livro Negro do Comunismo – e estapafúrdia do ponto de vista histórico. O capitalismo seria culpado tanto pela II Guerra Mundial como pela violência e pelo consumo de drogas nos guetos negros de Washington. Ah, sim, há também a Guerra do Chaco, entre Paraguai e Bolívia. Ao final, os autores contabilizam que o sistema foi o responsável direto por 106 milhões de mortes. Como em seu balaio de argumentos e acusações cabe tudo, o livro confunde a trajetória do capitalismo com a própria história da civilização ocidental. Acaba-se por culpá-lo por todas as mazelas que a humanidade conheceu até hoje. Ambos os livros reúnem artigos assinados por diversos autores e, como se depreende dos títulos, dedicam-se a denegrir os sistemas e respectivas ideologias de que tratam. Os resultados, porém, são muito diferentes (2).

O homem sem Deus já é um grande prejuízo e com regimes criminosos torna-se uma máquina mortífera. É monstruoso, terrível e um mal sem fim a ausência do Bom Deus no coração da Nação. O maior compêndio para o bem comum e progresso salutar é o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Inácio José do Vale

Professor de História da Igreja

Instituto de Teologia Bento XVI

Sociólogo em Ciência da Religião

Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas

Fontes:

(1) Stéphane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné, Andrzej Paczkowski, Karel Bartosek, Jean-Louis Margolin, O livro negro do comunismo. Crimes, terror e repressão, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999, 917 pp.

(2) http://veja.abril.com.br/031199/p_160.html

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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