“O Concílio Vaticano II, vinculativo para a Igreja hoje”

Lectio magistralis do Profº Johannes Grohe na festa de
São Tomás de Aquino

ROMA, quinta-feira, 19 de janeiro de 2012 (ZENIT.org) – “O Concílio Vaticano II é, e
deve continuar sendo para a Igreja Católica, uma expressão do magistério solene
e supremo do nosso tempo”. É o que foi dito na manhã do dia 17 de Janeiro
pelo Rev. Profº Johannes Grohe, professor de História da Igreja, em sua
palestra sobre o Concílio Vaticano II no contexto de todos os concílios
ecumênicos, realizada por ocasião da festa de São Tomás de Aquino, patrono da
Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Santa Croce).

Ao mesmo tempo, deve ser assumida “a sua
correspondente importância no diálogo ecumênico, ou seja, em qualquer união com
outras Igrejas e comunidades cristãs separadas da Igreja Católica”,
continuou o professor. Entende-se, portanto, “que não se pode renunciar à
necessidade de um recebimento desses textos fundamentais, como tampouco se pode
renunciar a receber os outros concílios ecumênicos da Igreja do passado”.

Não há dúvida, prosseguiu o estudioso, de que ao longo de
dois milênios de concílios ecumênicos, o Vaticano II representa um evento de
“importância epocal”, “fundamental para a vida da Igreja de
hoje”, na qual ele deixou “marcas profundas”.

Em seu discurso, Grohe também fez menção aos que
“põem em dúvida a própria natureza ecumênica do Vaticano II”,
oferecendo uma gama de referências teológicas e históricas e apresentando
estudos que refutam esses questionamentos, destacando a equivocada abordagem
metodológica de certos autores.

Mesmo aqueles que desde o início desafiaram a
“autoridade” do Sínodo Vaticano, como, por exemplo, “alguns
expoentes da minoria conciliar” (Lefebvre e seus seguidores), e portanto
contestaram o “carácter vinculativo dos documentos conciliares”,
acabam salvaguardando por outro lado “o aspecto ecumênico do
concílio”, colocando-o “na mesma linha dos 20 concílios
anteriores”.

Deve ser claramente entendido que o concílio aberto em 11
de outubro de 1962 pelo papa João XXIII “não definiu novos dogmas”,
mas propôs, “com autoridade suprema para toda a comunidade cristã, a
doutrina tradicional de modo novo e com uma atitude pastoral nova”. Todos
os seus decretos têm, portanto, um “valor universal” e “são
vinculativos, devendo ser aceitos também por aqueles que desejam entrar em
comunhão com a Igreja Católica”.

Grohe é diretor da revista Annuarium Historiae Conciliorum
(http://ahc.pusc.it/), fundada em 1968 por Walter Brandmüller e Remigius
Baümer. Este seu pronunciamento se encaixa no debate do 50º aniversário da
abertura do Concílio Vaticano II e em preparação para o Ano da Fé proclamado
pelo Santo Padre Bento XVI, que vai começar justamente na data do aniversário
de abertura do concílio.

A Faculdade de Teologia organizou também para os próximos
dias 12 e 13 de março um círculo de estudos sobre o tema Palavra e Testemunho
na Comunicação da Fé. A releitura de um binômio crítico à luz do Concílio
Vaticano II (http://www.pusc.it/teo/conv2012), a fim de analisar a questão da
relação entre o testemunho e a palavra no contexto religioso e social do mundo
de hoje.

Este ano marca ainda o vigésimo quinto aniversário da
revista internacional da faculdade, Annales Theologici (http://www.annalestheologici.it),
um semestral catalogado em mais de 300 bibliotecas de todo o mundo e que teve
como autores, entre outros, os cardeais Angelo Amato e Dionigi Tettamanzi,
Pierpaolo Donati, Cornelio Fabro, Fernando Ocáriz, Vittorio Possenti, Pedro
Rodriguez, Martin Rhonheimer e Anton Ziegenaus.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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