O caso Palocci: Indecências, públicas e privadas

SÃO PAULO – Indecência 1: é a do setor privado, das empresas que contrataram Antonio Palocci e mantiveram ensurdecedor silêncio durante a agonia do agora ex-ministro, mas sempre consultor.
Nenhuma delas teve a decência de vir a público para dizer algo como: sim, contratamos Palocci porque é um especialista de grande capacidade que nos ajudou muito em nossos negócios. Nenhuma.
Tampouco as entidades empresariais que enchem a boca para falar de “responsabilidade social” moveram os lábios. Só pode dar margem à suspeição de que a contratação de Palocci não se deu pela qualificação dele, mas pelos contatos que tinha -e tem- no poder.
Agora, mais que nunca, portanto, é indispensável conhecer a lista de contratantes de Palocci e, principalmente, dos negócios que fizeram, se fizeram, com o governo federal. Ah, também se contribuíram financeiramente para a campanha de Dilma Rousseff da qual o consultor era o coordenador.

Indecência 2 – A da presidente Dilma Rousseff. Líder que é líder só tem uma de duas atitudes a tomar numa situação do gênero: ou defende ferozmente o auxiliar posto na berlinda, se acredita nele, ou o afasta, ao menos provisoriamente, até que tudo se esclareça.
Dilma não fez nem uma coisa nem a outra. Deixou que o cadáver insepulto de Palocci desfilasse em praça pública até cravar-lhe a estaca de madeira no peito.

Indecência 3 – A do PT, cuja atitude foi ainda pior do que a de Dilma, salvo pouquíssimas exceções. Além de nem defender o acusado nem pedir a sua cabeça ainda brincou de corte borgiana, com punhais brilhando no escuro.
Apesar de serem indecências visíveis a olho nu, aposto que tudo estará rapidamente esquecido. Afinal, estamos no Brasil. Nem a oposição quer, de fato, a lista das contratantes do ex-ministro. Como diz aquela propaganda de seguro: vai que.

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Por Clóvis Rossi

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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