Números ou qualidade cristã?

Entre as pesquisas anuais realizadas pela Fundação Getúlio Vargas, a divulgada em 2011 retrata o percentual de católicos no Brasil, por Estados. A Paraíba ocupa o terceiro lugar em densidade numérica de católicos, com 80,25%. Mais oportuno do que o alto número de pessoas que se dizem católicas, interessam-nos alguns indicativos que indiquem a qualidade da vida dos católicos. Qual Catolicismo se quer analisar? Como identificar as crenças e valores nos quais o cristão católico crê e se comporta?

Respeitada a isenção e a objetividade, como mensurar a qualidade da vida cristã? Ora, o modo de ser, de pensar e de agir como católico passa pelo fenômeno do relativismo, fenômeno inexorável, presente na sociedade moderna, exercendo enorme influxo no mundo plural. Os cristãos estão inseridos no mundo plural e relativista e, por isso, são continuamente influenciados por eles. No entanto, permanecem os princípios e valores cristãos referenciais, iluminando as pessoas e as estruturas da sociedade.

Hoje, os responsáveis pela identidade cristã, pela vida e missão da Igreja, ocupam-se com uma nova evangelização. Milhares de fiéis batizados não são suficientemente orientados na fé, precisando de esclarecimento sobre os compromissos cristãos. Nessa massa de fiéis de 80,25% que se afirma católica, quantos conhecem e vivem realmente a fé e os valores que Jesus ensina no seu Evangelho? Quantos se comprometem a viver de acordo com as exigências do amor a Deus, servindo aos semelhantes?

A experiência do amor de Deus e ao próximo é o valor central do Evangelho de Jesus. Essa experiência de salvação consiste na libertação de todo mal e na construção de todo bem. A experiência do amor de Deus é a referência essencial de nossa origem. É essa experiência de amor a Deus que nos leva a servir aos nossos semelhantes. O amor de Deus é o “habitat” onde nascemos vivendo o aprendizado da convivência familiar e social, pelo trabalho.

A vida cristã qualifica-se na medida em que todos e cada um de nós praticamos o maior e o único mandamento de amor. Os meios utilizados para alcançar essa meta de vida cristã encontram-se: 1) Na Palavra de Deus, tal que o Evangelho de Jesus chegue aos corações e aos ambientes; 2) Na fé, celebrada no culto litúrgico e na vida. Os sinais sagrados (sacramentos) ajudam-nos a compreender o que Jesus nos pediu, a exemplo da Eucaristia, sinal de unidade e vínculo da caridade; e 3) Na prática da caridade operosa, no convívio fraterno, na partilha solidária dos bens compartilhados.

O Evangelho praticado na verdade (e a verdade nos liberta do mal) gera o desenvolvimento espiritual e temporal, portanto, a inserção social, gerando comunhão entre as pessoas e famílias, para que todos cresçam. Não se trata de algo inatingível, difícil de viver, alheio e distante da realidade humana. Corresponde ao estágio evolutivo que dinamiza a nossa vida, aberta à plenitude. É essa a meta que os católicos preparam-se para atingir. É preciso nos qualificar melhor para essa meta, contando com as bênçãos de Deus.

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Dom Aldo Pagotto
Arcebispo Metropolitano da Paraíba – PB

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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