Nossa Senhora, Mãe do que sofre

“Eis aí a vossa Mãe” (Jo 19,27)

O último presente que Jesus nos deixou, antes de morrer na cruz, foi a sua própria Mãe, para ser nossa Mãe.

Se Ele fez isto, é porque precisamos de sua ajuda neste vale de sofrimentos que é a vida. E a humanidade reconhece isto. É a ela que recorremos na hora do perigo.

Não tem colo melhor para chorar do que o de Nossa Senhora; não há mãos melhores para enxugar nossas lágrimas do que as dela.

A ladainha Lauretana a chama de: Consoladora dos aflitos, Auxílio dos cristãos, Refúgio dos pecadores, Saúde dos enfermos…, são expressões que o povo foi juntando em suas preces e em seus corações.

São Bernardo, na sua oração a Maria, o “Lembrai-vos”, mostra bem a força de Nossa Senhora para os que sofrem: “Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram a vossa proteção, imploram vossa assistência, reclamam vosso socorro, fosse por Vós desamparado.

Animado eu, pois, com igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro; de Vós me valho e, gemendo sob o peso de meus pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. Amém”.

São Bernardo mostra como ser forte com Maria: “Maria é essa Estrela esplêndida que se eleva sobre a imensidão do mar, brilhando pelos próprios méritos, iluminando por seus exemplos.

Ó tu, que te sentes, longe da terra firme, levado pelas ondas deste mundo, no meio dos temporais e das tempestades, não desvies o olhar da luz deste Astro, se não quiserdes perecer.

Se o vento das tentações se elevar, se o recife das provações se erguer na tua estrada, olha para a Estrela, chama por Maria. Se fores sacudido pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, do ciúme, olha para a Estrela, chama por Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.

Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, que não se afaste de teu coração; e, para obter o auxílio da sua oração, não te descuides do seu exemplo de vida.

Seguindo-a, terás a certeza de não te desviares; suplicando-lhe, de não desesperar; consultando-a, de não te enganares.

Se ela te segurar, não cairás; se te proteger, nada terás de temer; se te conduzir, não sentirás cansaço; se te for favorável, atingirás o objetivo”.

Em qualquer situação difícil, meu irmão, faça o que ensina o santo doutor: “Olha para a Estrela, chama por Maria!”

De pé aos pés da cruz de Jesus, Nossa Senhora é a imagem perfeita do sofrimento heroico e resignado. São Boaventura, doutor da Igreja, dizia sobre esta cena: “…só havia um altar, a Cruz, onde a Mãe era sacrificada com o Cordeiro Divino”.

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São João Crisóstomo disse que quem estivesse no Calvário veria dois altares, onde se consumavam dois grandes sacrifícios: um era o Corpo de Jesus; o outro o coração de Maria.

Quem sofreu como ela? Quem viu, o próprio Filho, Deus e homem, Justo e Santo, ser crucificado aos seus olhos, e morrer gemendo pregado em uma cruz?… Só mesmo Ela, com a graça de Deus, poderia suportar tanta dor em seu coração. Com Jesus ela sofreu todas as nossas dores, por isso agora, pode enxugar as nossas lágrimas.

Cristo sofreu a Paixão, Maria a compaixão.

Talvez ela não nos livre de todas as cruzes, pois sabe que a cruz nos salva, mas certamente, adocicará a nossa cruz. Quando o filho precisa tomar um remédio amargo, o que faz a boa mãe? Coloca um pouco de açúcar. É assim que Maria faz quando precisamos beber o amargo remédio da cruz. Ela caminha conosco em nosso Calvário, como caminhou com Jesus.

São Luiz de Montfort, servo de Maria, garantia que “o servo de Maria jamais recua”. Vai sempre em frente, nunca desanima, nunca desiste…

Vejo este exemplo no nosso querido Papa João Paulo II. O que deu forças a este homem de 83 anos para carregar a cruz do seu pontificado até o fim? Maria! Não é sem motivo que no seu brasão pontifício ele escreveu: “Totus tuus!”

Quando lhe perguntaram se iria renunciar ao pontificado, ele respondeu: “Jesus não desceu da cruz”.

Certa vez, Santa Teresinha sofria muito no seu leito de dor; então, foi socorrida por Nossa Senhora. Ela conta: “Animou de súbito a estátua. A Virgem tomou um aspecto tão belo que nunca achei expressão para descrever essa formosura. O que mais me gravou nas profundezas da alma foi o seu sorriso arrebatador!” (Hist. Alma c. III).

A santinha dizia a Nossa Senhora: “Surpreendo-me ás vezes a dizer a SS. Virgem: Ó minha Mãe querida, sabeis que me julgo mais feliz do que Vós? Eu vos tenho por mãe e Vós não tendes uma SS. Virgem para amar”.

Desde os primeiros séculos os cristãos se acostumaram a buscar refúgio e proteção em Nossa Senhora. A mais antiga oração que a Igreja conhece, a ela dirigida, é do início do século III, encontrada em um fragmento de papiro, no norte do Egito, em Alexandria, escrita em grego, dizia:

“Debaixo da Vossa proteção nos refugiamos ó Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre dos perigos, Virgem gloriosa e bendita”.

Assim se consagravam a Maria, os nossos irmãos que eram perseguidos pelo império romano.

Outro fato que mostra-nos o poder intercessor de Maria, junto de Deus, é o que se passou na vida de uma jovem santa italiana, de apenas 18 anos de idade.

O diretor espiritual de Santa Gema Galgani, mística da Igreja, conta que certa vez a observou em um dos seus êxtases conversando com Jesus e suplicando-lhe a conversão de uma pessoa conhecida. De todas as formas ela suplicava de Jesus esta graça, mas sem sucesso. Implorou a Jesus pelo seu sangue precioso, por suas chagas, pela sua cruz, mas nada. O coração da pessoa, por quem ela intercedia, estava ermeticamente fechado para Deus, por causa do pecado, e Santa Gema nada conseguia. Por fim, já cansada, a Santa diz a Jesus: “Está bem Jesus, a mim o Senhor pode negar esta graça, porque eu sou uma pecadora miserável, mas à tua Mãe o Senhor não pode negar. É por Ela que agora eu te peço. Ide dizer não à tua Mãe”.

E conta o confessor da santa que com estas palavras ela conseguiu a graça desejada.

“Pede à Mãe, que o Filho atende”.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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