Moral: Catecismo da Igreja Católica (Parte 2)

1871

O pecado é “uma palavra, um ato ou um desejo contrário à
lei eterna” (Sto. Agostinho, Faust., 22, 27; CSEL 25, 621 (PL 41, 418).

É uma ofensa a Deus,
Insurge-se contra Deus numa desobediência contrária à obediência de Cristo.

1872

O pecado é um ato contrário à razão. Fere a natureza do
homem e ofende a solidariedade humana.

1873

A raiz de todos os pecados está no coração do homem. As
espécies e a gravidade dos mesmos medem-se principalmente segundo seu objeto.

1874Escolher deliberadamente, isto é, sabendo e querendo, uma
coisa gravemente contrária à lei divina e ao fim último do homem é cometer
pecado moral. Este destrói em nós a caridade, sem a qual é impossível a
bem-aventurança eterna. Caso não haja arrependimento, o pecado moral acarreta a
morte eterna.

1875

O pecado venial constitui uma desordem moral reparável
pela caridade, que ele deixa subsistir em nós

1876

A repetição dos pecados, mesmo veniais, produz os vícios,
entre os quais avultam os pecados capitais.

1890

Existe certa semelhança entre a unidade das pessoas
divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si.

1891

Para desenvolver-se em conformidade com sua natureza, tem
a pessoa humana necessidade da vida social. Certas sociedades, como a família e
a cidade, correspondam mais imediatamente à natureza do homem.

1892

“A pessoa humana é e deve ser o princípio, sujeito e fim
de todas as instituições sociais.”( GS 25, 1).

1893

É preciso fomentar uma ampla participação em associações
e instituições de livre escolha.

1894

Segundo o princípio de subsidiariedade, nem o Estado nem
qualquer outra sociedade mais ampla devem substituir a iniciativa e a
responsabilidade das pessoas e dos órgãos intermediários.

1895

 A sociedade deve favorecer o exercício das virtudes, não
pôr-lhe obstáculos. Deve inspirá-la uma justa hierarquia de valores.

1896

Onde o pecado perverte o clima social, é preciso apelar à
conversão dos corações e à graça de Deus. A caridade impele a justas reformas.
Não existe solução da questão social fora do Evangelho( Cf.  CA 5: AAS 83 (1991) 800).

1919

Toda comunidade humana tem necessidade de uma autoridade
para se manter e desenvolver.

1920

“É evidente que a comunidade política e a autoridade
pública se fundamentam na natureza humana, e por isso pertencem à ordem
predeterminada por Deus.”( Gs 74, 3).

1921

A autoridade é exercida de maneira legítima se estiver
ligada à busca do bem comum da sociedade. Para atingi-lo, deve utilizar meios
moralmente aceitáveis.

1922

É legítima a diversidade dos regimes políticos, contanto
que concorram para o bem da comunidade.

1923A autoridade política deve desenvolver-se dentro dos
limites da ordem moral e garantir as condições para o exercício da liberdade.1924

O bem comum compreende “o conjunto daquelas condições da
vida social que permitem aos grupos e a cada um de seus membros atingirem de
maneira mais completa e desembaraçadamente a própria perfeição”( GS 26, 1).

1925

O bem comum comporta três elementos essenciais: o
respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa; a prosperidade ou o
desenvolvimento dos bens espirituais e temporais da sociedade; a paz e a
segurança do grupo e de seus membros.

1926

A dignidade da pessoa humana implica a procura do bem
comum. Cada pessoa deve preocupar-se em suscitar e conservar as instituições
que aprimoram as condições da vida humana.

1927

Cabe ao Estado defender e promover o bem comum da
sociedade civil. O bem comum de toda a família humana pede uma organização da
sociedade internacional.

1943

A sociedade garante a justiça social realizando as
condições que permitam às associações e a cada um obter o que lhes é devido.

1944

 O respeito pela pessoa humana considera o outro como um
“outro eu mesmo”. Supõe o respeito pelos direitos fundamentais que decorrem da
dignidade intrínseca da pessoa.

1945

A igualdade entre os homens assenta sobre sua dignidade
pessoal e sobre os direitos que daí decorrem.

1946

As diferenças entre as pessoas pertencem ao plano de
Deus, o qual quer que todos nós tenhamos necessidade uns dos outros. Essas
diferenças devem estimular a caridade.1947

A dignidade igual das pessoas humanas exige o esforço
para reduzir as desigualdades sociais e econômicas excessivas e leva ao
desaparecimento das desigualdades iníquas.

1948

A solidariedade é uma virtude eminente cristã que pratica
a partilha dos bens espirituais mais ainda que dos materiais.

1975

Segundo a Escritura, a lei é uma instrução paterna de
Deus que prescreve ao homem os caminhos que levam à felicidade prometida e
proscreve os caminhos do mal.

1976

“A lei é uma ordenação da razão para o bem comum,
promulgada por aquele a quem cabe o governo da comunidade.”217

217 Sto. Tomás de Aquino, S.
Th., I-II, 90,4.

1977Cristo é a finalidade da lei218. Somente Ele ensina e
concede a justiça de Deus.

1978    

A lei natural é uma participação na sabedoria e na
bondade de Deus, pelo homem formado à imagem de seu criador. A lei natural
exprime a dignidade da pessoa humana e constitui a base de seus direitos e
deveres fundamentais.

1979A lei natural é imutável, permanente através da história.
As regras que a exprimem são substancialmente sempre válidas. Ela é uma base
necessária para a edificação das regras morais e para a lei civil.

1980

A Antiga Lei é o primeiro estágio da Lei revelada. Suas
prescrições morais se acham resumidas nos Dez Mandamentos.

1981

A Lei de Moisés contém diversas verdades naturalmente
acessíveis à razão. Deus as revelou porque os homens não as conseguiam ler em
seu coração.

1982A Antiga Lei é uma preparação para o Evangelho.

1983

A Nova Lei é a graça do Espírito Santo, recebida pela fé
em Cristo, operando pela caridade. Exprime-se particularmente no Sermão do
Senhor na montanha e usa os sacramentos para comunicar-nos a graça.

1984

A Lei evangélica leva a pleno cumprimento, ultrapassa e
conduz à perfeição a Antiga Lei: suas promessas, por meio das bem-aventuranças
do Reino dos Céus; seus mandamentos, por meio da transformação da fonte de suas
ações, ou seja, o coração.

1985

A Nova Lei é uma lei de amor, uma lei de graça, uma lei
de liberdade.

1986

 Além de seus preceitos, a Nova Lei comporta os conselhos
evangélicos. “De modo especial favorecem igualmente a santidade da Igreja os
múltiplos conselhos que no Evangelho o Senhor propõe à observância de seus
discípulos.”219

219 LG 42.

2017

 A graça do Espírito Santo nos dá a justiça de Deus.
Unindo-nos pela fé e pelo Batismo à Paixão e à Ressurreição de Cristo, o
Espírito nos faz participar de sua vida.

2018

A justificação, como a conversão, apresenta duas faces.
Sob a moção da graça, o homem se volta para Deus e se afasta do pecado,
acolhendo, assim, o perdão e a justiça que vêm do alto.

2019

A justificação comporta a remissão dos pecados, a
santificação e a renovação do homem interior.

2020

A justificação nos foi merecida pela Paixão de Cristo e
nos é concedida por meio do Batismo. Faz-nos conformes à justiça de Deus, que
nos torna justos. Tem como meta a glória de Deus e de Cristo e o Dom da Vida
Eterna. É a obra mais excelente da misericórdia de Deus.

2021A graça é o auxílio que Deus nos concede para responder à
nossa vocação de nos tornar seus filhos adotivos. Ela nos introduz na
intimidade da vida trinitária.

2022

A iniciativa divina na obra da graça precede, prepara e
suscita a livre resposta do homem. A graça responde às aspirações profundas da
liberdade humana; chama-a cooperar consigo e a aperfeiçoa.

 

2023A graça santificante é o dom gratuito que Deus nos faz de
sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado e
santificá-la.

2024

A graça santificante nos faz “agradáveis a Deus”. Os
carismas, graças especiais do Espírito Santo, são ordenados à graça
santificante e têm como alvo o bem comum da Igreja. Deus opera também por
graças atuais múltiplas, que se distinguem da graça habitual, permanente em
nós.

2025

Nosso mérito em face de Deus consiste apenas em seguir
seu livre desígnio de associar o homem à obra de sua graça. O mérito pertence à
graça de Deus em primeiro lugar, à colaboração do homem em segundo lugar. Cabe
o mérito humano.

2026A graça do Espírito Santo, em virtude de nossa filiação
adotiva, pode conferir-nos um verdadeiro mérito segundo a justiça gratuita de
Deus. A caridade constitui, em nós, a fonte principal do mérito diante de Deus.

2027

Ninguém pode merecer a graça primeira que se acha na
origem da conversão. Sob a moção do Espírito Santo, podemos merecer, para nós
mesmos e para os outros, todas as graças úteis para chegar à vida eterna, como
também os bens temporais necessários.

2028

 “O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da
caridade se dirige a todos os fiéis cristãos.”253 “A perfeição cristã só tem um
limite: ser ilimitada” 254

253 LG 40.

254 S. Gregório de Nissa, V.
Mos: PG 44,300D.

2029  
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a
sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24).

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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