Mártires de ontem e de hoje

“322 cristãos são mortos por mês (11 por dia!) no mundo por causa de sua religião”

A História da Igreja mostra com clareza que em todos os lugares do mundo onde a semente do Evangelho foi lançada, teve de ser regada com o sangue dos mártires. Jesus já tinha avisado: “Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós… O servo não é maior que o seu Senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir” (João 18-20).

A perseguição começou com Jesus; foi caluniado, flagelado, coroado de espinhos, crucificado e morto entre dois ladrões. Antes Dele seu Precursor, João Batista, foi degolado. Logo em seguida foi Santo Estevão, apedrejado até a morte. Em seguida foi Tiago maior, morto por um dos Herodes. Pedro e Paulo morreram sob Nero e junto com eles milhares de cristãos derramaram seu sangue no Coliseu, no Circo de Nero e nos anfiteatros romanos em toda a volta do Mediterrâneo. Milhares de crianças, jovens, mulheres e velhos derramaram seu sangue para que a fé chegasse a nós.

O escritor cristão do século II, Tertuliano, escreveu em seu “Apologeticum” para o imperador sanguinário, Marco Aurélio, que não adiantava matar mais cristãos porque “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Quanto mais cristãos eram martirizados barbaramente, mais romanos se convertiam; até que em 313, depois de 250 anos de perseguição de Nero, Domiciano, Trajano, Aureliano, Marco Aurélio, Diocleciano, etc., Constantino se converteu, impediu a perseguição. Em 385 Teodósio, o Grande, decretou o fim do paganismo e Roma se tornou cristã. O sangue dos mártires venceu a fúria da grande águia romana e a espada dos Césares se “curvou diante da cruz de Cristo” (Daniel Rops).

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Série Mártires do século XX: Parte 2

Série Mártires do século XX: Parte 3

Série Mártires do Século XX: Parte IV

Esse sangue foi derramado abundantemente no Japão, na China, no Vietnã, no Laos, no Cambodja, no México, em Cuba, na Espanha… em todos os continentes; e, mais do que nunca no século XX e XXI, pelos comunistas, nazistas e muçulmanos radicais. No Brasil, o nosso primeiro bispo, D. Pedro Sardinha, foi morto pelos índios e devorado.

A revolução francesa matou cerca de 17.000 padres e 30.000 religiosos. O Papa João Paulo II disse, com dados mostrados, que o século XX sozinho fez mais mártires do que toda a história anterior da Igreja. Ele nomeou uma Comissão destinada a recensear os mártires do século XX. Mais de dez mil relatos de martírio ocorrido chegaram a Roma, em cerca de dez línguas diferentes. 45% desses relatos vieram de Conferências Episcopais e 40% de Congregações ou Ordens Religiosas. Em setembro de 1998, a Igreja da Espanha tinha mandado 2075 relatórios; a da França, sessenta e a Espanha mais 2000; a Coréia, 200; a Polônia, 900. Quanto aos países dominados por governo anticatólico (Vietnã, China, Sudão…), as autoridades civis não permitiram.

Bento XVI beatificou 149 mártires da perseguição religiosa espanhola, assassinados entre 1936 e 1937, na revolução civil. Em outubro de 2007, Bento XVI realizou a beatificação mais numerosa da história da Igreja: a 498 “mártires do Século XX na Espanha (1930)”. Em agosto de 2010, beatificou 12 carmelitas martirizados na Espanha em 1930. Em julho de 2010 beatificou vinte e dois jovens martirizados pelo Rei Mwanga, em Uganda. Em 2009, mais de 200 mártires dessa Guerra Civil espanhola. No dia 29 de agosto de 2010, os cristãos na Índia celebraram a “jornada dos mártires da Índia”. Em novembro de 2012, Bento XVI beatificou 117 mártires vietnamitas. Em junho de 2013 o Papa Francisco reconheceu o martírio de 95 Servos de Deus assassinados durante a Guerra Civil Espanhola. E beatificou 134 mártires coreanos em Seul.

O representante do Vaticano na ONU, em Nova York, o arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, em 28 de outubro de 2009, disse que “a religião cristã é a mais perseguida no mundo”. Mais de 200 milhões de cristãos sofrem discriminações.

Dom Eterovic, no sínodo dos bispos de 2009, referiu-se à quantidade de pessoas que foram assassinadas na África por defender sua fé nos últimos 15 anos. Foram mortos 521 agentes pastorais, entre africanos e outros missionários estrangeiros.

Em 20 de outubro de 2010 no Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, Dom Edmond Farhat, arcebispo titular de Biblos (Líbano) disse: “A ação de Deus continua na história. A Igreja no Oriente Médio vive agora seu caminho de cruz e de purificação, que leva à renovação e à ressurreição. Os sofrimentos e as angústias do presente são o choro do recém-nascido. Se duram, é porque este tipo de demônio que atormenta nossa sociedade só se afasta com a oração”.

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A ONG OPEN DOORS, em seu relatório de 2014, informou que: 322 cristãos são mortos por mês (11 por dia!) no mundo por causa de sua religião, a maior parte deles vitima do extremismo islâmico.

No Iraque, 70% dos cristãos deixaram o país desde 2003 para fugir da perseguição terrorista dos muçulmanos. 2014 foi o ano da era moderna em que mais cristãos foram perseguidos, torturados, presos ou mortos por causa de sua fé (VEJA, pág. 30, n.2414/fev/2015).

Vimos alguns anos atrás a brutal decapitação, fria e covarde, de 21 cristãos coptas, mostrados pela internet e TV, sendo fotografados e filmados. Cometeram o crime de ser cristãos, da mesma forma que seus irmãos mártires jogados aos leões de Roma, queimados vivos, eliminados nas câmaras de gás de Hitler e nos labirintos soviéticos. Cristo continua derramando seu sangue para salvar a humanidade. “Completo na minha carne o que falta a paixão de Cristo, no seu corpo que é a Igreja” (Col 1,24). Quando se mata uma baleia, há clamor mundial; quando se mata cristãos, a maioria se cala… Jesus continua sua Paixão silenciosa.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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