Karl Marx transformado em deus

Karl Marx foi transformado em deus na Academia Brasileira. Não tenho a intenção de esgotar um assunto tão vasto e polêmico como este, mas oferecer apenas algumas pistas, verificáveis com facilidade para quem conhece a Obra de Marx.

Marx viveu no século XIX e foi propulsor de uma das mais influentes correntes filosóficas dos últimos 150 anos, caracterizada pela crítica ao capitalismo e às classes dominantes, assim como a defesa da ascensão do chamado proletariado, através da luta de classes. 

Não é novidade para os apreciadores de suas obras, que a Academia Brasileira foi influenciada por Marx, sobretudo através da Universidade de São Paulo, USP, que teve na pessoa de Caio Prado Júnior, historiador, o seu primeiro e grande defensor, embora tentando adaptar a filosofia marxista aos trópicos. Depois outras figuras, como Florestan Fernandes, Nelson Werneck, e mais recentemente Fernando Henrique Cardoso, Moacir Gadotti, Marilena Chauí, ainda muito influentes nos círculos acadêmicos, também se tornaram – pelos escritos produzidos nesta mesma linha – quase que leituras obrigatórias nas nossas universidades, assim como Paulo Freire – com a sua pedagogia Marxista – mesclada com características cristãs.

O fato é que, estes autores influenciaram as últimas décadas do pensamento brasileiro, não só no campo da educação e da cultura. É próprio do pensamento de Marx identificar-se com materialismo e idealismo prático, desprovendo assim as realidades transcendentais. 

Estas ideias permeiam os vários campos do saber na Universidade Brasileira, sobretudo nas faculdades de Economia, História, Sociologia, Ciências Sociais, Direito e nos mestrados e doutorados. Esta conclusão vem da observação que estes autores (e seus comentadores) são “obrigatoriamente” indicados na nossa Academia.

Porém, como não fazemos nenhum juízo de valor – até então – dos autores citados e do próprio pensamento marxista, o que Roberto de Almeida chama até de falácia, pelo modo que é aplicado entre nós. Na minha observação, preocupei-me mais com o fato de que muitos “marxistas brasileiros”, verdadeiros arautos dos discursos transformadores, não tenham o conhecimento necessário das Obras de Marx e Engels, o próprio Paulo Roberto de Almeida, diz que poucos destes marxistas, que estão destilando esta filosofia nas Universidades, se quer leram uma obra de Marx por inteiro, como por exemplo, “O Capital”, o “Manifesto Comunista”, “A Ideologia Alemã”.

De igual modo, apresentam fragilidades na análise do sistema que atacam, isto é, o capitalista, porque não conhecem as obras de seu principal teórico, Adam Smith, pois para criticar e propor transformações, além de conhecer o modo de pensar que propõe a transformação, que no caso é o marxismo, é necessário conhecer aquele a ser transformado, o capitalismo, ambos pela raiz. Deste modo, a transformação proposta em setores da Academia Brasileira, não é nem marxismo e nem está fundamentada em bases sólidas sobre a ideologia dominante.

Todavia, ainda é preciso fazer uma indagação modesta. Poderá um educador, de qualquer área, sugerir uma mudança marxista sem conhecer Marx e sem conhecer os teóricos do capitalismo? Pode propor mudanças a partir das próprias ideias, porque a transformação como sugere o marxismo, faz-se necessário conhecer profundamente o pensamento do autor e do objeto da crítica.

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Pe. Crispim Guimarães
Pároco da Paróquia Cristo Rei, Laguna Carapã, MS

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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