Roma,
19/11/2010 (ACI).- Bernard-Henri Lévy é
um pensador ateu considerado como referência intelectual da chamada nova
esquerda. Em um artigo publicado no jornal italiano Corriere della Sera ele
afirma que é necessário defender os cristãos perseguidos em todo mundo,
começando por Asia Bibi, a mulher condenada a morrer no Paquistão acusada de
blasfêmia.
No artigo publicado esta quarta-feira titulada “Defender a todos os
perseguidos começando pelos cristãos do Oriente, o intelectual francês assinala
que “recentemente eu declarei, à margem de uma conversação com um
jornalista da agência espanhola EFE, que hoje os cristãos constituem, em escala
planetária, a comunidade mais constante, violenta e impunemente
perseguida”.
Esta frase, escreve, “surpreendeu, e provocou certa agitação aqui e
lá”. Para provar sua afirmação enumera diversos casos como o recente
massacre contra os siro-católicos no Iraque onde morreram 58 pessoas, a
proibição do culto cristão no Irã, a perseguição anti-cristã na Franja de Gaza,
no Sudão, contra os evangélicos no país africano de Eritréia, o assassinato recente
de um sacerdote no Congo e a perseguição violenta contra os cristãos na Índia.
Lévy se referiu também à perseguição contra os cristãos no Egito e na Argélia,
países majoritariamente muçulmanos, e como ainda existem regimes comunistas no
mundo que não permitem a plena liberdade de culto como Cuba, a Coréia do Norte
e a China.
Depois de rechaçar o anti-semitismo e recordar que os judeus também foram
perseguidos, mas que isto sim é condenado, o pensador recorda que o Papa Bento XVI elevou
a voz para defender aos cristãos do Oriente que têm feito tanto pela riqueza
espiritual da humanidade.
Ante os cristãos perseguidos, explica Lévy, cabe uma de duas atitudes: “ou
a pessoa se adere à doutrina criminal e louca que faz competição entre as
vítimas (para cada um os seus próprios mortos, a cada um a própria memória e,
entre uns e outros, a guerra de mortos e memórias) e nos preocupamos só pelas
‘próprias’ vítimas. Ou se repudia isto (sabemos que em todo coração há
suficiente espaço para compaixão, luto e solidariedade não menos
fraternos)”.
E com essa mesma energia com a que se rechaça esta doutrina criminal, continua
o intelectual ateu, “(quase digo com a mesma fé), denuncia-se o ódio
planetário, a onda homicida da que são vítimas os cristãos, cuja velha condição
de representantes da religião dominante, ou em todo caso, mais poderosa, impede
de tomar verdadeira consciência”.
Finalmente Lévy questiona: “existe acaso permissão para matar quando se
trata dos fiéis do ‘Papa alemão’? Uma permissão para oprimir, humilhar,
martirizar, em nome de outra guerra das civilizações não menos odiosa que a
primeira?”
“Pois não – conclui -. Hoje é necessário defender os cristãos”.