Igreja dá salto no ranking da confiança

Instituição
passou de 7º para 2º lugar, diz levantamento da FGV; para pesquisadora,
polêmica do aborto na campanha eleitoral impulsionou índice

17 de
novembro de 2010

Fausto
Macedo, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO –
A confiança da população nas instituições sofreu mudança importante no último
trimestre. É o que revela pesquisa do Índice de Confiança na Justiça (ICJ
Brasil), produzido pela Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas em São Paulo (Direito GV).
Enquanto o Judiciário ficou em situação desconfortável, empatada com a polícia
e à frente apenas do Congresso e dos partidos políticos, a Igreja saltou do 7.º
lugar para a segunda posição.

Para
Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do ICJ Brasil, a
controvérsia sobre o aborto travada entre o primeiro e o segundo turno das
eleições presidenciais pesou decisivamente para o aumento do índice de
confiança na Igreja.

A questão
foi levantada por d. Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo da Diocese de Guarulhos.
Ele mandou produzir 1 milhão de cópias do “apelo a todos os
brasileiros” com recomendação expressa para que não votassem em candidato
ou partido que defendesse o aborto – referência direta à Dilma Rousseff e ao PT.

Os folhetos
foram confiscados pela Polícia Federal, por ordem do Tribunal Superior
Eleitoral que acolheu ação do PT, mas d. Luiz não se intimidou e insistiu em
sua cruzada.

“A
Igreja estava em um grau baixo de avaliação quando foi feita a apuração no
segundo trimestre, muito perto da crise envolvendo a instituição com denúncias
de pedofilia”, observa Luciana. “A última fase da coleta coincidiu
com a discussão sobre o aborto nas eleições presidenciais. Isso fez a
diferença.”

A
professora destaca que o tema aborto não foi citado na consulta. “A gente
pede resposta de forma espontânea para dizer se a instituição é confiável ou
não. Mas é evidente que é esse (o ataque ao aborto) o motivo principal do
aumento significativo da confiança na Igreja.”

Nesse
trimestre 54% dos entrevistados disseram que a Igreja é uma instituição
confiável. No segundo trimestre 34% deram essa resposta. “A Igreja só
perde para as Forças Armadas e ganha de longe do governo federal e, inclusive,
das emissoras de TV que normalmente são instituições consideradas confiáveis
pela população”, assinala Luciana.

Já a
confiança nos partidos políticos despencou de 21% para 8% no mesmo período de
eleições, mantendo-se em última posição na escala. “Ao mesmo tempo em que
a Igreja sobe, os partidos políticos têm uma queda enorme no nível de
confiança”, ressalta a coordenadora.

Apenas 33%
disseram que o Judiciário é confiável. O Congresso ficou com 20%. As outras
instituições obtiveram os seguintes resultados: Grandes Empresas (44%), governo
federal (41%), emissoras de TV (44%) e imprensa escrita (41%).

O ICJ
Brasil foi criado pela Direito GV para verificar o grau de confiança no
Judiciário e como a população utiliza o poder para a reivindicação de direitos
e busca por soluções. No Distrito Federal é maior a confiança no Judiciário,
desbancando a liderança do Rio Grande do Sul que, desde o início da sondagem,
em julho de 2009, ocupava o posto. Minas Gerais e Pernambuco são os Estados
onde a população menos confia no Judiciário.

Prestígio

“A
confiança no Judiciário cresce à medida que aumenta a renda e a escolaridade
dos entrevistados”, explica Luciana Gross. “É maior entre moradores
do interior, se comparado entre moradores das capitais, e entre os homens se
comparado com as mulheres. O ICJ Brasil também apurou que quem se declara
negro, pardo ou indígena confia menos no Judiciário do que quem se declara
branco ou amarelo.”

Apesar do
pouco prestígio com a população, a Justiça, de forma geral, está melhor hoje e
tende a melhorar mais no futuro, segundo a investigação da GV Direito: para 47%
dos entrevistados, o Judiciário melhorou nos últimos 5 anos e para 67% ele
tende a melhorar nos próximos 5 anos. Quase metade dos entrevistados (41%)
declarou que já entrou com algum processo na Justiça, por questões
trabalhistas, assuntos relativos ao direito do consumidor e de família.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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