História da Quarta-feira de Cinzas

A Quarta-Feira de Cinzas, começa oficialmente o tempo da Quaresma e o Ciclo Pascal. (Este ano, no dia 14 de fevereiro).

As cinzas são feitas com os ramos das palmeiras que se usaram na Procissão dos Ramos do ano anterior, que se guardam e se queimam para esse efeito.

O costume de pôr as cinzas na cabeça (testa) dos fiéis, bem como o uso de fatos de serapilheira, era uma penitência muito antiga praticada entre o povo hebreu:

– “Ó filha do Meu povo, veste-te de saco, revolve-te nas cinzas. Cobre-te de luto por um filho único” (Jer.6,26).

– “Cobri-vos de cinzas, guardas do rebanho, pois que chegou o dia da vossa destruição” (Jer.25,34).

Ao ritual das cinzas, com o significado das leituras da Escritura, não estava diretamente ligado ao princípio da Quaresma.

Foi cerca do Ano 300 que esse uso foi adotado pelas Igrejas locais, como parte da sua prática de temporariamente excomungar ou expulsar os pecadores públicos, das suas comunidades.

Esses pecadores públicos eram acusados de pecados públicos e escândalos, como apostasia, heresia, crime e adultério (os pecados capitais).

Foi no século VII que este costume se estendeu a muitas outras Igrejas com o ritual público da Quarta-Feira de Cinzas.

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Qual o sentido da celebração das Cinzas?

Por que uma Quarta-feira de Cinzas?

Primeiramente os pecadores públicos confessavam os seus pecados, em particular.

Depois eram apresentados ao bispo e inscritos publicamente nas listas dos penitentes que se preparavam para a absolvição de Quinta-Feira Santa.

Depois de receberem a imposição das cinzas eram enviados para fora da Comunidade, à imitação de Adão que foi expulso do Paraíso depois do pecado, com sua mulher, Eva, para se lembrarem que a morte é a pena do pecado.

– “…Lembra-te que és pó e em pó te hás-de tornar” (Gn 3,19).

Viviam depois afastados de sua família e da Comunidade durante os quarenta dias da Quaresma (Quarentena).

Vestidos de saco e com a imposição das cinzas eram identificados como penitentes públicos, perante a Comunidade, e em lugar separado na Igreja.

Como penitências comuns, abstinham-se de certos alimentos, de álcool; não tomavam banho, não cortavam o cabelo nem faziam á barba, nem podiam usar dos seus direitos conjugais.

Ficavam também privados das suas transações comerciais e dos seus interesses nos negócios.

Em certas dioceses, algumas penas duravam por vários anos e outras eram por toda a vida.

Durante a Idade Média foi dada maior ênfase aos pecados pessoais do que aos públicos.

Como resultado, as tradições da Quarta-Feira de Cinzas ficaram simplificadas para os membros da paróquia,

Estas tradições já eram observadas de maneira geral desde o século XI.

Mais recentemente a imposição das cinzas, reveste-se mais positivamente com o aspecto da Quaresma, segundo o pensamento do Evangelista S. Marcos:

– “Completou-se o tempo e o reino de Deus está perto; arrependei-vos e acreditai na Boa-Nova” (Mc.1,15).

Mudaram-se os tempos e atualizaram-se os costumes de modo que ficou pelo menos o sentido de penitência necessária para uma conversão de vida em ordem à celebração da Páscoa que em cada ano deve ser uma renovação da vida interior de cada um.

Segundo as normas vigentes, Quarta-Feira de Cinzas é dia de Jejum e Abstinência.

Quem pode impor as cinzas

Em resposta a uma pergunta feita pela Comissão Litúrgica dos Bispos Americanos em 30 de Janeiro de 1975, a Secretaria da Sagrada Congregação para os Sacramentos e para o culto divino deu a seguinte resposta:

Os Ministros extraordinários (eucarísticos) não podem benzer as Cinzas, mas podem ajudar o Celebrante na sua imposição, e até, quando não houver sacerdote e as Cinzas já estiverem benzidas, podem impô-las por si mesmos.

Portanto, esta resposta indica que qualquer pessoa pode ser convidada ou encarregada de impor as Cinzas, mas não as pode benzer.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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