História da Igreja: Os Primeiros Concílios – Parte 1

INTRODUÇÃO: Vivemos num mundo em que são tantas as mentiras que é difícil conhecer a verdade. Isso pode ser também afirmado da verdade religiosa, de modo que, ou admitimos que cada um tem sua verdade, e daí a confusão e multiplicação das crenças, ou se admitimos que a verdade é una ou única, temos a obrigação de buscá-la até a encontrar. No caso anterior, a tolerância deve ser a primeira conseqüência, e a intolerância a última e ilógica conclusão. No segundo caso, entraríamos na teoria das probabilidades para deixar uma porta aberta a outras escolhas e de um modo especial, vista a subjetividade individual em que se transforma a busca e a posse da verdade universal, também estaríamos obrigados à tolerância. Esta, pois, deve ser a base da religião atual, qualquer que sejam suas premissas.

Porém nem sempre foi a tolerância o motor das relações religiosas, nem podemos afirmar que ela o seja hoje em todas elas. De fato, a diversidade religiosa foi outrora tratada como um mal a combater, como se a intolerância fosse uma virtude e não um defeito, um dever e não uma conduta viciosa e errada.

Ao intentar escrever sobre os primeiros Concílios da Igreja, veremos como não é questão de disciplina ou norma de vida o que neles essencialmente se discutia, mas é a natureza de Deus, especialmente a sua natureza trinitária e na sua relação com o homem, ou seja a salvação do mesmo.

ECUMÊNICO: A palavra provém do grego (oikumene=terra habitada) e em termos modernos significa universal. Muitos admitem o Concílio de Niceia (325) como o primeiro concílio ecumênico, mas outros pensam que o primeiro digno desse nome, foi o concílio de Jerusalém (43), celebrado este em vida dos apóstolos. Como em todos os concílios, em Jerusalém temos duas partes bem diferentes: a principal é a verdade teológica (respeito a Deus) a ser aplicada e representada em termos humanos e portanto analógicos e imperfeitos, embora filosóficos e científicos, que chamamos de teológicos. Por serem científicos têm o carimbo de serem absolutos e irrefutáveis. Eles constituem a base da crença ou da fé. A segunda corresponde aos cânones (normas ou regras) a serem observados na vida prática. Estes parecem mais moldáveis e cambiantes, segundo os costumes particulares de cada época. Se os primeiros constituem o credo comum, os últimos formaram a base do que se tem chamado Direito. Ambas as partes podem ser encontradas no Concílio de Jerusalém.

O PROBLEMA TEOLÓGICO: Alguns cristãos dos chamados judaizantes, ensinavam: “Se não vos circuncidais, segundo a prática de Moisés, não podereis ser salvos” (At 15,1). Aparentemente era um erro ou desvio de conduta. Na realidade como Paulo demonstra em Gal 2 e 3, era um erro doutrinal. Pois se a circuncisão fosse necessária, a cruz de Cristo (=redenção) seria inútil. Admitir a necessidade da circuncisão era esvaziar a cruz de Cristo. Por isso no Concílio a resposta foi dada de modo pleno e satisfatório por Pedro: “Cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, tanto os judeus como os pagãos” (At 15,11). Ou seja, a salvação, para todos, tem como causa e origem a obra gratuita e amorosa de Jesus (Xaris em grego).

OS CÂNONES: como em todos os concílios ecumênicos, após a determinação de uma particular verdade teológica, hoje chamada de dogma, procura-se resolver problemas de conduta, muitas vezes desordenada por não dizer pecaminosa. Se os gentios não estavam obrigados à circuncisão, qual deveria ser sua conduta em termos relativos aos ídolos, e comidas e relações matrimoniais que implicavam impurezas, contraídas segundo a lei, e portanto afastamento de Deus, segundo pensar comum na época? De todas as inúmeras formas de impureza contaminantes que impediam a convivência com os judeus, Tiago só pede três abstenções, que constituíam a lei chamada dos filhos de Noé e que eram propostas aos pagãos conversos que frequentavam a sinagoga. A impureza de contaminação provinha dos idolotitos, as carnes compradas nos açougues e que eram parte dos animais sacrificados aos ídolos; a impureza da fornicação que os modernos entendem de contrair matrimônio com pessoas consanguíneos, e que talvez poderia ser em parte a de usar o matrimônio durante a menstruação, e finalmente a impureza de comer ou beber sangue de animais, em cujo caso entrava a comida de animas sufocados, dos quais o sangue não foi retirado antes da morte. Compreende-se que a convivência de judeus e pagãos era difícil nos primeiros momentos do cristianismo e que aqueles, acostumados a uma série de complicadas leis de pureza que faziam insuportável a vida, como diz o Senhor (Mt 23, 4), tivessem reparos em aceitar os novos irmãos dentro de suas reuniões.

CONCLUSÃO: O primeiro problema, o da circuncisão, demorou muito tempo em ser resolvido e constituiu a grande cruz de Paulo (talvez em parte se refira a isso dizendo que estava sofrendo o que faltava à cruz de Cristo). Mas também foi a base de sua doutrina sobre a liberdade da lei, nas suas cartas aos Gálatas, Romanos e Efésios. Hoje é um problema completamente resolvido e esquecido. Enquanto aos cânones, como norma de conduta cristã, sabemos que estavam vigentes no século II pelas palavras dos mártires de Lião; mas desapareceram com o tempo desde que o convívio com os judeus não foi mais necessário, e não constituem hoje em dia objeto de legislação eclesiástica alguma.

Leia também: História da Igreja: Os Primeiros Concílios – Parte 2

História da Igreja: Os Primeiros Concílios – Parte 3

Concílios ecumênicos da Igreja

Quando aconteceu o primeiro Concílio Geral na História da Igreja?

O CONCÍLIO DE NICEIA I: A PARTE DOGMÁTICA

CONCÍLIO: A palavra concílio (do latim concilium) significa convenção, reunião. A convocação dos mesmos não tem origem eclesiástica nos quatro primeiros, até o de Calcedônia inclusive (451); mas foram convocados pelos imperadores de Constantinopla. Devemos distinguir entre concílios e lugares e casos mais particulares, embora a palavra concílio fosse usada também para sínodos locais. Os concílios são designados pelos nomes das cidades onde teve lugar a reunião. Caso de haver mais de um concílio na mesma cidade, recebe um numeral distintivo, como por exemplo Niceia II ou Constantinopla IV. Tanto os católicos como os gregos ortodoxos e algumas denominações evangélicas aceitam como válidos os oito primeiros concílios até o Constantinopolitano IV (869) antes da excisão entre as dois grandes ramas da Igreja em oriental e ocidental. Vamos nos deter no primeiro concílio ecumênico, o de Niceia I em 325. Houve um outro concílio em Niceia em 787 (Niceia II) que condenou os iconoclastas ou aqueles que queimavam imagens e que logicamente certos evangélicos não consideram como ecumênico.

CONCÍLIO DE NICEIA I: Junto com o Constantinopolitano I determinou a base da crença na Trindade, pela qual os que somos cristãos nos distinguimos dos judeus e dos maometanos, professando uma fé num Deus único, mas ao mesmo tempo trino em pessoas que nos distingue das outra religiões que entram na denominação de religiões do “livro”. Os outros dois concílios que determinam a Encarnação, Éfeso e Calcedônia, entram dentro dos quatro admitidos hoje por todos os cristãos. Diante da autonomia do Bispo local, considerado como representante dos apóstolos, o concílio é a única possibilidade de dar expressão à unidade da Igreja. A partir de Constantino, as normas eclesiásticas que acompanham as definições dogmáticas dos concílios ecumênicos, constituem decisões que tem efeito civil de leis imperiais.

CONVOCAÇÃO DO CONCÍLIO: Foi o próprio Constantino que o convocou, embora pensou inicialmente em Ancira (centro da Anatólia ou Ásia Menor atual), porque o bispo do lugar era contrário aos arianos, contra os quais se queria combater. Mas depois se inclinou por Niceia, no momento capital do império. Foi um gesto favorável aos arianos tanto porque o bispo local, Teógnides, como também o metropolitano (bispo da região), Eusébio de Nicomedia, se mostravam benévolos aos mesmos. O programa de Constantino, que já encontrava um Oriente quase totalmente cristão, era realizar uma pacificação geral da Igreja e uma nova organização da mesma, porque, como instituição, se tornara fundamental para a convivência dentro do império romano, neste caso no Oriente. Pretendia assim mesmo, por fim ao cisma originado em Antioquia desde o ano 268 com a condenação do antioqueno Paulo de Samosata.

AS FONTES: A fonte mais importante sobre o Concílio não é direta, como podem ser as atas do mesmo, que não existem no caso, mas os relatos de dois dos protagonistas, nunca enfrentados com outros mais independentes. São eles Eusébio, bispo de Cesareia, de tendências pro-arianas, e Atanásio, mais tarde patriarca de Alexandria, que na época era diácono e acompanhava o seu bispo Alexandro,o metropolita da região. Se os bispos eram os sucessores dos apóstolos, que presidiam as igrejas particulares geralmente nas cidades importantes, os metropolitanos eram os bispos de uma capital regional, ou província do Império que não tinham outro poder senão o moral de convicção e o de convocar sínodos chamados provinciais. Alguns destes metropolitanos, situados em lugares de suma importância, receberam mais tarde no Concílio de Calcedônia (451) o título de Patriarcas. Eram cinco os patriarcas: Roma, Alexandria, Antioquia, Jerusalém e Constantinopla.

EUSÉBIO DE CESAREIA (265-340): Era bispo de Cesareia na orla mediterrânea da Palestina. De caráter contemporizador e diplomático, era simpatizante das idéias arianas. Suas duas obras principais eram a Crônica da História Universal e a História Eclesiástica. São também notáveis Os mártires da Palestina na perseguição de Diocleciano (303-310) e a Vida de Constantino.

S. ATANÁSIO (295-373): Manteve uma luta incessante para defender a fé de Niceia, pelo que foi desterrado cinco vezes, tendo que sofrer inúmeras perseguições de toda classe. Inflexível contra os hereges, demonstrou compreensão para com os pecadores frente à intransigência de Lucifer bispo de Cagliari na Itália. Suas obras mais importantes são De Incarnatione et contra Arrianos, como obra dogmática e apologética, e a Vida de S Antônio o abade da Tebaida, como história.

ÓSIO DE CÓRDOBA (257-358): Um dos mais veneráveis bispos da antiguidade, confessor, ou seja que havia sofrido tormentos pela fé; em 294 residia em Roma onde conheceu Constantino e foi presidente do Concílio de Niceia para mais tarde presidir o Sínodo ou concílio de Sárdica, cujos cânones ou sentenças ele escreveu. Morreu com 101 anos de idade, caso quase único para aqueles tempos.

ECUMÊNICO: O imperador, queria que o maior número possível de bispos assistisse ao concílio para o que pôs à disposição dos mesmos todo o aparato estatal. A Anatólia (hoje Turquia asiática) a Palestina e Cartago eram praticamente cristãs. A influência do cristianismo era grande em Alexandria, parte da península ibérica, sul francês e em grandes regiões da Itália atual, junto com o delta do Nilo. Podemos afirmar que do Oriente a participação foi majoritária. Do Ocidente é certa a participação de Ósio e dos dois delegados do papa de Roma, os presbíteros Vito e Vicente, sendo discutida a de dois bispos latinos. Tanto Eusébio como Atanásio consideraram o concílio, vistas as circunstâncias, em que o cristianismo se desenvolvia, como universal e como um novo Pentecostes. Foi sem dúvida de caráter ecumênico, ou mais propriamente irênico (de reconciliação e paz) pois foram convidados tanto grupos opostos como expoentes cismáticos. Como ecumênico o designaram Eusébio e Atanásio, máxime se o consideramos em oposição aos sínodos arianos celebrados em Oriente.

OS 318 PADRES: O número de bispos assistentes oscila entre os 250 de Eusébio e os 300 de Constantino e Atanásio. Posteriormente falou-se de 318 número que representava os servidores de Abraão de Gn 14,14. Por isso desde a segunda metade do século IV o Concílio de Niceia será denominado geralmente como o Concílio dos 318 padres. Dentre eles somente Ósio de Córdoba, Cecílio de Cartago, Marco de Calábria, Nicácio de Dijon, Dono de Estridão na Panônia e os dois presbíteros Victor e Vicente, representativos do Papa, eram ocidentais

HOMOOUSIOS: Este termo é sem dúvida o que melhor expressa a igualdade de natureza entre o Pai e o Filho. Era um vocábulo novo; tratava-se de um termo controvertido por não existir na literatura bíblica, ou escriturística como se dizia na época. Havia mais outras razões para não admiti-lo: Em primeiro lugar, o perigo de uma concepção materialista da divindade como se o Pai e o Filho fossem porções separáveis de uma mesma substância. Em segundo lugar, existia a suspeita de modalismo ou sabelianismo. O Modalismo, negando a distinção de pessoas, afirmava que o Filho e o Espírito santo eram unicamente modos ou atributos do Pai. Daí o nome de Modalismo. Sabelius, heresiarca originário da Líbia (norte da África), identifica o Pai e o Filho, sendo o Espírito Santo um modo (ou forma) da identidade entre Pai-Filho. Foi condenado em Roma pelo papa Calixto I no ano 275.

Em terceiro e último lugar, existia o caso de ter sido condenada a palavra Homoousios no sínodo de Antioquia (268) contra Paulo de Samosata que negava a divindade de Cristo. A principal razão era sem dúvida que não era um termo escriturístico. Os ortodoxos (os não hereges) resolveram a questão dizendo que também a eles lhes teria gostado usar termos bíblicos; mas isto não era possível pela ambiguidade dos mesmos tal e como eram usados pelos arianos. Além disso, embora não apareça na Escritura, a palavra reflete claramente o sentido da mesma. Hoje diríamos que a Escritura usa uma linguagem popular e que homoousios traduz as idéias da Escritura em termos filosóficos, bem delimitados e concretos. Com respeito à condenação do homoousios no sínodo antioquino, foi devido a uma concepção materialista da divindade. Afastada esta ideia, a palavra mais apta para definir a unicidade de natureza em Deus não podia ser outra diferente. Foi precisamente o Imperador Constantino quem afirmou que o uso desta palavra não deveria ser entendido em sentido material, conforme sucede com os corpos, pois as realidades visadas pelo símbolo, não eram corporais, mas espirituais. Por isso a geração do Filho pelo Pai não produziu excisão ou divisão alguma na divindade. Assim, afirmava Eusébio, que consubstancial (tradução do homoousios) ao Pai, indica que o Filho de Deus não tem nenhuma semelhança com as criaturas mas que é em tudo semelhante ao Pai que o gerou, sem que se derive de outra natureza, ou substância (hypóstase), além da do Pai. A palavra em termos filosóficos tinha sido usada pelos neoplatônicos, especialmente Plotino e Porfírio na metade do século III, a propósito de seres que pertencem à mesma classe e compartem os mesmos conteúdos. No âmbito cristão o termo procedia da literatura gnóstica indicando semelhança no ser. Por outra parte ainda não existia uma clara distinção entre hipóstase e ousia, confusão que só seria aclarada no Concílio de Calcedônia (451).

O SÍMBOLO: No Palácio Imperial de Niceia, na sala régia, os Padres conciliares deram a máxima importância à tradição que também era invocada pelo heresiarca Ario. Daí que ao elaborar um símbolo, todos recorressem aos símbolos recitados e tidos como normas de fé nas respectivas igrejas locais. Esta fé foi exposta em três artigos principais: Pai, Filho e Espírito Santo. Estes três pólos tinham como base as instruções do Ressuscitado a seus discípulos em Mt 28,19: “Anunciai o evangelho a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito santo”. Este texto servia como base para a profissão de fé no batismo nas diversas igrejas locais. Parece que o símbolo, tomado como modelo, era o Jerosolimitano-antioquino pelas semelhanças e analogias com os apresentados por S. Epifânio de Chipre (315-403), que oferece em seu Anacoratus 2 símbolos de fé, e S. Cirilo de Jerusalém (313-385), que em suas 24 Catequeses explica o símbolo de fé do batismo. Geralmente se dá como fato admitido a formulação de um símbolo, o Niceno, que outros afirmam ser o Jerosolimitano-antioqueno. Segundo a Catholic Encyclopedia eis a fórmula do mesmo: “Cremos em um único Deus, o Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; e num único Senhor, Jesus Cristo, o único Filho gerado do Pai, isto é, da substância (ektes ousias) do Pai, Deus de Deus, luz da luz, verdadeiro Deus do Deus verdadeiro, gerado não feito, da mesma substância com o Pai (homoousios to Patri), através do qual todas as coisas foram feitas tanto no céu como na terra; que por nós homens e por nossa salvação desceu, se encarnou e foi feito homem, sofreu e ressuscitou de novo ao terceiro dia, ascendeu ao céu e virá a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo”. E logo acrescenta o anátema: “Aqueles que dizem: Houve um tempo quando Ele não existia, e Ele não era antes de ser gerado; e que Ele foi feito da nada (ex ouk onton); ou que afirmam que Ele é de outra hipóstases ou de outra substância (que o Pai), ou que o Filho de Deus é criado, ou mutável ou sujeito a mudanças, a eles a Igreja Católica anatematiza”.

Assista também: O que é um Concilio Ecumênico?

FÓRMULAS ESPECÍFICAS:

As chamadas interpolações ou inserções antiarianas são estas:

1) “Isto é, da essência (ousias em grego) do Pai”. Os arianos afirmavam que o Logos (a palavra, ou Filho) era criado da nada e não existia nenhuma comunhão ontológica (de ser) entre Pai e Filho;

2) “Deus verdadeiro (alethinon) de Deus verdadeiro”. Os arianos afirmavam que o Pai era verdadeiro Deus, enquanto o Filho era (simplesmente) deus;

3) “Gerado (gennetheta), não criado (poiethenta)”. Com estas fórmulas desaparecia a duvidosa de “Filho de Deus”… Também os judeus se consideravam filhos de Deus (Jo 8,42).

A ADESÃO: Em geral foi geral e entusiasta. Todos os bispos, a exceção de cinco, se declararam dispostos a subscrever esta fórmula, convencidos de que ela continha a antiga fé dos apóstolos. Os oponentes reduziram pronto a dois: Theodas de Marmárica e Segundo de Ptolemais que foram exilados e anatematizados. Ário e seus escritos foram anatematizados e seus livros jogados ao fogo e ele exilado a Ilíria. A lista dos que firmaram tem chegado a nós mutilada e desfigurada pelas cópias imperfeitas dos copistas, porém não se pode negar de sua autenticidade. Em total são 232 ou 237 nomes.

CONCLUSÃO TEOLÓGICA: Temos visto como a ciência teológica se abriu passo a passo às apalpadelas sobre questões que hoje nos parecem tão simples e normais e das quais não existiam conceitos claros nos primeiros séculos. Por outra parte a tradição sempre teve um papel importante nas definições dogmáticas como nos cânones limitadores dos abusos disciplinares como veremos em novo informe. A tradição foi uma constante de todas as igrejas primitivas, já que a transmissão era da palavra muito mais do que da escrita, cujo cânon foi tardiamente elaborado. Duas idéias são importantes de toda esta disputa ariana: primeiro a unicidade do dogma ou de fé que quer ser mantida dentro duma Igreja que a si mesma se denomina CATÓLICA e que expulsa como anatematizados os que a esse dogma trinitário e cristológico não se aderem. Segundo: a constante recurso tanto dos católicos como dos arianos à tradição. Estamos no século IV e portanto 300 anos após a morte de Cristo. Existiam documentos escritos como os evangelhos, tantas vezes citados pelos escritores e bispos da Igreja e não obstante é a tradição a que leva a palma e dita a fé. Nihil innovetur nisi quod traditum est, dirá o papa a uma consulta sobre o batismo; e esta parece ser a atitude de uma Igreja que segue perfeitamente o proceder de Paulo: “Eu vos transmiti, em primeiro lugar, o que eu mesmo recebera” (I Co 15,3). A morte de Cristo, o enterro, a ressurreição. Tudo foi conforme as escrituras, um testemunho profético em que a palavra divina precede a realidade histórica. Mas as aparições, o testemunho, são atos de tradição que todos proclamam e no que os de Corinto acreditam porque têm fé (idem 11).

Pe. Ignácio, dos padres Escolápios

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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