Folia de Reis: Mais do que folclore, uma manifestação da religiosidade popular

Após o Natal, por diversas cidades do Brasil vários grupos de Folia de Reis saem batendo de porta em porta, cantando, levando a alegria pela Boa Nova do nascimento do Senhor e recordando a visita dos reis magos ao Menino Jesus. Trata-se de uma tradição que, mais do que parte do folclore nacional, é uma grande demonstração da religiosidade popular. Também é conhecida como Festa dos Santos Reis.

A Folia de Reis costuma ter início logo após a celebração do nascimento de Jesus e segue até o dia 6 de janeiro, quando a Igreja celebra a solenidade da Epifania (manifestação) do Senhor. No Brasil, quando esta data cai durante a semana, a celebração é transferida para o domingo, assim, neste ano será celebrada hoje, 8 de janeiro.

Esta é uma festa tradicional trazida pelos colonizadores portugueses no século XVIII e que ainda se mantém viva em diversas cidades e estes tradicionais grupos podem receber também outros nomes como Terno de Reis ou Reisado.

Conforme recordou o bispo emérito de Bauru (SP), dom Caetano Ferrari, em um artigo por ocasião desta celebração em 2018, “as folias são festejos populares de tradição religiosa existente entre nós, sobretudo no interior”.

“Revestem-se de grande beleza, com músicas, cantos, orações, recitação dos Evangelhos, especialmente das passagens que relatam o nascimento de Jesus, em Belém, desde o anúncio do anjo Gabriel, passando naturalmente pela vinda dos Reis Magos, a fuga da Sagrada Família ao Egito e a sua volta do exílio e a infância de Jesus”, afirmou.

A Folia de Reis reúne cantadores e instrumentistas, usando suas roupas coloridas e com a tradicional bandeira que identifica o grupo. Eles percorrem as ruas, como uma forma de remeter ao percurso feito pelos magos até encontrarem o Menino Jesus.

Ao pararem nas casas, estes grupos costumam se apresentar em torno do presépio, cantando canções em louvor a Jesus e aos santos reis.

“As folias caminham de casa em casa, fazendas, vilas, bairros, convidando os fiéis a descobrirem a estrela da graça que leva a Deus como o fizeram os Reis do Oriente”, disse dom Ferrari.

Por sua vez, em um artigo de 2016 no qual aborda a origem e tradição do Dia de Santos Reis, o professor e coordenador do Curso de Jornalismo na Faculdade Canção Nova, João Rangel, explicou que a Folia de Reis conta com diferentes figuras que formam o grupo, sendo o líder o Capitão, que carrega a Bandeira.

Há outros membros cantam e tocam seus instrumentos musicais, como violas, violões, caixas, pandeiros, também enfeitados com fitas e tecidos coloridos. O grupo ainda é antecedido pelo palhaço, com suas roupas coloridas, máscara e uma espada ou varinha de madeira. “É ele o responsável por abrir passagem para a Folia”, conta o artigo.

Em relação a este último, dom Ferrari afirmou que há também um significado específico, pois os palhaços “distraem os carrancudos soldados de Herodes, para facilitar a fuga da Sagrada Família ao Egito”.

Outro elemento que demonstra a religiosidade da Folia, conforme disse Rangel, são as cores, pois cada uma “possui o seu próprio simbolismo”. Assim, “rosa, amarelo e azul, podem representar a Virgem Maria; branco e vermelho, o Espírito Santo”.

Ainda segundo a tradição popular, o Dia dos Santos Reis é considerado pelos fiéis como a data para desmontar suas árvores de Natal e o presépio.

Segundoo calendário litúrgico da Igreja Católica Romana, o tempo do Natal tem início na véspera da solenidade do Natal de Nosso Senhor e continua até o primeiro domingo depois da festa da Epifania, no começo de janeiro. Durante este período são celebradas pela Igreja as festas da Apresentação do Senhor, da Sagrada Família, de Santa Maria Mãe de Deus, da Epifania e do Batismo de Jesus.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/folia-de-reis-mais-do-que-folclore-uma-manifestacao-da-religiosidade-popular-74450

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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