‘Experimento’ da missa tradicional falhou e deve-se voltar ao Vaticano II, diz chefe da liturgia de Roma

Segundo o ACI Digital (18/11/2021), o responsável da Santa Sé para a liturgia, arcebispo Arthur Roche, disse que o papa Francisco publicou o motu proprio Traditionis custodes, que restringe a celebração da missa tradicional, porque o esforço de reconciliar a Sociedade de São Pio X “não foi totalmente bem-sucedida” e é preciso “voltar” ao que o Vaticano II exige da Igreja.

Em entrevista a um canal de televisão suíço, transmitida em 14 de novembro, o arcebispo Roche, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, disse que “a forma normal da celebração do Rito Romano se encontra naqueles documentos que foram publicados a partir do Concílio Vaticano II”.

A criação da Comissão Ecclesia Dei por parte de João Paulo II e a publicação do motu proprio Summorum Pontificum por Bento XVI “foram feitos com o fim de encorajar os Lefebvristas, sobretudo, a voltar à unidade com a Igreja”, continuou Roche, referindo-se à Sociedade de São Pio X pelo nome de seu fundador, o arcebispo Marcel Lefebvre.

“O que a Traditionis custodes está dizendo claramente é: OK, esta experiência não foi totalmente bem-sucedida. Portanto, voltemos ao que o Concílio exigiu da Igreja”, disse o.

Emitido com efeitos imediatos em 16 de julho, o motu proprio do papa Francisco Traditionis custodes (Guardiães da tradição) estabelece que é “competência exclusiva” de cada bispo autorizar ou não a celebração da missa na forma anterior à reforma do Concílio Vaticano II.

Em uma carta aos bispos do mundo explicando sua decisão, o papa disse se sentir compelido a agir porque o uso do missal de 1962 era “frequentemente caracterizado por uma rejeição não só da reforma litúrgica, mas do próprio Concílio Vaticano II, alegando, com afirmações infundadas e insustentáveis, que ele traía a Tradição e a ‘verdadeira Igreja'”.

Traditionis custodes revogou Summorum pontificum, carta apostólica do papa Bento XVI, de 2007, que dava o direito de todos os padres de rezar a missa tradicional.

O papa João Paulo II escreveu a carta apostólica Ecclesia Dei em 1988, depois que Lefebvre ordenou quatro bispos sem a permissão da Santa Sé, incorrendo em um cisma. Lefebvre, que viveu em Écône, Suíça, foi excomungado junto com os quatro bispos e morreu excomungado.

Bento XVI suspendeu a excomunhão dos quatro bispos ilegitimamente consagrados em 2009, anos após a morte de Lefebvre, como parte de sua tentativa de trazer a sociedade de volta à plena unidade com a Igreja Católica. A Sociedade São Pio X continua a ter um status canonicamente irregular.

Em seus comentários ao programa de televisão suíço, Roche disse que a reforma litúrgica era desejada pela maioria dos bispos presentes no Concílio Vaticano II, que ocorreu em Roma entre os anos de 1962 e 1965.

“E temos que lembrar que não era a vontade do papa. Era a vontade da grande maioria dos bispos da Igreja Católica, que estavam reunidos no 21º Concílio Ecumênico, guiando o papa em relação ao futuro”, disse o arcebispo.

O arcebispo inglês de 71 anos acrescentou: “O que foi produzido em 1570 foi inteiramente apropriado para a época. O que é produzido nesta época também é inteiramente apropriado para a época”.

O ano de 1570 foi quando o Papa Pio V emitiu a Constituição Apostólica Quo primum, tornando obrigatório o uso do Missal Romano revisado em toda a Igreja Ocidental, com algumas exceções e oficializou a determinação no Concílio de Trento, do qual deriva o termo “Tridentina”.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/experimento-da-missa-tradicional-falhou-e-deve-se-voltar-ao-vaticano-ii-diz-chefe-da-liturgia-de-roma-15970

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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