“Evangeliza mais quem reza sem falar do que quem fala sem rezar”, diz Padre Cantalamessa

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 09-12-2011, Gaudium Press) Em sua segunda pregação do Advento, hoje de manhã, na Capela Redemptoris Mater, o pregador da Casa Pontifícia, Padre Raniero Cantalamessa, pediu que se comece a segunda onda de evangelização da qual se tem muita necessidade na Europa. “A evangelização deve partir da oração profunda. Os grandes desertos de hoje são as grandes cidades secularizadas”, disse.

Para confirmar suas palavras, o pregador fez o percurso da história europeia do tempo das invasões bárbaras que colocaram uma sombra sobre a Europa, mas que, ao mesmo tempo, abriram “um vasto campo de missão, muito desenvolvido pelos mosteiros que tinham se tornado uma luz de evangelização no continente”.
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Padre Cantalamessa afirmou que ” a evangelização deve partir da oração profunda”

“Ali, o cristianismo”, observou Padre Cantalamessa, “tinha diante de si um mundo culto, organizado, com disposições, leis, das linguagens comuns; tinha, em suma, uma cultura com a qual dialogar e com a qual confrontar-se. Agora deve fazer, ao mesmo tempo, obra de civilização e de evangelização; deve ensinar a ler e escrever, enquanto ensina a doutrina cristã. Conforme o sacerdote, a inculturação se apresentava sob uma forma toda nova, na atualidade.

Analogias com nossos dias
Neste ponto, o pregador da Casa Pontifícia ressaltou uma certa analogia entre os grandes movimentos migratórios do passado e os atuais. A diferença, porém, segundo o sacerdote, “é que hoje não chegam na Europa povos pagãos ou heréticos cristãos, mas com frequência povos que possuem uma religião bem constituída e consciente de si própria”. “O fato novo é portanto o diálogo que não se opõe à evangelização, mas determina o estilo dela”, disse.

Uma certa analogia está também no contexto da oração, segundo Padre Cantalamessa. “Os grandes monges que reevangelizaram a Europa depois das invações bárbaras eram homens saídos do silêncio da contemplação e que se manifestavam somente quando as circunstâncias o permitiam”, declarou. Por isso, conforme ele, “não basta somente a oração para os missionários, é preciso também a oração dos missionários”.

Hoje, segundo o sacerdote, no entanto, existe o perigo de “um ativismo febril e vazio”, de quem esquece o “contato com a fonte da palavra”. Padre Cantalamessa comparou os pregadores que pregam sem rezar a uma equipe de bombeiros que vai trabalhar sem tanques de água. Por isso, conforme ele, “faz mais evangelização quem reza sem falar do que quem fala sem rezar”.

A Virgem Maria
Padre Cantalamessa afirmou também que o modelo perfeito que trouxe Cristo foi a Virgem Maria. “Ela trazia a Palavra no seu ventre, não na sua boca. Era plena, também fisicamente, de Cristo e o irradiava somente com a sua presença. Jesus lhe saía dos olhos, do rosto, de toda a sua pessoa. Quando alguém se perfuma, não precisa dizê-lo, basta estar perto dessa pessoa para que percebamos e Maria, especialmente no tempo em que o trazia no ventre, era plena do perfume de Cristo”, concluiu o pregador.

 

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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