Europa precisa de fraternidade, diz papa Francisco na Eslováquia

Segundo o ACI Digital (13/09/2021), o papa Francisco fez um apelo à fraternidade na Europa. Durante o encontro nesta segunda-feira, 13, com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático no jardim do palácio presidencial de Bratislava, durante sua viagem apostólica à Eslováquia, Francisco encorajou a olhar para a história eslovaca como exemplo de caminho de fraternidade.

O papa afirmou que a história “convida a Eslováquia a ser uma mensagem de paz no coração da Europa. Assim o sugere a grande faixa azul da vossa bandeira, que simboliza a fraternidade com os povos eslavos”.

“Precisamos de fraternidade para promover uma integração de que há cada vez mais necessidade. Sente-se a sua urgência atualmente, num momento em que, depois de meses muito duros de pandemia, se prognostica, embora com muitas dificuldades, o tão almejado recomeço econômico, favorecido pelos planos de reforma da União Europeia”, afirmou ele.

Francisco disse que, apesar das lições aprendidas durante a pandemia do coronavírus, “pode-se correr o risco de se deixar levar pela pressa e a sedução do lucro, gerando uma euforia passageira que, em vez de unir, divide”.

O papa afirmou que “a mera recuperação econômica não é suficiente. Enquanto em várias frentes continuam as lutas pela supremacia, que este país reafirme a sua mensagem de integração e paz, e a Europa se destaque por uma solidariedade que, ultrapassando as suas fronteiras, possa colocá-la de novo no centro da história”.

“A história eslovaca está indelevelmente marcada pela fé”, disse ele. Francisco pediu ao povo eslovaco “que esta vocação à fraternidade nunca desapareça dos vossos corações, mas acompanhe sempre a estupenda autenticidade que vos caracteriza. Sabeis reservar grande atenção à hospitalidade”.

O papa falou das “típicas expressões da hospitalidade eslava, que oferece aos visitantes o pão e o sal”. Ele aprofundou o significado desses dois dons, tão presentes no Evangelho, e explicou como a fraternidade pode guiar os passos dos povos da Europa. “O pão, escolhido por Deus para se tornar presente entre nós, é essencial”, afirmou o papa. “A Escritura convida a não o acumular, mas a partilhá-lo. O pão de que fala o evangelho é sempre partido” e, dessa forma, “o pão, cuja fração evoca a fragilidade, convida-nos de forma particular a cuidar dos mais frágeis. Que ninguém seja estigmatizado ou discriminado. O olhar cristão não vê, nos mais frágeis, um peso ou um problema, mas irmãos e irmãs que devem ser acompanhados e defendidos”, disse o papa.

“O pão partido e equitativamente partilhado recorda a importância da justiça, de dar a cada um a oportunidade para se realizar”, acrescentou.

Além disso, “o pão aparece inseparavelmente ligado a um adjetivo: cotidiano. O pão de cada dia é o trabalho, que ocupa a maior parte da jornada. Assim como não há nutrição sem pão, também não há dignidade sem trabalho”.

Quanto ao sal, Francisco recordou as palavras de Cristo: “«Vós sois o sal da terra» (Mt 5, 13). O primeiro símbolo que Jesus usa, ao ensinar os seus discípulos, é o sal”. O sal, “antes de mais nada, dá sabor aos alimentos, levando a pensar naquele sabor sem o qual a vida permanece insípida”.

De forma semelhante, “não bastam estruturas organizadas e eficientes para tornar boa a convivência humana, é preciso sabor, o sabor da solidariedade. E como o sal só dá sabor dissolvendo-se, também a sociedade readquire sabor através da generosidade gratuita de quem se gasta pelos outros”, explicou o papa.

“Muitos, demasiados, na Europa arrastam-se cansados e frustrados pelo estresse dos ritmos de vida frenéticos e sem saber onde beber motivações e esperança. O ingrediente que falta é cuidar dos outros”, o cuidado da vida fraterna, disse Francisco.

Na época de Cristo, lembrou o papa, “o sal, além de dar sabor, servia para conservar os alimentos, não os deixando deteriorar. Oxalá nunca permitais que os fragrantes sabores das vossas melhores tradições sejam estragados pela superficialidade do consumo e do lucro material; e, muito menos, pelas colonizações ideológicas”.

Nesse ponto, Francisco recordou o sofrimento causado pelo comunismo no país: “Até algumas décadas atrás, nestas terras, um pensamento único impedia a liberdade; hoje, outro pensamento único esvazia-a de sentido, reduzindo o progresso ao lucro e os direitos a meras carências individualistas”, disse ele.

“Hoje, como então, o sal da fé não é uma resposta segundo o mundo, não reside no ardor de empreender guerras culturais, mas na sementeira calma e paciente do Reino de Deus, a começar pelo testemunho de caridade”, completou.

O papa citou também a Constituição eslovaca para mencionar “o anseio de construir o país sobre a herança dos santos Cirilo e Metódio, padroeiros da Europa. Sem imposições nem constrangimentos, eles fecundaram a cultura com o Evangelho gerando benéficos processos”.

“Os santos Cirilo e Metódio mostraram que preservar o bem não significa repetir o passado, mas abrir-se ao novo sem se desenraizar”, disse o papa.

“Entretanto a pandemia é a provação do nosso tempo. Ensinou-nos como é fácil, mesmo encontrando-se em igual situação, separar-nos e cada qual pensar apenas em si mesmo. Em vez disso, recomecemos por reconhecer que somos todos frágeis e necessitados dos outros”, concluiu Francisco.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/europa-precisa-de-fraternidade-diz-papa-francisco-na-eslovaquia-52166

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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