Esta é a proposta do Papa para enfrentar a crise de identidade sacerdotal

Segundo o ACI (05/09/2019), o Papa Francisco convidou os sacerdotes a experimentarem o “saudável cansaço” causado pela proximidade aos fiéis.

Em um discurso sobre a crise da identidade sacerdotal e como enfrenta-la, pronunciado aos bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, consagrados, seminaristas, catequistas e animadores pastorais de Moçambique, nesta quinta-feira, 5 de setembro, segundo dia de sua viagem pastoral à África, que também o levará a Madagascar e Maurício, na Catedral da Imaculada Conceição, o Santo Padre enfatizou que “a proximidade cansa”.

“A proximidade ao santo povo de Deus sempre cansa” e, portanto, “é belo encontrar sacerdotes, uma irmã, um catequista que se cansa com a proximidade”.

“Oxalá encontremos, neste saudável cansaço, a fonte da nossa identidade e felicidade! A proximidade cansa. Este cansaço é a santidade”.

Depois de ouvir os testemunhos de um sacerdote, uma religiosa e um catequista, o Papa Francisco explicou que, para enfrentar a crise da identidade sacerdotal, “talvez tenhamos que sair dos lugares importantes e solenes; temos de voltar aos lugares onde fomos chamados, onde era evidente que a iniciativa e o poder eram de Deus”.

“Às vezes sem querer, sem culpa moral, habituamo-nos a identificar a nossa atividade cotidiana de sacerdotes com certos ritos, com reuniões e colóquios, onde o lugar que ocupamos na reunião, na mesa ou na aula é de hierarquia”.

Nesse sentido, pediu aos sacerdotes para não lamentarem os tempos passados, porque nesse lamento “vamo-nos petrificando. Vamos nos mumificando. Não é uma boa coisa um Bispo, um sacerdote, inclusive um catequista mumificado. Não, não é bom. Em vez de professar uma Boa Nova, o que anunciamos é algo cinzento que não atrai nem inflama o coração de ninguém”.

Em sua resposta aos testemunhos, o Papa repetiu algumas das frases de sua homilia durante a Missa Crismal de 17 de abril de 2014 e observou: “Creio não exagerar se dissermos que o sacerdote é uma pessoa muito pequena: a grandeza incomensurável do dom que nos é dado para o ministério relega-nos entre os menores dos homens”.

“O sacerdote é o mais pobre dos homens, se Jesus não o enriquece com a sua pobreza; é o servo mais inútil, se Jesus não o trata como amigo; é o mais louco dos homens, se Jesus não o instrui pacientemente como fez com Pedro; o mais indefeso dos cristãos, se o Bom Pastor não o fortifica no meio do rebanho”.

“Não há ninguém menor que um sacerdote deixado meramente às suas forças; por isso, a nossa oração de defesa contra toda a cilada do Maligno é a oração da nossa Mãe: sou sacerdote, porque Ele olhou com bondade para a minha pequenez”.

Por isso, “voltar a Nazaré pode ser o caminho para enfrentar a crise de identidade, para nos renovarmos como pastores-discípulos missionários”.

“Renovar o chamado passa, muitas vezes, por verificar se os nossos cansaços e preocupações têm a ver com um certo ‘mundanismo espiritual’”,

O Papa insistiu: “Renovar o chamado passa por optar, dizer sim e cansar-nos com aquilo que é fecundo aos olhos de Deus, que torna presente, encarna o seu Filho Jesus. Oxalá encontremos, neste saudável cansaço, a fonte da nossa identidade e felicidade!”.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/esta-e-a-proposta-do-papa-para-enfrentar-a-crise-de-identidade-sacerdotal-79478

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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